Mostrando postagens com marcador Tecnologia e Defesa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Tecnologia e Defesa. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Tecnologia & Defesa n.º 147

. 

Já está disponível para venda a edição n.º 147 da revista Tecnologia & Defesa, a mais tradicional publicação sobre os setores aeroespacial e de defesa na América Latina. A seção de espaço deste número traz dois conteúdos especiais: a reportagem "Visiona se prepara para o futuro", preparada com base numa entrevista com Eduardo Bonini, presidente da Visiona; e um artigo-entrevista com Carlos Gurgel, diretor de Satélites da Agencia Espacial Brasileira, que se despedirá da instituição no início de 2017.

Alem do conteúdo "espacial", a seguir alguns dos destaques deste número, disponível para venda no website de T&D:

- ProSub: como anda o programa
- O novo Cascavel: um demonstrador de conceitos e soluções
- Conhecendo a Seagull, de Israel, uma embarcação não tripulada para Guerra de Minas e a importância desta tarefa para a Marinha do Brasil
- Voamos o Grob G120TP para conhecer a proposta alemã para a formação dos pilotos na AFA
- Operações da ARP Hermes 450 contra o narcotráfico
- Coluna Defesa & Negócios: entrevista com Henrique Gomes, da IAI do Brasil
- E muito mais!
.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Tecnologia & Defesa n.º 146

. 

Já está disponível para venda a edição n.º 146 da revista Tecnologia & Defesa, a mais tradicional publicação sobre os setores aeroespacial e de defesa na América Latina. A seção de espaço deste número traz dois conteúdos especiais: um artigo sobre as aplicações de cube e nanosats no Brasil e no mundo nos últimos anos, assinado pelo especialista Otávio Durão, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e um texto de autoria de André M. Mileski com um panorama dos programas de satélites de observação na América do Sul, abordando os principais projetos e planos de Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Peru e Venezuela.

Alem do conteúdo "espacial", a seguir alguns dos destaques deste número, disponível para venda no website de T&D:

- 100 anos da Aviação da Marinha do Brasil (MB)
- A Defesa Aérea nos Jogos Rio 2016
- Entrevista com o Comandante da Força Aeronaval da MB
- Operação Panamax 2016: proteção do Canal do Panamá
- Coluna Defesa e Negócios
- E muito mais!
.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Tecnologia & Defesa n.º 145



No meio de junho, durante a feira Eurosatory, em Paris, França, foi lançado o número 145 da revista Tecnologia & Defesa, a mais tradicional publicação sobre os setores aeroespacial e de defesa na América Latina.

A seguir, listamos os principais conteúdos deste número, disponível para venda no website de T&D:

- Carros de combate na América do Sul
- Projeto Amazônia Conectada
- SAAB apresenta o Gripen E
- CAAdEx - Excelência no Adestramento do Exercito
- A Guerra na Ucrânia - Parte 2
- Coluna Defesa e Negócios: VS-30 voando na Austrália e proposta da Akaer pela Opto
- E muito mais!
.

domingo, 10 de abril de 2016

Tecnologia & Defesa n.º 144



Foi lançado o número 144 da revista Tecnologia &Defesa, a mais tradicional publicação sobre os setores aeroespacial e de defesa na América Latina.

De conteúdo espacial, destaque para uma reportagem sobre os avanços no projeto do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), e também questões na entrevista exclusiva com o ministro da Defesa, Aldo Rebelo, sobre iniciativas no campo espacial (PESE, integração com o PNAE, SGDC).

A seguir, listamos os principais conteúdos deste número, à venda  no website da revista:

- 75 anos da Força Aérea Brasileira
- Entrevista com o Ministro da Defesa
- O Exército e a Aviação de Asas Fixas
- Projetos Estratégicos do Exército - repensando as ações
- Uma nova Guerra Fria na Ucrânia
- Programa SGDC
- Coluna Defesa e Negócios

- E muito mais!
.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Tecnologia & Defesa n.º 143

.

Já está nas bancas de todo o Brasil o número 143 da revista Tecnologia & Defesa, a mais tradicional publicação sobre os setores aeroespacial e de defesa na América Latina.

De conteúdo espacial, destaque para uma reportagem sobre a estreia da Visiona Tecnologia Espacial no setor de observação terrestre, com várias informações e detalhes sobre os serviços que serão oferecidos pela empresa.

A seguir, listamos os principais conteúdos deste número, que também está disponível para vendas no website da revista:

- A corveta "Barroso" em missão no Líbano
- Entrevista com o Comandante da Marinha do Brasil
- Corpo de Fuzileiros Navais
- Construção de corvetas: um salto tecnológico
- Futuro dos aviões da Airbus Defence and Space na América Latina
- O porta-aviões "George Washington" visita o Brasil
- Exclusivo: voando o P-8A Poseidon
- Ensaio fotográfico: UNITAS 2015
- E muito mais!
.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Tecnologia & Defesa n.º 141

.

Está chegando às bancas o número 141 da revista Tecnologia & Defesa, a mais tradicional publicação sobre os setores aeroespacial e de defesa na América Latina.

A edição traz um bom conteúdo sobre atividades espaciais, a começar pela entrevista: Eduardo Bonini, presidente da Visiona Tecnologia Espacial, falou à reportagem sobre o programa do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) e perspectivas da joint-venture para o futuro.

Há também uma extensa reportagem sobre a cooperação entre o Brasil e a França nos setores aeroespacial e de defesa, em que a temática espacial também é abordada, além de um artigo com o registro da visita do ministro da Defesa Jaques Wagner às instalações da Thales Alenia Space em Cannes para acompanhar a fabricação do SGDC.

A seguir, listamos os principais conteúdos deste número, que também está disponível para vendas no website da revista:

- Esquadrão Hórus: a operação de veículos aéreos não tripulados pela Força Aérea Brasileira
- Cooperação Brasil - França: uma longa tradição de cooperação em defesa
- Santa Maria (RS): um novo polo de defesa no Brasil
- A modernidade do Centro de Instrução de Blindados
- Entrevista com Eduardo Bonini, presidente da Visiona Tecnologia Espacial
- Coluna Defesa & Negócios
- E muito mais!
.

sábado, 25 de abril de 2015

Tecnologia & Defesa n.º 140

.

Já está nas bancas a mais recente edição da revista Tecnologia & Defesa, a mais tradicional publicação sobre os setores aeroespacial e de defesa na América Latina.

Lançado durante a LAAD Defence & Security, que aconteceu no Rio de Janeiro entre 14 e 17 de abril, o novo número traz mais de 230 páginas de conteúdo exclusivo sobre temas variados. Sempre abordando a temática espacial, a edição n.º 140 conta com reportagens sobre sensoriamento remoto por satélites radar, e um panorama sobre a empresa italiana Telespazio.

Principais conteúdos da edição:

- Exportação de material de defesa e segurança pelo Brasil
- Panorama dos Exércitos da América do Sul
- Entrevista com Jackson Schneider, presidente da Embraer Defesa e Segurança
- Fuzis militares brasileiros
- Gripen BR: as opções de armamentos
- Coluna Defesa & Negócios
- E muito mais!
.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Tecnologia & Defesa: edição sobre espaço

.

No mês de fevereiro, a revista Tecnologia & Defesa lançou um suplemento integralmente dedicado ao setor espacial, intitulado "O Brasil e as atividades espaciais", com artigos e reportagens exclusivas preparados ao longo dos últimos meses. Listamos a seguir os principais conteúdos da edição:

- Os projetos nacionais de veículos lançadores e foguetes de sondagem: história e atualidade
- Panorama da indústria espacial brasileira: perfis das principais indústrias
- Entrevista com o Brig. Carlos de Aquino, presidente da Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE)
- O programa CBERS: passado, presente e futuro
- Sensoriamento remoto por satélites radar: aplicações no Brasil

Lançado com o intuito principal de apontar as capacidades adquiridas pela indústria ao longo de décadas e também seus principais desafios, o suplemento traz ainda artigos de destacadas figuras da indústria espacial, como Eduardo Bonini, presidente da Visiona, Joel Chenet, vice-presidente da Thales Alenia Space, Célio Vaz, presidente da Orbital Engenharia, e Marcos Arend, diretor da AEL Sistemas.

Para mais informações sobre o suplemento e como adquiri-lo, clique aqui.
.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Tecnologia & Defesa n.º 139

.
Está chegando às bancas de todo o Brasil o número 139 da revista Tecnologia & Defesa, a mais tradicional publicação sobre os setores aeroespacial, de defesa e segurança pública da América Latina.

Tradicionalmente, o último número do ano da revista tem temática mais naval, mas sem deixar outros assuntos de lado. No caso do Espaço, além de uma nota sobre os preparativos para o lançamento do CBERS 4, previsto para o início de dezembro, a T&D n.º 139 conta com uma reportagem sobre as futuras naves tripuladas dos EUA. Ainda, a coluna Defesa & Negócios traz uma pequena análise sobre a restruturação da Airbus Defence and Space, que tem reflexos no Brasil, inclusive no segmento espacial.

A seguir, listamos os principais conteúdos da edição:

- Marinha do Brasil: promovendo o desenvolvimento tecnológico e industrial
- Entrevista com o diretor-geral de Material da Marinha
- Aviação Naval Brasileira: presente e futuro
- E o SisGAAz, a quantas anda?
- Testando o veículo leve Lince
- O Exército e a Copa da FIFA
- Coluna Defesa & Negócios
- E muito mais!
.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Tecnologia & Defesa n.º 138

.

