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Na última semana, Tecnologia & Defesa / Blog Panorama Espacial esteve em Porto Alegre (RS), na sede da AEL Sistemas e se encontrou com Marcos Arend, Diretor de Tecnologia, para conhecer um pouco mais sobre a proposta de desenvolvimento do Microssatélite Militar Multimissão (MMM), apresentada pela companhia gaúcha em conjunto com outras empresas e universidades do Rio Grande do Sul, no âmbito do Programa Inova Aerodefesa, da Finep, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Ministério da Defesa e Agência Espacial Brasileira. Esta é também uma das primeiras iniciativas do Polo Tecnológico de Sistemas Espaciais do Rio Grande do Sul, criado no final de abril, e que conta com importante apoio do governo estadual local.
A proposta foi elaborada tendo em vista a chamada do Inova Aerodefesa para plataformas de pequeno porte, levando-se ainda em consideração o crescimento do uso de pequenos satélites para aplicações no setor de defesa, e a possibilidade do desenvolvimento de uma solução que não seja classificada como COTS (commercial off-the-shelf) para atender o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), do Ministério da Defesa, e a integração de capacitações espaciais disponíveis no Rio Grande do Sul, tanto de empresas como universidades. Além dos recursos do programa da Finep, o projeto deve demandar ainda investimentos adicionais das próprias empresas e de linhas de fomento do governo estadual. A proposta está em análise e a divulgação da primeira seleção deve acontecer no próximo dia 22.
Caso aprovado, o primeiro passo do MMM envolveria o desenvolvimento de uma pequena plataforma para colocação em órbita em 2015, muito provavelmente no primeiro voo do lançador Cyclone 4, decolando do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. Esta primeira missão, denominada MMM-1, teria cerca de 20 kg de massa e contaria com desenvolvimentos da AEL Sistemas em matéria de sistemas de suprimento de energia - hoje uma de suas especialidades no campo espacial, plataforma e sistemas de controle. À Digicon, com sede em Gravataí (RS), caberia o fornecimento da parte estrutural e integração dos painéis solares, além de todo o mecanismo de deployment das antenas, representando o seu retorno ao setor espacial, uma vez que nas décadas de oitenta e noventa participou dos projetos dos satélites SCD e da primeira geração do CBERS. A companhia ucraniana Yuzhnoye, com planos de em breve se instalar no Brasil, contribuiria com consultoria e suporte educacional. Note-se que, muito embora a AEL Sistemas seja controlada pelo grupo israelense Elbit Systems, sua capacitação em tecnologia espacial é local, independente da controladora.
Três universidades também integram o projeto: a UFRGS, que deve contribuir com sua capacitação em análise de radiação para componentes eletrônicos; a PUCRS, que tem grande expertise em radiofrequência, comunicações e transpônderes digitais; e a UNISINOS, participando com suas habilidades em microeletrônica, em particular, conhecimentos da tecnologia MEMS (Micro-Electro-Mechanical Systems), que seriam aplicados no desenvolvimento de um propulsor elétrico. A UNISINOS, aliás, tem colaborado com institutos da Coréia do Sul e da Suíça em pesquisas e projetos desta tecnologia.
O MMM-1 disporia de uma plataforma básica, com controle de atitude passivo, sem controle de órbita, destinado a operar a uma altitude de 700 km. Ainda não há definição sobre qual seria a sua carga útil, e a decisão ficaria sob a responsabilidade do Ministério da Defesa. Mas, dentre as alternativas possíveis, estaria um dispositivo SIGINT (sigla em inglês para inteligência de sinais), o que permitiria, inclusive, a criação de uma doutrina no emprego desta capacidade pelas Forças Armadas brasileiras.
Passo seguinte do projeto MMM seria dado com um segundo modelo, o MMM-2, com massa total próxima de 30 kg, não classificado como COTS. Este modelo já contaria com controle de atitude, sendo que o próximo modelo, o MMM-3 com propulsão elétrica baseada na tecnologia MEMS.
A AEL Sistemas no setor espacial
A AEL Sistemas possui 20 anos de experiência no campo espacial, tendo desenvolvido e produzido diversos equipamentos eletrônicos para satélites brasileiros, em particular, sistemas de suprimento de energia. A empresa também participa do Projeto SIA - Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial, no desenvolvimento, produção e testes do computador de bordo (OBC).
Mais informações e detalhes sobre o MMM, o Polo Espacial do RS e a indústria espacial no sul do país estarão em reportagem espacial na edição de setembro de Tecnologia & Defesa.
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