Mostrando postagens com marcador Sistemas inerciais. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Sistemas inerciais. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 29 de junho de 2015

VLS: spin-offs para a indústria brasileira

.

Conheça as tecnologias transferidas para a indústria pelo programa espacial brasileiro

Em 25 anos, projeto VLS permitiu nacionalização e desenvolvimento de produtos

28/06/2015 08:00h

Concebido com o objetivo de colocar em órbita satélites brasileiros, o Projeto do Veículo Lançador de Satélites (VLS), desenvolvido no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), tem trazido diversos benefícios para a indústria brasileira, representando autonomia e geração de recursos para o Brasil.

“Os resultados indiretos desse desenvolvimento já possibilitaram conquistas tecnológicas aplicadas na exploração de petróleo, equipamentos automotivos e gerenciamento de sistemas de produção, entre outros”, afirma o Tenente-Coronel José Duarte, chefe da Divisão de Sistemas Espaciais do IAE.

Desenvolvido graças a mais de 25 anos de experiência acumulada pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e a indústria nacional, o VLS-1 tem o objetivo de lançar um satélite de 200 kg a 750 km na órbita equatorial.

“O VLS-1 colocará o Brasil no seleto rol dos países capazes de projetar, fabricar, lançar, controlar, estabilizar e entregar uma carga útil em órbita terrestre. Além disso, o projeto permite elaborar tecnologias críticas, capacitando e garantindo autonomia à indústria brasileira”, explica o Coronel Duarte.

Conheça as principais tecnologias transferidas para a indústria nacional pelo programa espacial brasileiro:

Exploração de petróleo

Os conceitos de estruturas otimizadas em materiais compostos, desenvolvido no IAE, vêm sendo aplicados de maneira crescente pela Petrobras para exploração de petróleo em águas profundas, no qual a redução de peso é um fator de importância vital para equipamentos embarcados nas plataformas offshore.

Ventiladores industriais

As técnicas desenvolvidas para a produção de cascas finas estruturais permitiram a total nacionalização de diversos tipos de ventiladores industriais, equipamentos que até 1985 eram importados. Atualmente, com mais de 300 unidades operando em indústrias nacionais, o país começa a exportar o produto, ingressando num mercado de milhões de dólares.

Rotores de turbinas eólicas

Os conhecimentos de estruturas aeroelásticas, aliados aos processos de laminação a vácuo de compostos aeroespaciais, permitiram o ingresso do Brasil no mercado mundial de rotores para turbinas eólicas. Uma das mais limpas e modernas formas de geração elétrica, a energia eólica vem apresentando crescimento vertiginoso em todo o mundo. Após certificação internacional da qualidade de seus produtos, a indústria brasileira ingressou nesse mercado com turbinas operando em diversas usinas no Brasil e no exterior.

Sistemas de ventilação

As técnicas de cálculo de aerodinâmica permitiram a fabricação de sistemas especiais de ventilação de alto desempenho e baixo ruído, que hoje equipam as mais novas estações de metrô de São Paulo, com expressivas melhorias em relação aos sistemas importados da Europa.

Sistemas de flutuação

A metodologia de cálculo empregada para estruturas espaciais vem sendo aplicada nos sistemas de flutuação do robô-protótipo empregado pela Petrobras em operações especiais a grande profundidade, e também nos sistemas de geração de empuxo na extração de óleo. Protótipos desses equipamentos já foram aprovados para uso nos campos de produção da Petrobras nas costas do Espírito Santo e do Rio de Janeiro.

Usinas de álcool

Avançadas técnicas de cálculo estrutural e os conhecimentos de mecânica de fadiga permitiram a análise detalhada, revisão de projeto e alterações em componentes críticos de usinas paulistas de produção de álcool, visando eliminar perdas de produtividade durante as fases de moagem de cana-de-açúcar.

Indústria automotiva

A metodologia de projeto e análise de componentes do programa espacial está sendo usada na modernização dos veículos nacionais. São exemplos: novos tanques de combustível de ônibus da Mercedes-Benz; vasos de pressão para estocagem de gás natural dos ônibus urbanos que começam a rodar nas grandes cidades brasileiras; laminados anti-chama para o metrô do Distrito Federal; entre outros.