Já se encontra nas bancas de todo o Brasil o número 138 da revista Tecnologia & Defesa, a mais tradicional publicação sobre os setores aeroespacial, de defesa e segurança pública da América Latina.

Esta edição traz mais uma vez reportagens com temáticas espaciais, como uma matéria exclusiva sobre o projeto do SCD-HIDRO, da Agência Espacial Brasileira e Agência Nacional de Águas, além de uma entrevista com Mario Stefani, diretor da Opto Eletrônica, abordando as dificuldades de se fazer negócios no País.

Abaixo, listamos os principais conteúdos da edição:

- O Adelphi e o A-1M, da Força Aérea Brasileira
- O USS America vista o Brasil (com voo exclusivo no V-22 Osprey)
- Uma nova artilharia para o Exército Brasileiro
- Panorama sobre o grupo espanhol Indra
- Mostra BID Brasil 2014
- Coluna Defesa & Negócios
- E muito mais!
.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

"Satélite meteorológico: um próximo passo"

.
Satélite meteorológico: um próximo passo

Após contratar um satélite de comunicações, o Brasil começa agora a planejar uma missão meteorológica própria

André M. Mileski

Em qualquer apresentação sobre a importância da exploração espacial para a Humanidade, é quase certo que os satélites meteorológicos venham a ser mencionados como um dos grandes benefícios gerados a partir do espaço. Afinal, seus dados são hoje largamente usados para uma imensa variedade de aplicações, do cotidiano a questões de forte cunho comercial e estratégico, como no planejamento, estimativa e controle de safras, prevenção a desastres naturais, rotas aéreas, missões militares, apenas para citar algumas.

Não faltam exemplos da importância da meteorologia para as atividades atuais. No teatro militar, um caso conhecido, que demonstra o risco oferecido pela não autonomia na geração de seus próprios dados a partir do espaço, aconteceu no Atlântico Sul, durante a Guerra das Falklands/Malvinas, em 1982. Um dos satélites geoestacionários da série GOES, operados pelos Estados Unidos, foi reposicionado, causando prejuízos no fornecimento de imagens utilizadas para as previsões brasileiras ao longo de um período de dois meses.

A história recente também tem outros casos envolvendo a América do Sul. Em 2010, o Brasil se viu novamente em cheque. Com a desativação do satélite norte-americano GOES-10, operado pela Administração Nacional do Oceano e Atmosfera (NOAA), as imagens do subcontinente, antes produzidas a cada 15 minutos, passaram a ser geradas a cada 30 minutos por seu sucessor, o GOES-12. Eventualmente, por necessidades internas dos Estados Unidos para o monitoramento de tornados, furacões ou tempestades severas, como aconteceu em 2005 com o furacão Katrina, em New Orleans, os satélites da série GOES podem ser reposicionados, reduzindo a frequência de imageamento de sua área inicial de cobertura.

Por um acordo internacional no âmbito da Organização Mundial de Meteorologia (WMO), da qual o Brasil faz parte, a geração e disponibilização de imagens meteorológicas por satélite no período mínimo de cada três horas está garantida, sem custos. Mas, muitas das previsões e aplicações hoje existentes para dados espaciais demandam frequências maiores de imageamento, o que coloca os países que não contam com meios próprios em relativa situação de vulnerabilidade.

A situação atual

Atualmente, o Brasil conta com duas instituições governamentais principais responsáveis por receber dados, processá-los e disponibilizar previsões meteorológicas para os usuários, que atuam de forma coordenada em seus propósitos: o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), com sede em Brasília (DF) e subordinado ao Ministério da Agricultura.

Para a produção de previsões, o sistema de computação do CPTEC é alimentado por informações de média resolução oriundas dos satélites estrangeiros GOES (norte-americano) e METEOSAT (europeu), da rede de dados da WMO e das redes nacionais sob a responsabilidade do INMET, além de outras fontes como sensores dos Comandos da Aeronáutica e da Marinha, entre outros.

No caso dos METEOSAT, operado pela organização intergovernamental europeia EUMETSAT, o Brasil tem acesso a seus dados, mas, em razão de suas localizações em órbita, na intersecção entre o Meridiano de Greenwich com a Linha do Equador, sobre a costa africana, suas imagens são geralmente adequadas apenas para o imageamento de fenômenos e intempéries no nordeste do País.

Os dados obtidos são então processados pelo CPTEC, em Cachoeira Paulista (SP), por meio de um supercomputador, o Tupã (trovão, na língua indígena Tupi). Instalado em dezembro de 2010 ao custo de cerca de R$50 milhões, o Tupã é um modelo XT6, da Cray, capaz de realizar 258 trilhões de cálculos por segundo, sendo considerado um dos mais poderosos do mundo para previsão de tempo e estudos em mudanças climáticas.

As informações geradas diariamente pelo CPTEC são indispensáveis para muitos setores socioeconômicos, tais como agricultura, defesa civil, geração e distribuição de energia elétrica, transporte e meio ambiente. Ainda, cabe ao CPTEC realizar o monitoramento de ocorrência de tempo severo e fornecer imagens de satélites meteorológicos e ambientais para usuários brasileiros e estrangeiros.

Um satélite próprio

De tempos em tempos, a busca brasileira por relativa autonomia no imageamento espacial para finalidades meteorológicas ganha um novo ímpeto e, de fato, uma missão geoestacionária consta formalmente da última versão do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), referente ao período de 2012 a 2021. Tratou-se da primeira versão do documento, basilar para as atividades espaciais brasileiras, que conta com uma missão geoestacionária específica de meteorologia, fato que, por si só, já indica o caráter estratégico outorgado a esta demanda.

Segundo a descrição do PNAE, a missão do Satélite Meteorológico Brasileiro (GEOMET), como é conhecida, será destinada à “produção de imagens da atmosfera terrestre a partir do espaço para gerar dados indispensáveis aos sistemas de previsão do tempo”, tendo os seguintes objetivos estratégicos: (i) tornar o País capaz obter dados e informações meteorológicas do território nacional e outras regiões da Terra, de forma autônoma; e (ii) tornar a indústria nacional tecnologicamente mais competente, inovadora e competitiva nos mercados interno e externo. Segundo o programa, o GEOMET deverá estar operacional em 2018, data alvo bastante arrojada e que muito provavelmente não será cumprida.

O documento relaciona ainda alguns dos potenciais usuários dos dados gerados pelo futuro GEOMET, como o INPE e os ministérios da Agricultura, Integração Nacional, e Defesa, revelando o caráter multiministerial adotado para a estruturação de projetos complexos, seguindo o caminho trilhado com o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), contratado no final de 2013.

“A percepção da necessidade é antiga. É uma unanimidade”, afirmou à reportagem Petrônio Noronha de Souza, diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da Agência Espacial Brasileira (AEB). No entanto, ainda que a ideia de uma missão esteja capturada no PNAE, neste momento não existe nada de muito concreto, como a definição de requisitos, do cronograma e da arquitetura industrial, passos iniciais para o lançamento de uma missão espacial. “Não está indo na velocidade que todos gostariam”, disse Souza, que citou outros projetos em andamento no Programa Espacial, que consomem recursos humanos e financeiros – ambos escassos, como o lançamento do CBERS-4, previsto para dezembro deste ano, o SGDC e o satélite de observação Amazônia-1.

Segundo o dirigente, “será um desafio na hora de desenvolver os requisitos deste satélite”, considerando-se especialmente os aspectos técnicos, como as especificações dos sensores, conciliando-se as necessidades nacionais, em busca de alguma autonomia, com a continuidade do País no âmbito da rede meteorológica internacional já existente. “Não deve haver um passo atrás”. Para superar este desafio, a Agência reunirá todas as partes interessadas, desde o governo, usuários, indústria e academia, em linha com os projetos que têm sido lançados.

Outro aspecto desafiador será a busca por alguma participação da incipiente indústria espacial brasileira, que reúne certa capacidade em determinados elementos, como em sensores de imageamento. Invariavelmente, será colocada sobre a mesa a escolha entre a transferência tecnológica e/ou a efetiva participação e capacitação industrial.

Estudo de caracterização

Apesar de o diretor da Agência reconhecer que a velocidade dos avanços do GEOMET não é a ideal, já existem algumas ações planejadas para os próximos anos. Antes da falha no lançamento do CBERS-3, na China, em dezembro de 2013, a AEB trabalhava com o plano de iniciar o chamado estudo de caracterização do GEOMET ainda em 2014. Com os esforços agora concentrados principalmente no voo do CBERS-4, o início dos estudos deve escorregar algo como um ano. “Não pode passar de 2015”, destacou.

O estudo de caracterização seria nada mais do que um primeiro passo em direção à especificação e definição da missão meteorológica, etapa precedente à definição da modelagem de contratação, possivelmente seguindo o conceito de prime contractor adotado no SGDC, em que uma empresa principal é contratada para a construção do sistema – no caso do satélite de comunicações, a Visiona Tecnologia Espacial. “No nível industrial, não se contempla possibilidade em que não haja um prime contractor”.

