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Na coluna "Defesa & Negócios" da edição n.º 133 da revista Tecnologia & Defesa, que está nas bancas, há um pequeno artigo com uma análise sobre o interesse das grandes empreiteiras brasileiras pelo setor de defesa, que se estende para o setor espacial (em particular depois da edição do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais - PESE, e do projeto do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas - SGDC). Reproduzimos o artigo a seguir, com algumas atualizações obtidas após o seu fechamento no último mês de junho:
As "cinco irmãs" no setor de defesa
André M. Mileski
Nas últimas décadas, as maiores construtoras brasileiras têm tido papel de grande relevância no desenvolvimento do País, atuando não apenas na construção civil e gerenciamento de grandes obras de infraestrutura, mas também em setores considerados estratégicos, como os de energia, petróleo e gás, petroquímico, comunicações, naval e serviços públicos, entre outros. No final de 2008, com a edição da Estratégia Nacional de Defesa (END), as perspectivas de grandes investimentos governamentais nas áreas de defesa e segurança e o desejo do governo em fomentar a criação de grandes atores industriais, as principais delas, como a Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS e Queiroz Galvão (conhecidas como “as cinco irmãs”), passaram a olhar atentamente o setor. A seguir uma breve análise sobre as movimentações de cada um destes grupos.
Odebrecht
O primeiro grande grupo a estruturar seus negócios no setor foi a Odebrecht que, em janeiro de 2009, se associou à DCNS, da França, para a constituição de uma joint-venture para a construção de um estaleiro e submarinos para a Marinha do Brasil (MB), no âmbito do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB). Desde então, o grupo passou a analisar diversas oportunidades, inclusive de aquisições e parcerias. Em maio de 2010, juntou-se à Cassidian (então EADS Defence & Security) para projetos de monitoramento de fronteiras, dentre os quais o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), do Exército Brasileiro. A parceria com a Cassidian foi dissolvida no início deste ano. Em março de 2011, adquiriu a "missile house" brasileira Mectron e nos últimos anos também manteve conversações visando à aquisição da Avibras e Opto Eletrônica. [Nota do blog: diversas empresas e grupos nacionais e estrangeiros, inclusive a Odebrecht, continuam análises e conversações visando a aquisição da Opto]
Em outubro de 2012, a Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT) - divisão que reúne todos os negócios do grupo no setor de defesa, firmou com a estatal Russian Technologies State Corporation um memorando de entendimentos visando à formação de uma joint venture para projetos militares, tais como a fabricação no País de helicópteros Mi-17, e sistemas de defesa aérea, onde há negociações em andamento com o Ministério da Defesa para a aquisição e produção local de sistemas de mísseis, iniciativa que deverá contar com a participação da Mectron. Especula-se que a ODT vá também participar do projeto do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), envolvendo-se com a infraestrutura terrestre.
[Nota do blog: após a publicação desta pequena reportagem, T&D / blog Panorama Espacial receberam a informação, ainda não confirmada, de que a Odebrecht também estaria interessada no segmento de lançadores, em associação com a italiana Avio. Faremos uma análise específica sobre as perspectivas em lançadores muito em breve. Adicionalmente, vale citar que a ODT foi uma das 69 empresas pré-selecionadas no programa Inova Aerodefesa]
Andrade Gutierrez
A Andrade Gutierrez tem apostado suas fichas em defesa associada ao grupo francês Thales, formalizada no início de 2012, por meio da constituição de uma empresa estratégica de defesa, controlada pela Andrade Gutierrez (60%), cujo objetivo foi o de “somar competências para atuar em determinados projetos no setor de defesa e segurança, oferecendo soluções para o desenvolvimento e gestão de sistemas complexos de monitoramento e comunicação civis e militares para determinados projetos.” Desde então, o grupo tem participado de concorrências em programas complexos, como o SISFRON, e também tem demonstrado interesse em outras iniciativas, como comunicações. Na LAAD 2013, realizada em abril, apresentou soluções desenvolvidas pela Veotex, uma de suas empresas controladas, que atua nos segmentos de monitoramento eletrônico integrado de imagens, vídeo alarme e controle de acessos.
[Nota do blog: a Andrade Gutierrez tem estado próxima da Embraer, e comenta-se que será a responsável pelas obras civis associadas ao SISFRON. A Andrade Gutierrez Defesa e Segurança foi também uma das empresas pré-selecionadas no programa Inova Aerodefesa]
Camargo Corrêa
De todas as grandes, a Camargo Corrêa é a menos envolvida, o que não significa dizer que não tenha interesses na área. Nos bastidores, é eventualmente citada como candidata a se envolver no Programa de Obtenção de Meios de Superfície (PROSUPER), da MB, o que poderia se dar por meio do estaleiro Atlântico Sul, uma das maiores empresas de construção naval da América do Sul, da qual detém importante participação societária. O setor espacial, em particular a área de lançadores, também está no radar do grupo industrial paulista.
OAS
A construtora baiana OAS recentemente constituiu uma empresa para iniciativas em defesa e segurança, a OAS Defesa S/A, criada com o intuito de desenvolver e oferecer soluções operacionais nesses segmentos. A empresa se associou à Rafael, de Israel, para a apresentação de proposta de implementação do Sistema de Coordenação de Operações Terrestres Interagências (SisCoti), que integra o Projeto Proteger, do Exército Brasileiro (ver T&D nº 132). Em 2012, na concorrência para a primeira fase do SISFRON, a OAS apresentou proposta associada à Selex, do grupo italiano Finmeccanica.
[Nota do blog: a OAS Defesa também foi pré-selecionada no programa Inova Aerodefesa]
Queiroz Galvão
Na concorrência para a primeira fase do SISFRON, a Queiroz Galvão fez parte do consórcio Fronteiras, em conjunto com a Flight Technologies e o grupo norte-americano Northrop Grumman. Bastante discreta, em outubro de 2012 assinou uma carta de intenções com o grupo Safran (proprietário da SNECMA, Turbomeca, Sagem, entre outras empresas do segmento aeroespacial e de defesa), para projetos não revelados. O grupo pernambucano é também sócio da Camargo Corrêa no estaleiro Atlântico Sul.
[Nota do blog: a Queiroz Galvão Tecnologia em Defesa e Segurança também foi pré-selecionada no programa Inova Aerodefesa]
Fonte: Tecnologia & Defesa n.º 133, julho de 2013.
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