Desenvolvimento de produtos

Os conceitos de engenharia de sistemas utilizados nos sofisticados equipamentos de apoio aos lançamentos de foguetes, como é o caso do Banco de Controle de Lançamento do VLS, feito pelo IAE e empresas brasileiras, está sendo empregado em verificações informatizadas de produtos, contribuindo para o aumento da qualidade e produtividade das empresas. Um exemplo é o conjunto de sistemas de testes eletrônicos desenvolvido para a General Motors do Brasil.

Controle e gerenciamento de processos

Os elevados padrões de controle de processos requeridos pelo programa espacial vêm propiciando a implantação em outros segmentos de controle e gerenciamento de processos especiais, facilitando, ou mesmo automatizando, a tomada de decisões. O sistema também assegura economia de recursos por meio da racionalização de estações de supervisão e gerenciamento de distribuição de energia, de telecomunicações e de fluxos de veículos. Um exemplo significativo é a implantação de postos de pedágio informatizados em São Paulo.

O programa espacial também obteve conquistas no desenvolvimento de produtos como o aço de alta resistência, o propelente sólido para motores de foguetes e materiais compostos estruturais e termoestruturais. Outro projeto importante é o Sistema Inercial Aeroespacial (SIA), considerado tecnologia crítica, já que possui alto custo de aquisição.

Fonte: Agência Força Aérea
.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Satélites do INPE: o factível em 2016 - 2018

.
No início deste mês, entrevistamos por telefone o vice-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Oswaldo Duarte Miranda, que apresentou brevemente um panorama sobre os projetos de satélites em andamento no Instituto. A seguir, listamos os principais tópicos abordados na conversa:

- Indústria espacial: questionado pela reportagem, o dirigente falou sobre a necessidade de cadência de missões para gerar carga de trabalho à indústria, por meio de uma "política espacial de médio e longo prazo". "Hoje há uma lacuna efetiva [de contratos]", disse. Com o CBERS 4, lançado ao espaço em dezembro último, fechou-se um ciclo, e muito embora haja previsão de algumas contratações da indústria para o CBERS 4A, para retrabalho em sobressalentes, estas serão em escala bem menor.

- Amazônia-1 - Parte 1: para este ano está previsto o início das atividades de integração do modelo de voo do Amazônia-1, satélite de observação baseado na Plataforma Multimissão (PMM). Os contratos industriais estão todos em fase final, e espera-se para o 1º semestre os trabalhos, desenvolvidos pelo INPE e Agência Espacial Brasileira (AEB), visando à definição e contratação do lançamento. No ritmo atual, e se não houver surpresas, acredita-se num voo dentro de dois anos.

- Amazônia-1 - Parte 2: no final deste mês ou, no mais tardar no início de fevereiro, deve acontecer a entrega do sistema de controle de atitude e órbita contratado junto a argentina INVAP. Este será então submetido a testes de qualificação. Sobre o problemático subsistema de suprimento de energia, para muitos o grande gargalo da PMM, ainda existem discussões entre a AEB, INPE a indústria responsável por seu desenvolvimento e fabricação. Segundo Miranda, não está descartada a contratação de outra indústria para a conclusão do subsistema.

- Amazônia-1 - Parte 3: está sendo seriamente considerada possibilidade de que a carga útil principal do satélite, um sensor imageador, seja uma câmera WFI (Wide Field Imager) similar a do CBERS 4, e não a versão avançada (AWFI), cujo desenvolvimento tecnológico, a cargo da Opto Eletrônica, enfrenta dificuldades, sem expectativa de ser encerrado em menos de dois anos. Uma decisão definitiva deve ser tomada ainda no primeiro semestre, e caso vá adiante, o blog Panorama Espacial entende que deve resultar em nova encomenda junto a indústria (possivelmente um consórcio entre a Equatorial Sistemas e a Opto, que trabalharam juntas na segunda geração do CBERS, ou uma das duas isoladamente). A AWFI voaria no futuro Amazônia-2.