Em alguns pontos, o GEOMET se assemelha ao SGDC, como na modelagem industrial pretendida e no caráter multiministerial do projeto que envolve as Comunicações, Defesa e Ciência, Tecnologia e Inovação. No caso do GEOMET, o número de ministérios envolvidos será ainda maior, dada a quantidade de usuários de dados meteorológicos no governo, o que abre também maiores e melhores oportunidades para o seu financiamento. Destaque-se ainda a sua provável conexão com outras iniciativas espaciais, como o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE) (ver T&D n.º 136), que contempla missões meteorológicas de órbita polar, complementares à órbita geoestacionária, como é o caso do GEOMET. Para a sua viabilização, o Brasil também não descarta parcerias com países amigos, seguindo a estratégia adotada noutras missões espaciais, como o programa CBERS, com a China, e o SABIA-MAR, com a Argentina.

Um destes parceiros pode vir a ser a China, com quem o Brasil já colabora no campo espacial há mais de 25 anos. Em novembro de 2013, durante a Terceira Sessão Plenária da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), em Cantão, na China, um dos pontos incluídos para discussão futura na agenda de cooperação espacial para os próximos dez anos foi o desenvolvimento de um satélite geoestacionário meteorológico. À época, consultado por Tecnologia & Defesa, o presidente da AEB, José Raimundo Coelho, esclareceu que uma nova missão com os chineses estaria sujeita a discussões internas, deixando aberta a possibilidade de cooperações com outros países.

Fonte: Tecnologia & Defesa n.º 137, junho de 2014.
.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Tecnologia & Defesa nª 137


Está chegando às bancas de todo o Brasil o número 137 da revista Tecnologia & Defesa, principal publicação brasileira sobre os setores aeroespacial, de defesa e segurança pública. Como de praxe, a edição traz reportagens sobre temas espaciais: os planos nacionais para uma missão meteorológica geoestacionária, e um panorama sobre a empresa Optoeletrônica, a "optronics house" brasileira, entre outros.

Destacamos abaixo os principais conteúdos da edição:

- Blindado Guarani: finalmente operacional
- Optoeletrônica: optrônica no "estado-da-arte"
- Missão real no Afeganistão
- Sisfron: o que significa? O que vai trazer? Como está indo?
- Satélite meteorológico: um próximo passo
- Passex Mistral: Brasil e França operando na Marambaia
- Coluna Defesa & Negócios
- E muito mais!
.

domingo, 4 de maio de 2014

"O Brasil nos planos da MDA"

.
O Brasil nos planos da MDA

André M. Mileski

Uma das principais características do Canadá, facilmente notada por qualquer visitante, é seu forte caráter multinacional. Dos países desenvolvidos, é o que mais recebe imigrantes, oriundos de praticamente todas as regiões do mundo. No final de janeiro, a reportagem de T&D esteve na Califórnia, nos Estados Unidos, e em Vancouver, no Canadá, para conhecer um pouco mais sobre a MacDonald, Dettwiler and Associates (MDA), que, a exemplo de seu país de origem, também está muito alinhado ao conceito de multinacionalidades. E isso se percebe de diferentes maneiras, inclusive entre os altos executivos. O presidente do grupo, Daniel Friedmann, nasceu em Santiago do Chile. John Celli, presidente da Space Systems/Loral (SSL), adquirida pela MDA, é italiano. E não são casos isolados, havendo outros exemplos de executivos e funcionários de origem estrangeira ocupando posições importantes.

Como parte de sua missão, a MDA, com clientes em todos os continentes, está buscando se tornar mais multinacional, tendo a intenção de ampliar suas bases industriais para além do Canadá e Estados Unidos, em mercados emergentes, como o Brasil, a Rússia e a Índia.

Capacidades e tecnologias

A MDA foi fundada em 1969 por dois empreendedores, John MacDonald e Werner Dettwiler, que deram origem ao seu nome. Ao longo de sua história, a empresa realizou aquisições e consolidações, tornando-se um dos principais grupos em suas áreas e atuação no mundo. Contando com cerca de 4.500 funcionários, se identifica como uma companhia global de comunicações e informação, fornecendo soluções operacionais para organizações comerciais e governamentais. Em 2012, seu faturamento superou US$ 1,835 bilhão.

A MDA está organizada em duas divisões principais: Comunicações, e Vigilância e Inteligência (Surveillance and Intelligence), que tem sob seu guarda-chuva as atividades de vigilância baseadas em satélites e em aeronaves, estações terrestres e serviços de informação geoespacial.

As soluções envolvendo satélites, por exemplo, incluem missões radar, tecnologia em que a MDA é reconhecida como líder, como a família RADARSAT, e a expertise para o desenvolvimento e construção de satélites e constelações para necessidades em observações terrestre, como a RapidEye, e espacial. Também inclui toda a capacitação em robótica espacial, outra área em que tem grande reputação internacional - o enorme “braço” robótico que equipa a Estação Espacial Internacional, chamado de Canadarm, foi desenvolvido e fabricado pela empresa.

A série de satélites RADARSAT teve início em 1995, com a colocação em órbita de sua primeira unidade, que esteve ativa por 18 anos, e que de certa forma definiu padrões de operação de radares baseados no espaço. Em dezembro de 2007, o segundo satélite da série foi colocado em órbita e se encontra em operação, fornecendo dados para aplicações civis, comerciais e em defesa. Uma nova constelação, conhecida como RCM (RADARSAT Constellation Mission) teve sua fase de construção contratada pelo governo canadense no início de 2013 e envolverá, inicialmente, três unidades com lançamento previsto para 2018. Quando em órbita, os novos satélites proporcionarão cobertura diária das zonas costeiras da América do Norte, com modos otimizados para a detecção de navios, além de integração simultânea com dados AIS (Automatic Identification System) para operações de interdição. O Canadá já planeja uma extensão da constelação com outras três unidades, e está ativamente buscando por parceiros internacionais para ampliar ainda mais a constelação e a frequência de revisitas.

Em matéria de radares embarcados, a MDA desenvolve e projeta radares específicos e complexos para imageamento em alta resolução por meio de tecnologia radar (SAR - Synthetic Aperture Radar), e tecnologias de identificação de movimentação de alvos e outras ferramentas de detecção e identificação.

Junto ao fato de ter construído os satélites RADARSAT, a MDA é operadora, respondendo ainda pela distribuição global de suas imagens. Ao mesmo tempo, a companhia oferece serviços derivados das imagens para clientes em diferentes setores, como defesa, meteorologia, transportes, energia, mineração, petróleo e gás, etc.

Em estações terrestres para a recepção de dados de imagens, a MDA já ultrapassou 40 anos de experiência e entregou mais de 70 unidades desde 1980. Suas estações hoje recebem dados de diversos satélites, como os World View 1 e 2, Pleiades 1A e 1B, SPOT 6 e 7, a constelação RapidEye, RADARSAT-2, entre outros.

É dentro da divisão Surveillance and Intelligence que são desenvolvidas as soluções em vigilância e monitoramento marítimos, como o Polar Epsilon, em operação pelas Forças Armadas canadenses. Por meio desse sistema, o país é capaz de detectar, identificar e rastrear ameaças em potencial nos mais de 20 milhões de km2 da área marítima de sua responsabilidade. Toda esta área é imageada diariamente pelo RADARSAT-2 e, por meio de estações localizadas nas costas leste e oeste, as imagens são baixadas, processadas e analisadas, e as informações resultantes são transmitidas aos centros de operações marítimas num tempo inferior a 15 minutos. Como parte desse processo, o sistema, com intervenção dos operadores, realiza as detecções das embarcações presentes nas imagens e faz um cruzamento dessas detecções com os sinais emitidos por transpônderes AIS das embarcações, que são transmitidos por satélite. Desta forma, potenciais ameaças podem ser identificadas.

Outro produto são os centros de comando marítimo, criados para estabelecer uma Consciência Situacional Marítima, por meio da integração de diferentes sensores e fusão de dados. Ferramentas analíticas são utilizadas nesses centros para apoiar na identificação automática de ameaças e envio de alertas, permitindo ações rápidas. Elas proporcionam a detecção de ameaças quando características específicas de determinadas embarcações, obtidas de diferentes fontes, são consistentes com padrões indicativos de comportamento ilegal ou suspeito. Ainda, possibilitam buscas complexas de embarcações com base em localizações, períodos e contextos, além de preverem suas posições, rotas e destinos.

Liderança em comunicações por satélite

Em junho de 2012, a MDA deu um grande salto ao adquirir da holding Loral Space & Communications, por US$ 875 milhões, a SSL. Com a aquisição, a MDA consolidou sua presença no setor espacial, em particular, em comunicações, segmento em que já atuava quanto a cargas úteis e subsistemas, principalmente, e passou a ter uma notada presença industrial nos Estados Unidos, um mercado considerado estratégico. A origem da SSL, no entanto, remonta a 1957, quando foi fundada com o nome Western Development Laboratories, do tradicional grupo Philco. Em 1976, a SSL passou a integrar a divisão de sistemas espaciais da Ford Motors, que a vendeu para a Loral Space & Communications no início da década de 1990.

Seu primeiro satélite foi o Courier 1B, colocado em órbita em outubro de 1960, e o primeiro artefato da história a realizar uma transmissão de dados entre diferentes pontos da Terra. Por meio do Courier 1B, um globo com cerca de 230 kg, o presidente norte-americano à época, Dwight Eisenhower transmitiu uma mensagem às Nações Unidas.

Hoje, a SSL responde por cerca de metade do faturamento da MDA, ocupando a liderança no segmento de satélites comerciais de comunicações. Neste mercado, desde 2005, a companhia fechou mais de 50 contratos, representando cerca de 40% do total de encomendas para satélites geoestacionários comerciais com potência superior a 8 kW. Seus números, em geral, impressionam. Os clientes incluem as principais operadoras, e mais de 70 satélites geoestacionários que saíram de suas instalações em Palo Alto estão em operação em órbita. Desde o seu surgimento, a SSL construiu mais de 250 satélites, contando com uma carteira de pedidos superior a 20 artefatos.

