quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Uso de satélites em gerenciamento de catástrofes

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No 10º Congresso Latino-Americano de Satélites, realizado no Rio de Janeiro no início deste mês, Marzio Laurenti, presidente da Telespazio Brasil, fez uma apresentação sobre o uso de satélites no gerenciamento de catástrofes, com base em três pilares principais: telecomunicações, sensoriamento remoto e navegação.

O que tornou a palestra mais interessante foram as demonstrações do uso de tecnologia de satélites em casos concretos, tais como os terremotos que assolaram Guan Xian, na China, em maio de 2008, a cidade de L´áquila, na Itália, em abril de 2009, e o Haiti, em janeiro de 2010, além de inundações, alagamentos e vazamentos de petróleo.

Um dos casos concretos apresentados chama mais atenção, especialmente por ser pouco conhecido ou divulgado. Logo após o desaparecimento no Atlântico do Airbus A330 da Air France que seguia do Rio de Janeiro para Paris (voo AF 447), na madrugada de 1º de junho, a Força Aérea Brasileira (FAB) solicitou o suporte do sistema de satélites COSMO SkyMed, operado pela Telespazio, para o imageamento de área de possível queda. A solicitação foi feita por volta das 13h00 de 1º de junho, tendo sido adquiridas às 03h15 de 2 de junho um total de 5 imagens "wide region" (resolução de 30 metros). Cerca de duas horas após a aquisição das imagens pelo sistema, estas estavam disponíveis para download pela FAB via FTP. Entre a solicitação e disponibilização dos dados, transcorreram aproximadamente 18 horas.

"No caso do voo AF 447, a FAB nos contratou pela velocidade no atendimento e tamanho de cobertura da imagem. Fomos uma opção mais rápida e barata", afirma Laurenti.

Apesar de análises posteriores terem demonstrado que os rastros de óleo não tinham relação com o AF 447, os dados do COSMO SkyMed orientaram os trabalhos de busca da FAB, que na operação de resgate também empregou aeronaves Embraer R-99B, dotadas de sensores radar conceitualmente similares aos utilizados em satélites radar. Diz Laurenti: "Após a detecção desses objetos em uma das imagens radar coletada, as equipes de busca e salvamento se concentraram nessa área, e após análises com os materiais coletados, verificaram que não existia relação com o Airbus que, afinal, até hoje não conseguiram localizar".

Dados do COSMO SkyMed serão freqüentemente usados também pelo Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM). Em agosto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a Telespazio Brasil assinaram um acordo de parceria para estudos relacionados ao uso no País de imagens da constelação.
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