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O jornal Folha de S. Paulo publicou no final de semana (sábado e domingo) matérias sobre a Alcântara Cyclone Space (ACS) e a questão dos quilombolas no Maranhão: "Plano brasileiro de lançar foguete enfrenta atraso"; "Empresa binacional aposta em lançamento barateiro de satélite"; e "Projeto espacial esbarra em comunidades quilombolas no MA".
As reportagens abordaram pontos interessantes sobre a ACS e o seu mercado pretendido, ouvindo, inclusive, especialistas. Alguns destes pontos merecem comentários.
Mercado de satélites
De fato, como afirmou Carlos Ganem, Presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB) numa das reportagens, existe uma tendência de crescimento em satélites de pequeno porte, o que, inclusive, já foi abordado aqui no blog no passado (vejam a postagem "Mercado mundial de satélites entre 2009-2018"). Mas, esta afirmação, no contexto em que foi colocada pode levar a um entendimento incorreto. Esta tendência não necessariamente está associada a satélites geoestacionários (GEO), que é, ou ao menos foi quando do início do projeto, o mercado preferencial da ACS, mas sim a satélites de órbita baixa (LEO, sigla em inglês) e média (MEO, sigla em inglês). Não é possível de se fazer uma análise simples, mas o mercado de satélites geoestacionários - considerado o mais lucrativo para os provedores de lançamento, até por envolver muitos clientes privados, como empresas de comunicações, tende a ser majoritariamente dominado por satélites de maior porte, de 3 ou mais toneladas. A companhia norte-americana Orbital Sciences Corporation, considerada a maior fabricante de plataformas ("bus") GEO de pequeno porte nos últimos tempos tem aumentado a capacidade (e, consequentemente, a massa) de seu bus STAR. Outras iniciativas em plataformas GEO, como a plataforma Luxor, da empresa alemã OHB Systems, e o desenvolvimento pela inglesa SSTL de uma pequena plataforma de comunicações para o governo do Sri Lanka, entre outras, ainda precisam ser comercialmente provadas. A propósito desse tema, para quem se interessar, recomendamos a leitura da reportagem "Power Ranger - As small satellite demands change, Orbital Sciences slowly redefines its niche", da revista Aviation Week & Space Technology, de 7 de dezembro de 2009.
Corroborando esta possível tendência de satélites de maior potência e massa em órbitas GEO, vale citar trecho de uma entrevista com Evert Dudok, CEO da companhia europeia EADS Astrium Satellites (fabricante de satélites), publicada na edição de dezembro da revista Via Satellite (tradução livre e apressada feita pelo blog):
"Questão: quais tendências você vê em termos de capacidade dos satélites?
DUDOK: Os slots orbitais estão agora de algum modo limitados, então haverá uma necessidade importante de trazer o total de capacidade que for possível nesses slots."
Salvaguardas tecnológicas
Este ponto não foi mencionado em nenhuma das reportagens, mas dada a sua relevância para o futuro da ACS, qualquer análise precisa sobre Alcântara e suas perspectivas comerciais precisa necessariamente tratar deste tema. Para saberem mais sobre o assunto, recomendamos a leitura da postagem "Salvaguardas tecnológicas entre Brasil e EUA".
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