Estreando no mercado de observação terrestre, no início de fevereiro, a SSL anunciou sua contratação pela Skybox Imaging, dos Estados Unidos, para a construção de uma avançada constelação de pequenos satélites de observação de órbita baixa, formada por treze satélites, cada um com dimensões de 60 x 60 x 95 centímetros e massa aproximada de 120 kg, a serem lançados em 2015 e 2016. Os satélites serão capazes de gerar imagens coloridas submétricas e vídeos em alta definição com até 90 segundos e 30 frames por segundo. Uma vez completada, a constelação proporcionará três revisitas diárias de um mesmo ponto na Terra. “O contrato da Skybox é uma evidência concreta de nosso sucesso em trabalhar com a MDA para nos expandirmos em novos mercados”, declarou John Celli. “Baseado nas capacidades únicas da SSL como fabricante de satélites e na história da MDA, nós estamos desenvolvendo novas capacidades que nos permitir buscar outras oportunidades em observação terrestre e satélites de órbita baixa nos Estados Unidos e no exterior.” Como parte do acordo, a SSL terá uma licença exclusiva do design do satélite projetado pela Skybox Imaging, abrindo um novo leque global de oportunidades.

Brasil: negócios e oportunidades

A MDA atua no mercado brasileiro desde a década de 1980, quando a Spar Aerospace forneceu para a então estatal Embratel seus primeiros dois satélites de comunicações, os Brasilsat A1 e A2. Nos anos de 1990, o grupo canadense participou do projeto do Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), fornecendo uma estação terrestre capaz de receber e processar dados de cinco diferentes satélites de sensoriamento, integrada às instalações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e radares de imageamento em bandas L e X que equipam as aeronaves Embraer R-99, da Força Aérea Brasileira (FAB). Há mais de 15 anos, fornece imagens radar geradas por sua família RADARSAT para a Petrobras e outras empresas brasileiras, permitindo cobertura diária de suas plataformas offshore.

Em comunicações, a SSL firmou nos últimos anos contratos com a Star One, principal operadora de comunicações por satélite do Brasil e uma das maiores da América Latina, para o fornecimento de dois satélites geoestacionários, o Star One C4, previsto para ser lançado no final de 2014, e o Star One D1, que deve voar em 2016, ambos a bordo do lançador Ariane 5, da Arianespace. Os dois novos sistemas fornecerão capacidade para novas demandas decorrentes dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro (RJ). Em entrevistas concedidas à T&D, executivos do grupo também mencionaram o crescente interesse de países na região em desenvolver suas próprias capacidades espaciais, como em comunicações e observação terrestre.

A SSL foi uma das finalistas da concorrência do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), que proverá capacidade nas bandas Ka e X para o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) e o Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS), respectivamente. Embora não tenha sido selecionada, a empresa, que construiu mais satélites de banda larga do que qualquer outro fabricante, está atenta a futuras oportunidades para atender ao governo brasileiro.

No continente latino-americano, a MDA também fornece sistemas e serviços para governos e clientes comerciais há mais de 30 anos, possuindo contratos ativos no México, Colômbia, Venezuela e Argentina. A companhia construiu outros satélites de operadores internacionais que oferecem serviços de transmissão para o Brasil e América Latina, contando ainda com outros satélites em sua carteira de pedidos.

Na visita ao Canadá, executivos destacaram que para atenderem as necessidades oficiais, o grupo busca estabelecer uma presença local de longo prazo, de forma a desenvolver soluções locais não apenas para o Brasil, mas também para mercados em que o País tenha forte influência geopolítica, diretrizes em linha com os preceitos da Estratégia Nacional de Defesa.

Falando em perspectivas, e em busca do ímpeto inicial para tais objetivos, a MDA está atenta a oportunidades relacionadas a programas estratégicos das Forças Armadas brasileiras, como o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), em implantação, o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz) e o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), estes últimos prestes a serem licitados. Como parte desse esforço, a empresa tem interagido com o governo e órgãos militares para entender as demandas, e considerado vários modelos de parcerias com indústrias brasileiras dos setores aeroespacial e de defesa.

Por razões lógicas, o SisGAAz, assunto do momento para a defesa brasileira, é uma iniciativa à qual a MDA tem muito o que contribuir, segundo foi destacado à T&D. Ao longo de sua trajetória, o grupo desenvolveu várias soluções de vigilância e monitoramento de extensas áreas marítimas para o governo canadense e outros clientes internacionais que envolvem assuntos complexos, como fusão de dados, integração de sistemas e sofisticados algoritmos, apenas para citar alguns. Segundo representantes da MDA, tais conhecimentos, adquiridos e desenvolvidos em projetos em operação, são fundamentais para o efetivo funcionamento de redes complexas como a planejada para o SisGAAz.

Numa fase menos madura, embora bastante avançada, também já começam ocorrer movimentações industriais direcionadas ao PESE (ver matéria), programa de grande interesse da MDA e que deve envolver um forte elemento de transferência tecnológica e indústrias locais. Além desses grandes projetos de sistemas, os canadenses também estão atentos a outras oportunidades no País, como a ampliação de serviços de imagens por satélite – algo inerente ao Brasil por sua extensão territorial, e uma futura modernização do sofisticado radar de abertura sintética que equipa o R-99, um projeto que está em consideração pela FAB.


Identificando ameaças e práticas ilegais

Na visita da reportagem de T&D à MDA no Canadá, houve a oportunidade de acompanhar uma apresentação sobre o sistema BlueHawk, para a Consciência Situacional Marítima, disponível por meio de assinaturas mensais. Basicamente, trata-se de um serviço de informações da MDA que envolve a fusão de dados comerciais e não confidenciais, oriundos de satélites, sinais AIS e LRIT, dados de registro de navios e outros dados contextuais.

Dois exemplos reais do BlueHawk demonstram a importância de se dispor de meios eficazes de vigilância. Em janeiro de 2013, numa área de 500 km por 500 km na costa de São Paulo, imagens do satélite RADARSAT-2 identificaram 233 embarcações, enquanto que apenas 179 estavam transmitindo sinais AIS. Por regras internacionais, qualquer embarcação civil com tonelagem igual ou superior a 300 toneladas deve obrigatoriamente dispor de um transpônder AIS, permitindo o seu monitoramento por meio de sinais transmitidos a satélites.

Outra demonstração apontou uma prática ilegal, mas que é comum: navios-tanque que “lavam” seus tanques em alto mar, antes de chegarem aos portos. Com a “lavagem”, uma quantidade significativa de óleo e/ou outros produtos químicos são despejados no mar, causando poluição e deixando rastros que podem ser identificados por satélites. O BlueHawk imageou a prática e identificou o navio.


Fonte: revista Tecnologia & Defesa n.º 136, março de 2014.
.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

"Por dentro do PESE"

.
Por dentro do PESE - Conhecendo os seus propósitos e objetivos

André M. Mileski

a edição n.º 132, Tecnologia & Defesa traçou um panorama sobre as ações hoje em curso nas Forças Armadas brasileiras envolvendo sistemas espaciais, em particular, satélites, em linha com o preconizado pela Estratégia Nacional de Defesa (END), documento hoje basilar para qualquer política associada à defesa no País [veja a reportagem]. Na ocasião, foi focado o projeto do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), finalmente contratado no final de 2013, e que proverá capacidade para o Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS).

Também já esteve na pauta da revista, ainda que brevemente, a criação da Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE), constituída pelo Comando da Aeronáutica (ComAer), em fevereiro de 2012, para coordenar o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE).

Origem e justificativas

O Comando da Aeronáutica, juntamente com outros órgãos governamentais, foi incumbido na END da responsabilidade de buscar autonomia do ciclo completo associado ao campo espacial, que inclui a produção, lançamento, operação e reposição de sistemas espaciais, abrangendo desde veículos lançadores a satélites e seu segmento solo.

As diretrizes de implantação do PESE foram aprovadas pelo ComAer em maio de 2012, considerando um cenário de ações de curto, médio e longo prazos, num horizonte de 20 anos. O PESE aponta várias premissas operacionais e técnicas necessárias ao emprego de sistemas espaciais pelas Forças Armadas, com foco na definição de suas necessidades e requisitos. Os sistemas considerados no PESE devem atender, no campo militar, à modernização de variados sistemas atualmente em operação, como o Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), o Sistema de Enlaces de Digitais da Aeronáutica (SISCENDA), o SISCOMIS, o Sistema Militar de Comando e Controle (SISMC2), e outros que estão em fase de planejamento ou implantação, como o Sistema Integrado de Monitoramento das Fronteiras (SISFRON) e o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz).

Planeja-se ainda o uso de tais sistemas em apoio a iniciativas civis, como, por exemplo, em prevenção e ação em casos de grandes catástrofes ambientais, no Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), e no Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), entre outros.

Premissas

Em sua arquitetura, o PESE apresenta alguns requisitos mínimos e premissas, como a realização de lançamentos anuais de satélites, a preferência por satélites de menor porte e com ciclo de vida mais reduzido, destinados a órbitas baixas, minimizando assim os custos de lançamento. Nos casos de comunicações e meteorologia, até pela natureza das missões, estão previstos satélites geoestacionários de maior porte. Ainda, as contratações dos sistemas quando realizadas no exterior deverão ser acompanhadas de cláusulas de compensação (conhecidas como offsets), buscando aumentar o conteúdo nacional e ganhos com participação industrial e transferência tecnológica em áreas críticas.

Tais premissas são fortemente inspiradas na busca de autonomia, não apenas operacional e técnica, mas também industrial, por meio do envolvimento crescente da Base Industrial de Defesa (BID).

Principais características

Inspirado pelo conceito de guerra centrada em rede (Net Centric Warfare), uma das principais inovações do PESE é o objetivo de se criar um Centro de Operações Espaciais (COPE), que será subordinado ao Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA) e sediado em Brasília (DF). Prevê-se a instalação de um COPE reserva, situado numa localidade diferente e afastada do centro principal, contando com alto grau de automação para minimizar a necessidade de pessoal.

Caberá ao COPE coordenar todas as atividades operacionais que façam uso de constelações de sistemas espaciais, oferecendo serviços nas áreas de comunicações, observação, mapeamento de informações, posicionamento e monitoramento espacial para o Ministério da Defesa e seus três Comandos, e outros usuários oficiais.

Em sua concepção, o PESE tem seis classes principais de “produtos” que deverão ser gerados por seus satélites e sensores em órbita: Comunicações; Observação da Terra; Mapeamento de Informações; Monitoramento do Espaço; Posicionamento; e o COPE, os quais são melhor detalhados em subclasses. No caso da Observação da Terra, por exemplo, figuram demandas como sensoriamento remoto ótico e radar, além de dados meteorológicos. É com base nessas classes e subclasses, que representam as necessidades operacionais das Forças Armadas em termos de dados gerados a partir do espaço, que serão definidos os requisitos técnicos e as constelações de satélites a serem implementados pelo programa, identificados especificamente como cada subprograma ou projeto.

Dependendo do contexto, também poderão ser levadas em conta alternativas que envolvam conceitos como Hosted Payloads (cargas úteis hospedadas), missões Piggyback (voo de “carona”) e Constelação Virtual, que podem resultar em economia de recursos e agilidade no acesso ao serviço buscado. Como no caso de Hosted Payloads, onde sensores são “hospedados” em satélites de terceiros, comerciais ou não. Este é o modelo até então utilizado pelo SISCOMIS, que tem transpônderes em banda X a bordo de satélites comerciais da operadora brasileira Star One, do grupo Embratel.

As missões em perfil Piggyback, significam o aproveitamento de capacidade ociosa em algum lançamento para acomodar satélites de menor porte. Já o conceito de Constelação Virtual, comumente utilizado na Europa e também por aliados dos norte-americanos em comunicações, envolve a participação numa constelação já existente por meio de acordos e contratos, de forma a viabilizar a utilização imediata dos dados ou capacidade de uma rede já em órbita, até que um satélite próprio seja incluído.

Num primeiro momento, o interesse do ComAer é por uma constelação de satélites de observação, mais precisamente óticos, que atenderiam a situações mais imediatas, em operação até o final desta década. Em seguida, viriam satélites radar, capazes de imagear diuturnamente a superfície terrestre mesmo com cobertura de nuvens.

Perspectivas mais imediatas

O orçamento federal aprovado pelo Congresso Nacional destina ao Ministério da Defesa recursos de R$113 milhões, montante suficiente para a implantação de alguns elementos previstos no PESE.

Segundo pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas por T&D, são aguardados avanços concretos do PESE para 2014, muito embora há que se considerar que possam haver atrasos em função do corte de R$ 3,5 bilhões anunciado no orçamento do Ministério da Defesa. Há quem entenda que não haverá tempo hábil para a assinatura de um primeiro contrato (ainda que haja recursos disponíveis), mas acredita-se que neste ano seja iniciado um processo visando à contratação de sistemas, como o envio de solicitações de propostas para fabricantes interessados.

Em paralelo, também começam a surgir movimentações industriais de grupos e empresas estrangeiras e nacionais visando participar do programa. Pelo que a reportagem de T&D pode apurar, o Ministério da Defesa trabalha com a ideia de contratar os sistemas do PESE lançando mão do mesmo artifício utilizado para o SGDC, isto é, por meio de uma prime contractor nacional, que atuaria como integradora dos satélites. Neste sentido, a Visiona Tecnologia Espacial, joint-venture entre a Embraer e a estatal de telecomunicações Telebras, cuja criação foi “patrocinada” pelo SGDC, desponta como uma candidata natural. Junto às atividades de telecomunicações, a empresa já publicamente divulgou sua intenção de buscar oportunidades relacionadas ao PESE e também ao Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), sob a coordenação da Agência Espacial Brasileira.

Nos bastidores, comenta-se sobre a possibilidade de que outras companhias e conglomerados industriais nacionais também buscarem exercer o papel de prime contractor do programa. Seria o caso da Odebrecht Defesa e Tecnologia e sua controlada Mectron, de São José dos Campos (SP), que já possui alguma atuação no setor espacial fornecendo subsistemas para satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre outros.

Fonte: revista Tecnologia & Defesa n.º 136, março de 2014.
.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Tecnologia & Defesa nª 136

.

Já está nas bancas o número 136 da revista Tecnologia & Defesa, que ao longo de suas mais de 140 páginas traz um variado conteúdo sobre espaço. A edição conta com uma reportagem exclusiva sobre o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), um perfil sobre a canadense MDA e sua controlada Space Systems/Loral, abordando seus planos para o Brasil, um amplo artigo sobre a cooperação entre o Brasil e a Itália nos campos aeroespacial e de defesa, e um artigo de Otávio Durão, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), sobre projetos de cubesats no Brasil.

Destacamos abaixo os principais conteúdos:

- Entrevista com o Comandante da Aeronáutica
- A Aviação de Combate na América do Sul
- Conhecendo a Rockwell Collins
- Escritório de Projetos Estratégicos do Exército
- Centro de Defesa Cibernética
- Cooperação entre Brasil e Itália
- Programa Estratégico de Sistemas Espaciais - PESE
- Cubesats no Brasil
- MDA e Space Systems/Loral: planos para o Brasil
- Exercício Agulhas Negras
- E muito mais!
.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Entrevistas sobre a ACS em Tecnologia & Defesa

.
A edição n.º 135 de Tecnologia & Defesa, que se encontra nas bancas, traz duas entrevistas que abordam a binacional Alcântara Cyclone Space (ACS) e a cooperação espacial entre o Brasil e a Ucrânia. As entrevistas foram feitas com Yuriy Alexeyev, Presidente da Agência Estatal Espacial Ucraniana, e Alexander Degtyarev, Projetista Chefe e Diretor Geral da Yuzhnoye. Para acessá-las, clique aqui.
.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Tecnologia & Defesa nª 135

.

Já está nas bancas de todo o Brasil o número 135 da revista Tecnologia & Defesa. Destacamos abaixo os principais conteúdos:

- Marinha do Brasil na Amazônia Ocidental Brasileira
- Planos de renovação da esquadra
- A escolha do caça sueco Gripen NG, da Saab, como o vencedor da concorrência FX-2, da Força Aérea Brasileira
- Entrevista com o Comandante da Marinha do Brasil
- Perfil sobre a ucraniana Yuznoye
- Entrevista com o presidente da agência espacial ucraniana
- 40 anos da família Mirage na FAB
- Coluna Defesa & Negócios
- E muito mais!
.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

"FINEP - Apoiando a inovação em setores estratégicos"

.
FINEP - Apoiando a inovação em setores estratégicos

André M. Mileski

Não é incomum encontrar em projetos nacionais de tecnologia militar o nome FINEP, ou então seu logotipo em protótipos ou cartazes de apresentação. De fato, esta sigla, de alguma forma, direta ou indiretamente, está presente em praticamente todos os setores considerados estratégicos pelo Brasil, como a agricultura, petróleo e gás, energia, telecomunicações, biotecnologia e, é claro, defesa e aeroespacial. Mas, afinal, o que vem a ser a FINEP, e qual é o seu papel?

Criada em 24 de julho de 1967, a FINEP - Agência Brasileira da Inovação é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com a missão de”promover o desenvolvimento econômico e social do Brasil por meio do fomento público à Ciência, Tecnologia e Inovação em empresas, universidades, institutos tecnológicos e outras instituições públicas ou privadas.”

A partir de 1969, com a instituição pelo Governo Federal do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), criado com o propósito de financiar a expansão do sistema de Ciência &Tecnologia, o papel da FINEP como indutora de atividades inovadoras ganhou enorme impulso. Tal função, associada ainda ao seu caráter de financiadora do desenvolvimento científico e tecnológico, ficou ainda mais evidenciada com a edição da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia & Inovação (ENCTI), análoga da Estratégia Nacional de Defesa em relação à Ciência & Tecnologia que, aliás, elenca dentre as áreas prioritárias o Complexo Industrial da Defesa, o Aeroespacial e o Nuclear.

Atualmente, a FINEP apoia todas as etapas e dimensões do ciclo que se estende da pesquisa básica à aplicada, além da melhoria e desenvolvimento de processos, produtos e serviços associados à inovação. Na esfera privada, sua atuação se dá por meio de programas de liberação de recurso reembolsáveis, na forma de empréstimos, não reembolsáveis (subvenções), e também investimentos indiretos, por meio de fundos de investimento, em empresas classificadas como inovadoras.

Junto ao apoio direto a essas iniciativas pela iniciativa privada, a FINEP ainda atua na destinação de recursos não reembolsáveis, oriundos de fundos setoriais, para o apoio a projetos de C,T&I apresentados por instituições científicas e tecnológicas (ICTs) nacionais. É nesse âmbito que a empresa administra o PROINFRA, para apoio a projetos de manutenção, atualização e modernização da infraestrutura de pesquisa de ICTs. Dezenas de universidades e centros de pesquisa brasileiros recebem recursos para a criação, ampliação e/ou modernização de laboratórios e infraestrutura para Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (P,D&I).

As linhas de financiamento da FINEP são abastecidas com recursos orçamentários, do MCTI, e também pelos Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia, criados a partir de 1999. Hoje, existem 17 desses fundos, sendo 14 para setores específicos, dentre eles o aeronáutico e o espacial. Os fundos setoriais são capitalizados por variadas fontes, como contribuições incidentes sobre o resultado da exploração de recursos naturais pertencentes à União, e parcelas de tributos incidentes em setores e atividades específicas.

Aeroespacial e de defesa

Com base em indicadores de intensidade de P,D&I, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, sigla em francês) classifica os setores produtivos em quatro grupos principais de intensidade tecnológica, sendo que o aeroespacial, ao lado dos farmacêutico, informática, eletrônica e comunicações figuram no topo dessa classificação, considerados de alta intensidade tecnológica.

Não é sem motivo, portanto, que a FINEP tem apoiado ao longo de sua história iniciativas nas áreas aeroespacial, de defesa e segurança, tanto por meio de apoio direto à iniciativa privada, com financiamentos e subvenções econômicas, como investimentos e aportes de recursos em programas de centros de pesquisa e tecnologia das três Forças Armadas, universidades e entidades ligadas ao Programa Espacial Brasileiro.

Em matéria aeronáutica, por exemplo, um dos projetos mais bem sucedidos e que contou com o apoio da agência foi a aeronave de treinamento EMB-312 Tucano, da Embraer, que obteve grande sucesso em exportações e também contribuiu de forma significativa para determinadas capacitações pela Embraer, hoje terceira maior fabricante de aeronaves no mundo.

No campo espacial, é também largamente reconhecida a atuação, tanto na cadeia industrial ou diretamente no projeto propriamente dito, da FINEP no programa do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), iniciado no final da década de 1980 e com cinco satélites de observação já contratados. Com a retomada nos últimos anos da indústria brasileira de defesa, o papel da FINEP como indutora do desenvolvimento de novas tecnologias foi fortalecido. No período de 2004 ao início de 2011, a agência destinou mais de R$1 bilhão apenas para a área de defesa, montante significativamente ampliado nos últimos anos.

Uma das empresas mais beneficiadas com o apoio da FINEP é a Mectron, de São José dos Campos (SP), hoje parte da Odebrecht Defesa e Tecnologia. Ao longo de sua história, recebeu contratos com a agência que, somados, superam mais de R$382 milhões, principalmente para projetos de mísseis. Apenas o míssil ar-ar de quinta geração A-Darter, uma parceria binacional do Brasil e da África do Sul, registrou aportes de linhas do MCTI próximos de R$250 milhões.

No campo naval, projetos tecnológicos não tão conhecidos, mas significativos, também foram beneficiados pela FINEP. É o caso do Sistema de Detecção, Acompanhamento e Classificação de Contatos (SDAC), desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM) em conjunto com a Atech, cujo objetivo futuro é obter um sistema sonar passivo nacional; do Sistema de Aquisição de Dados Acústicos, Magnéticos, Pressão e Campo Elétrico (SAAMPE), para emprego em guerra de minas navais; e do Sistema Integrado de Navegação Inercial para Veículos Submarinos Autônomos (SINVSA).

Em segurança pública, nos últimos anos, a FINEP investiu mais de R$80 milhões em financiamentos, muito em vista da realização dos grandes eventos esportivos no Brasil, como a Copa do Mundo da FIFA, em 2014, e os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016. Foram beneficiadas iniciativas como o sistema de comunicações do “Disque-Denúncia” no Rio de Janeiro (RJ), e pequenos robôs para a neutralização de explosivos. O robô, chamado DIANE, da Ares Aeroespacial, recebeu R$2,6 milhões. Outro campo apoiado foi o das análises forenses que, a cada dia, se tornam mais importantes para a rápida resolução de crimes. A FINEP financiou o Programa de Ciência e Tecnologia Aplicado à Segurança Pública, do Instituto Nacional de Criminalística (INC), de Brasília (DF), para apoio e fomento a projetos de P&D de novas tecnologias, inovação e capacitação em análises químicas, mineralogia, genética, geofísica, geoprocessamento e análise papiloscópica.

Inova Aerodefesa

Em maio de 2013, o Governo Federal, com efetiva participação da FINEP, deu um importante passo para estimular as atividades de P,D&I por meio do lançamento do edital de seleção pública do plano Inova Aerodefesa, que destinará R$ 2,9 bilhões para a inovação tecnológica nos setores aeroespacial, de aeronáutica, de defesa e de segurança pública. O plano é voltado para as indústrias e centros de pesquisas, e visa fortalecer setores estratégicos por meio de ações para estimular a parceria entre iniciativa privada e instituições, com descentralização de crédito e subvenção econômica para o investimento em programas de inovação tecnológica. Dos valores disponíveis, R$2,4 bilhões são de linhas da FINEP e, outros R$500 milhões, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O edital faz parte do Plano Inova Empresa, lançado em março último, e que prevê a articulação de diferentes ministérios e apoio por meio de crédito e financiamento, num total de R$ 32,9 bilhões a aplicar até 2014, destinados a empresas brasileiras de todos os portes que tenham projetos inovadores. O objetivo são os setores considerados prioritários como saúde, aeroespacial e defesa, energia, petróleo e gás, sustentabilidade socioambiental e tecnologia da informação.

O primeiro edital do Inova Aerodefesa elencou quatro linhas temáticas: (i) Aeroespacial – propulsão espacial (motores e veículos); a plataformas e satélites (de pequeno porte) e à indústria aeronáutica visando aeronaves mais eficientes; (ii) Defesa – sensores e/ou sensoriamento remoto (equipamentos e/ou componentes),sistemas e subsistemas de comando e controle; (iii) Segurança Pública – sistemas de identificação biométrica e a sistemas de informações (tais como o SIG-Sistemas de Informações Geográficas), e ainda diversos tipos de armas não letais; e (iv) Materiais Especiais – para aplicações diversas e na indústria de defesa (fibras e carbono e compósitos) incluindo ligas metálicas à base de aços.

Em julho, a FINEP divulgou o resultado preliminar das selecionadas para o programa, tendo sido habilitadas 69 empresas líderes, que incluem gigantes como a Embraer, General Electric, Helibras, e grandes construtoras como a Odebrecht e Andrade Gutierrez, e outras, de médio e pequeno portes. Somados todos os projetos apresentados, a demanda qualificada de recursos é de R$ 12,6 bilhões, valor bem acima dos R$2,9 bilhões disponibilizados. No final de agosto, foi realizado um workshop em São Paulo (SP) para reunir as empresas qualificadas, assim como parceiros e ICTs. Como é natural nessas iniciativas, nem todos os projetos pré-selecionados serão beneficiados neste primeiro edital, mas, a partir da criação do Inova Aerodefesa, espera-se o lançamento frequente de novos processos de seleção no futuro.

No início de setembro, outro meio de financiamento, conceitualmente mais capitalista, foi lançado pela FINEP, juntamente com o BNDES, a Agência de Fomento do Estado de São Paulo S/A, e a Embraer, por meio da aprovação de uma chamada pública para a seleção de uma gestora de um fundo de investimento em participações focado nos setores aeronáutico, aeroespacial, de defesa e de segurança. O fundo, que ainda será constituído, terá um capital comprometido inicial de R$130 milhões, sendo que a FINEP investirá R$40 milhões. Fará investimentos em empresas desses setores, na expectativa de que os investimentos se valorizem e sejam realizados por meio da venda das participações ou aberturas de capital, dentre outras formas de saída.

Com o Inova Aerodefesa e o fundo de investimento, o desenvolvimento tecnológico e a inovação de setores estratégicos como o aeroespacial e defesa, altamente demandantes de recursos, passarão a contar com mais opções de financiamento.

Alguns projetos apoiados pela FINEP

- Projeto VANT: desenvolvido pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Centro Tecnológico do Exército (CTEx), Instituto de Pesquisas da Marinha (IpqM) e Avibras Aeroespacial.

- Projeto Guarani: mais de R$10 milhões para o desenvolvimento da Viatura Blindada de Transporte Pessoal Média de Rotas (VBTP-MR) Guarani, do Exército Brasileiro.

- Radares da família SABER: aporte de mais de R$40 milhões, oriundos de fundos setoriais, para o desenvolvimento dos radares de vigilância SABER M60 e M200, projeto do CTEx e da empresa Orbisat [Nota do blog: agora chamada Bradar], hoje parte do grupo Embraer Defesa e Segurança.

- Míssil A-Darter: recursos para o projeto do míssil ar-ar de quinta geração A-Darter, iniciativa conjunta entre os governos do Brasil e África do Sul, que conta com a participação das empresas nacionais Mectron (Odebrecht), Avibrás Aeroespacial e Opto Eletrônica.

- Sistemas Inerciais: mais de R$ 40 milhões para o projeto Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial (SIA), iniciativa conjunta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), do DCTA e de várias indústrias da região do Vale do Paraíba (SP) visando o domínio nacional em sistemas inerciais de navegação para foguetes e satélites. No âmbito do SIA, foi também construído o LABSIA - Laboratório de Sistemas Inerciais, no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), inaugurado em julho deste ano. Ainda em matéria de sistemas inerciais, a empresa vinculada ao MCTI destinou cerca de R$3,3 milhões para o desenvolvimento e fabricação no País de uma mesa inercial, um equipamento composto por múltiplos eixos, utilizado para a realização de testes e calibração. O projeto está a cargo da Infax Tecnologia e Sistemas, pequena empresa com sede no Rio de Janeiro (RJ).

- Treinador T-Xc: subvenção econômica de aproximadamente R$10 milhões para o desenvolvimento do treinador primário T-Xc, da Novaer Craft, que pode vir a substituir os T-25 Universal operados pela Academia da Força Aérea em Pirassununga (SP).

- Ampliação do LIT/INPE: destinação de R$45 milhões para a ampliação da capacidade do Laboratório de Integração e Testes (LIT), do INPE, em São José dos Campos (SP), para integração, testes e ensaios de satélites de até 6 toneladas.

- PROANTAR: investimento não reembolsável de R$69 milhões para a aquisição do navio polar de pesquisa oceanográfica Almirante Maximiano, operado pela Marinha do Brasil.

- Supercomputador do CPTEC/INPE: o supercomputador Cray, batizado de Tupã, instalado no Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE), em Cachoeira Paulista (SP), em operação desde o final de 2010, recebeu R$35 milhões em recursos da FINEP. Nos últimos 20 anos, a FINEP destinou cerca de R$ 100 milhões em infraestrutura e projetos na área de meteorologia, especialmente nos dois centros de meteorologia e pesquisas climáticas do País, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e o CPTEC/INPE.

Fonte: revista Tecnologia & Defesa n.º 134, outubro de 2013.
.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Tecnologia & Defesa n.º 134

.

Já está nas bancas de todo o Brasil o número 134 da revista Tecnologia & Defesa, que dentre os vários assuntos abordados, traz, como de costume, textos tratando da área espacial. Destacamos abaixo os principais conteúdos:

- Brigada de Infantaria Paraquedista operando na Amazônia
- Entrevista com o general De Nardi, do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas
- Brasil: Engenharia Militar de Construção
- A FINEP nos setores aeroespacial, de defesa e segurança
- Reportagem sobre o projeto MMM
- Artigo sobre pequenas plataformas espaciais para aplicações em defesa
- Chile e seus blindados Leopard 2A4 CHL
- O regresso do submarino Tapajó, em missão nos EUA
- 97 anos da Aviação Naval da Marinha do Brasil
- Perfil da empresa CAE, referencial em simulação
- Ensaio fotográfico: Um dia na Base Aérea de Manaus
- Coluna Defesa & Negócios
- E muito mais!
.

domingo, 4 de agosto de 2013

Entrevista com Jean Noel Hardy, diretor da Astrium no Brasil

.
Crescer em todas as áreas

O diretor-geral da Astrium do Brasil fala à T&D

Com mais de trinta anos de experiência no Brasil nos setores aeroespacial, de defesa e tecnologia, Jean-Noel Hardy é graduado em engenharia aeronáutica e espacial pela Ecole Nationale Supérieure de l’Aéronautique et de l’Espace, em Toulouse, França, e em direito empresarial pela Universidade de Paris Panthéon-Sorbonne, tendo concluído seu MBA pela Essec Business School, em Paris em 1975. Também é diplomado em matemática e física pela Universidade de Limoges, França. Entre 2004 e 2009, foi diretor-presidente da Helibras, tendo sido figura-chave na negociação de venda de helicópteros EC725 para as Forças Armadas brasileiras, um dos maiores e mais importantes projetos de transferência tecnológica no setor de defesa já firmados pelo País. A partir de julho de 2009, assumiu um novo desafio como diretor para a América Latina da Astrium, divisão espacial do grupo europeu EADS, sendo, em paralelo, diretor-geral da Astrium do Brasil, com a missão de consolidar e ampliar os negócios do grupo na região. É atualmente conselheiro da Equatorial Sistemas, de São José dos Campos (SP), diretor do COMDEFESA, entidade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), e conselheiro do Comércio Exterior da França.

Jean-Noel gentilmente concedeu esta entrevista exclusiva a André M. Mileski, editor-adjunto de Tecnologia & Defesa, na qual fala sobre a presença e perspectivas da Astrium no Brasil e na América do Sul.

Tecnologia & Defesa - Em 2012, a Astrium anunciou a criação de uma subsidiária no País, a Astrium Brasil. Qual é o seu significado e objetivo?

Jean-Noel Hardy - Se possível, gostaria em primeiro lugar, de lembrar alguns detalhes sobre a Astrium. Ela é de fato a maior empresa do setor espacial na Europa, e de longe. Ela se situa em terceiro lugar no ranking mundial.

Duas interessantes peculiaridades: a empresa não é ligada a um único país, mas é genuinamente europeia, com instalações significativas em cinco países: França, Alemanha, Reino Unido, Espanha e Países Baixos. Com cerca de 18 mil funcionários, tem um faturamento anual da ordem de 5 bilhões de euros. Além disso, é uma das poucas empresas do setor que dominan todo o leque de atividades espaciais, dos lançadores, como o Ariane, até os serviços ao usuário final, passando por todos os tipos de satélites, de comunicação, de observação ou mesmo científicos. 

Não há dúvida de que o Brasil tem todas as características para se tornar, para valer, uma potência espacial, e a ambição de nossa empresa é de ser um parceiro essencial deste destino. Para concretizar essa visão, se tornou evidente que tínhamos que ter uma base permanente e sólida no País para mostrar a seriedade de nosso propósito, e também para termos uma ferramenta prática para construir parcerias, alianças; em uma palavra, para contribuirmos da melhor maneira possível aos atuais e futuros programas espaciais brasileiros. A Astrium Brasil tem também a vocação de operar, a partir daqui, nos principais países da América Latina.

T&D - A Astrium não foi préselecionada para o projeto do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), anunciado no início de maio. Isso muda algo nos planos da companhia para o Brasil?

Hardy - Seria desonesto de minha parte dizer que não foi uma grande decepção, ainda mais que objetivamente a Astrium é uma das pouquíssimas empresas que tem real experiência, comprovada nos fatos, de construir um satélite para cumprir a missão do SGDC. Mas, não nos cabe comentar o processo de seleção conduzido com seriedade pela Visiona. No entanto, acreditamos que o Brasil oferecerá muitas outras oportunidades de desenvolver as parcerias que desejamos, e sabemos de experiência que o espaço é uma atividade de longo prazo. O episódio do SGDC não altera de maneira alguma nosso compromisso com o Brasil e suas ambições espaciais.

T&D - Qual é a sua visão sobre o mercado brasileiro de comunicações por satélite, tanto governamental como privado?

Hardy - No que diz respeito ao mercado civil de comunicações por satélite, acreditamos que as tendências que se verificam no resto do mundo devam se repetir no Brasil, adaptadas às condições locais. Os drivers que estão atualmente levando o mercado para a frente são TVHD, TV3D e “High Speed Internet”. Tudo isso leva a satélites maiores e mais possantes. Do ponto de vista governamental, temos, no Brasil, que contar com um território imenso, uma infraestrutura no solo às vezes insuficiente para garantir, sem falhas ou riscos, o perfeito funcionamento das comunicações do poder público. Isso deve favorecer, em médio prazo, o surgimento de um satélite de telecomunicações administrativas governamentais.

Para as comunicações ligadas à defesa, o SGDC, que deve ser contratado em breve, irá trazer uma solução, pelo menos para um certo tempo. Todavia, as exigências de comunicações ligadas ao desdobramento dos sistemas integrados de vigilância, tais como o SISFRON ou o SisGAAz, sobre áreas gigantescas, poderão evidenciar a necessidade de mais capacidade, que poderá ser resolvida a prazo com um satélite adicional dedicado às comunicações estratégicas e, pontualmente, com a contratação de “airtime” nas bandas pertinentes, tais como a banda-X.

T&D - A Astrium é uma das poucas empresas internacionais do setor espacial com presença industrial no Brasil, por meio da Equatorial Sistemas. O senhor poderia falar um pouco sobre esta plataforma local e como ela pode contribuir para o desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro?

Hardy - A parceria com a Equatorial Sistemas é bastante antiga. Na verdade, começou em torno do ano 2000, quando as duas empresas cooperaram no projeto HSB (Humidity Sounder Brazil), um dos seis instrumentos embarcados a bordo do satélite de observação AQUA, lançado pela NASA, norte-americana, em 2002.

De lá para cá, as relações se estreitaram e a Astrium se tornou acionista da Equatorial Sistemas em 2006. Em seguida, participou de vários aumentos de capital com o objetivo de reforçar a empresa. Em paralelo, as duas cooperaram em vários programas brasileiros, entre os quais o mazônia-1, para o qual fornece o “Digital Data Recorder” (DDR), equipamento de última geração. A Equatorial Sistemas, em parceria com a Opto, também desenvolve e fornece o instrumento “Wide Field Instrument”(WFI) para o programa CBERS, do INPE. Interessante salientar que a Equatorial obteve ao apoio da FINEP para vários programas de pesquisa e desenvolvimento nas áreas de optrônica aplicada ao espaço e à defesa.

A Equatorial Sistemas, ao longo de seus anos de existência, construiu uma fama justificada de credibilidade e competência no setor espacial brasileiro. A aproximação com a Astrium e seu acervo tecnológico só faz reforçar a legitimidade técnica e industrial da empresa. Assim, ela tem todas as condições para ser um “player” de primeiro plano nos próximos programas nacionais de satélites, quer sejam civis, quer sejam mais voltados para o lado de defesa. Há uma grande probabilidade que os próximos programas sejam de observação, campo no qual a Equatorial tem ampla experiência...

Além de suas instalações próprias em São José dos Campos, com várias salas limpas e equipamentos altamente especializados, a empresa tem acordos de parceria com empresas brasileiras dos ramos que apresentam competências complementares. A visão da Astrium é que a Equatorial Sistemas se fortifique cada vez mais no País e se torne o nosso verdadeiro braço industrial brasileiro. Tudo indica que isso pode acontecer num futuro próximo.

T&D - A Astrium tem uma importante presença no País com a sua divisão de imagens de satélite, a Astrium GEO-Information Services. O senhor poderia nos dar um panorama sobre a divisão e seus negócios?

Hardy - A Astrium GEO-Information Services é uma líder mundialmente reconhecida no setor e se beneficia de mais de 25 anos de experiência das empresas Spot Image e Infoterra. Tem acesso exclusivo aos dados dos satélites TerraSARX, Pléiades, SPOT e distribui dados de outros sensores de diversas características, podendo assim atender uma grande variedade de necessidades dos usuários finais. A empresa se estabeleceu no Brasil, em São Paulo, no início de 2009, para se aproximar do mercado brasileiro e assim atendê-lo melhor. No País, ela dispõe de uma rede de parceiros, todos especialistas em imagens de satélites e suas mais diversas aplicações. Com esses parceiros, já produzimos mosaicos de imagens de satélite de alta resolução de mais de oito estados da Federação.

Além de grandes empresas como a Petrobras ou a Vale, atendemos também o agronegócio e vários ministérios, tais como Defesa, Meio Ambiente e Agricultura, além de várias ONGs. Vale a pena destacar que nossos produtos foram usados e testados em projetos de produção do Cadastro Ambiental Rural, também conhecido como CAR. Com o novo Código Florestal, outros grandes projetos dessa natureza deverão sustentar a demanda por imagens no futuro.

T&D - No ano passado, o grupo anunciou sua participação no programa Ciência sem Fronteiras, do Governo Federal, ao oferecer vagas de estágios para profissionais brasileiros. O senhor poderia comentar sobre o envolvimento da Astrium com esta iniciativa?

Hardy - Ciente do interesse do Governo Federal em incentivar a ida ao exterior de estudantes brasileiros, notadamente no âmbito do programa Ciência sem Fronteiras, a Astrium, concomitantement com uma visita da presidente Dilma Rousseff à França, em final de 2012, ofereceu 20 vagas de estágios nas suas instalações europeias para serem ocupadas por brasileiros. A implementação deste compromisso assumido pelo CEO mundial da Astrium, François Auque, está atualmente acontecendo de acordo com as modalidades técnicas do programa.

A Astrium acredita muito nas virtudes da pesquisa tecnológica, da inovação e da formação superior e, nesse sentido, tem tomado algumas iniciativas interessantes. Por exemplo, o melhor aluno de engenharia aeroespacial do ITA recebeu um convite para passar alguns meses nas instalações da Astrium na Europa para acompanhar pesquisas do interesse dele, na área da propulsão, se não me engano. Existem outras iniciativas, cujos resultados não foram ainda publicados. Posso, todavia, adiantar que, após um processo de seleção, a Astrium e a Equatorial irão apoiar, inclusive financeiramente, um ou dois projetos de pesquisas conduzidos por laboratórios ou universidades
brasileiras.

T&D - Recentemente, a Astrium inaugurou no Rio de Janeiro um escritório para sua divisão de serviços em comunicações. Qual é a atuação da empresa nesse campo no País?

Hardy - Na realidade, é a consequência direta da aquisição da empresa Vizada por nosso grupo em 2012. Estamos reorganizando a operação da Vizada no Brasil numa nova empresa que acabamos de criar efetivamente, a Astrium Serviços de Comunicação. A atuação dessa empresa será orientada essencialmente para dois segmentos: primeiro, o de comunicação marítima (“Maritime”) provendo soluções de comunicação de voz, dados e internet via satélite para embarcações que naveguem na costa brasileira; segundo, é o de soluções móveis via satélite (MSS), que abrange o portfólio de serviços INMARSAT, como BGAN para comunicação terrestre; FLEET BROADBAND, para comunicação embarcada; SWIFT BROADBAND, para comunicação aeronáutica; e ISATPHONE, para telefonia. Dentro deste segmento a Astrium também dispõe de soluções de telefonia via satélite IRIDIUM e soluções de comunicação M2M SKYWAVE.

T&D - E as expectativas?

Hardy – São de crescimento em todas as áreas. A Astrium atuará como provedora desses serviços através de canais e também diretamente. Nossa ambição é nos tornarmos um “player” importante no segmento “Maritime”, onde a Astrium tem grande participação e experiência internacional, junto a empresas transportadoras e ligadas a atividades do pré-sal. No segmento MSS, nosso objetivo é atuar em parceria com nossos canais para que estes aumentem sua participação de mercado. No nosso negócio, o “céu” não tem limites, apenas oportunidades!

T&D - A empresa é também um importante player mundial no campo de lançadores espaciais, e o Brasil está em busca de acesso autônomo ao espaço. A empresa tem olhado oportunidades neste segmento?

Hardy - Efetivamente, a Astrium é um “player” de primeira linha em nível mundial na área de lançadores de satélite e, certamente, o líder europeu neste setor. Basta lembrar que a Astrium é o “prime contractor” do foguete europeu Ariane, lançado de Kourou, na Guiana Francesa, e que, no dia 5 de junho, alcançou a marca incrível de 55 tiros seguidos bem sucedidos; desta vez, ele levou com sucesso o veículo de reabastecimento automático (ATV 4 - “Albert Einstein”), também construído pela Astrium, até a ISS (International Space Station). O ATV4 é a maior carga já transportada pelo Ariane: 20,2 toneladas. Além do Ariane, Astrium contribui para outro programa europeu de lançador, o Vega, com elementos essenciais, tais como os algoritmos de guiagem e controle, o software embarcado, o sistema de controle de atitude e equipamentos aviônicos e componentes estruturais.

Com tal experiência, é óbvio que acompanhamos com interesse os esforços brasileiros para alcançar o acesso autônomo ao espaço que o País legitimamente vem buscando. Neste contexto, a abertura para o diálogo tem sido evidente e sempre mantemos contatos regulares com o DCTA e o IAE há já vários anos.

T&D - Além do Brasil, há na América do Sul outros importantes mercados no campo espacial. A Astrium, por exemplo, já tem negócios na Argentina e no Chile, para citar dois países. Quais são as perspectivas de outros na região?

Hardy - A América do Sul é, de maneira geral, uma região que está com perspectivas promissoras no campo espacial. E é verdade que, além das fronteiras do Brasil, existem perspectivas na área.

A Argentina tem sido para a Astrium um importante cliente. Vem construindo seu primeiro satélite de telecomunicações, o Arsat-1, para o qual fornecemos importantes componentes da plataforma. Esperam-se as gerações seguintes Arsat-2 e Arsat-3 cuja cobertura deverá ser maior do que o primeiro.

O Chile é também um cliente significativo, sendo o primeiro país da região a adquirir seu próprio satélite de observação de alta resolução, o SSOT (ou FASat- Charlie), colocado em órbita em dezembro de 2011. Com uma resolução de 1,5 metros, o satélite de pouco mais de 100 kg de massa ao lançamento, foi desenvolvido e construído pela Astrium em Toulouse, com um time de engenheiros chilenos acompanhando as operações fabris “in situ”. Existem no Chile ideias para a próxima geração de satélites de observação, e também se comenta a respeito de um possível programa de satélite de telecomunicações, já que o último terremoto mostrou a vulnerabilidade das infraestruturas de “telecom” no solo, cujo disfuncionamento na ocasião foi crítico.

Outros países, como o Peru e a Colômbia, apresentam perspectivas comerciais interessantes, a médio prazo. Constata-se um interesse importante para os sistemas de observação da Terra por satélite cujas aplicações vão desde a segurança das fronteiras até o monitoramento ambiental, passando pela agricultura, a prevenção dos riscos naturais ou o monitoramento do crescimento urbano.

Em todos os casos, a América do Sul é um vasto mercado para o fornecimento de imagens ópticas ou radar de observação da Terra, bem como para serviços de comunicações comerciais ou públicas. A região toda oferece espaço para crescer, sem trocadilho!

Fonte: Tecnologia & Defesa n.º 133, julho de 2013.

Nota do blog: na última quarta-feira (31), A EADS anunciou uma ampla restruturação de suas unidades, a ser implementada em 2014, e que resultará na alteração de seu nome para Airbus Group. A companhia passará a ser formada por três divisões: a já existente Airbus, responsável por aeronaves comerciais; Airbus Defence & Space, que resultará da fusão da unidade Cassidian, de defesa e segurança, da Astrium, de espaço, e da Airbus Military, de aeronaves militares; e a Airbus Helicopters (novo nome da Eurocopter). A restruturação deverá ter reflexos em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde a Astrium, Cassidian e Airbus Military já estão presentes.
.