- Transpônder de Coleta de Dados: o INPE trabalha com a ideia de, sujeito ainda a uma análise de engenharia mais apurada, a partir do Amazônia-1, que todo satélite nacional leve a bordo um transpônder de coleta de dados (DCS, sigla em inglês) para atender o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais (SBCDA). A carga útil foi desenvolvido pela CRN/INPE, de Natal (RN). Também há certa expectativa com o SCD-Hidro, para atender uma necessidade da Agência Nacional de Águas (ANA), tendo o INPE participado de conversas no final de 2014.

- Missões científicas: até 2004/2005, o INPE considerava duas missões científicas com satélites distintos, o EQUARS (estudos dos efeitos da anomalia magnética no Atlântico Sul), e o MIRAX (imageador de raios X de gama). Em dado momento, ocorreu uma "fusão" de ambas as missões em uma única plataforma (PMM, de cerca de 500 kg), dando origem ao Lattes-1. Oswaldo Miranda revelou que a atual direção do INPE deseja retomar as missões satelitais científicas de pequeno porte, com estudos nesta direção. Destacou o "gap" hoje existente no programa de satélites brasileiros, com missões de cubesats, mas nada de menor porte (na faixa de 100 kg) até a PMM. O primeiro projeto na fila seria o EQUARS, com condições de voar de 3 a 4 anos.

- Sistemas de controle de atitude e órbita: trata-se de uma "ação prioritária" (aliás, ACDHs são uma das tecnologias consideradas críticas e não dominadas pelo Brasil), na opinião de Miranda. "O grande gargalo hoje é o software embarcado". O INPE faz parte do projeto SIA, tendo um laboratório conjunto com o Instituto de Aeronáutica e Espaço - IAE em São José dos Campos (SP), e trabalha junto com indústrias nacionais na busca de autonomia nessa área. Nos passos atuais, espera-se que um ACDH nacional esteja pronto em cerca de dois anos, para no futuro voar num segundo modelo de voo da PMM (Amazônia-2 ou Lattes-1/MIRAX). O vice-diretor citou a COMPSIS como uma parceira industrial importante nesse projeto, destacando também o papel do Instituto Mauá de Tecnologia. Aqui cabe uma observação do blog: quem também está bem interessado em desenvolvimentos locais desta tecnologia é a Visiona Tecnologia Espacial. Foi um dos assuntos destacados por seu presidente, Eduardo Bonini, em audiência no Senado Federal em novembro de 2014.

- Período 2016 - 2018: nos últimos minutos da conversa, resumindo a entrevista, Miranda ressaltou que o INPE hoje vê de forma factível a execução das seguintes missões no período de 2016 a 2018, a depender, é claro, de recursos: o CBERS 4A, o Amazônia-1, o EQUARS (plataforma de 100 kg) e o MIRAX (PMM).
.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

AEL Sistemas entrega subsistema para o SIA

.

A gaúcha AEL Sistemas entregou no final de junho os primeiros modelos do computador de bordo (on board computer - OBC) da plataforma orbital do Projeto SIA (Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial), iniciativa liderada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), de São José dos Campos (SP).

Segundo Marcos Arend, Diretor de Tecnologia da AEL Sistemas, a entrega compreendeu duas unidades do OBC, além de um sistema automático de testes, capaz de avaliar as interfaces entre as diferentes unidades que compõem o subsistema.

Arend destacou ao blog Panorama Espacial as principais características do OBC, que “tem uma complexidade razoável”.  O equipamento nacional foi projetado para ser a prova de falhas simples, resistente à radiação e fez uso extensivo de novas tecnologias a fim de reduzir massa e volume.

Outra característica importante foi o uso massivo de hardware reconfigurável, permitindo a alteração ou acréscimo de novas funcionalidades, aumentando o ciclo de vida do equipamento.

O OBC é composto por dez sub-unidades, sendo as cinco principais: a de processamento (UPC); a interface de telecomando e telemetria (UTMC);  de diagnósticos e supervisão do subsistema (UR); a unidade de controle e distribuição de potência (UDP); e a de comunicação interfaces (UAT) com os demais componentes do sistema inercial, como o giroscópio, sensor de estrelas e atuadores.

O equipamento tem vida útil estimada em quatro anos com confiabilidade de 0.99.

Marcos Arend revelou que para o desenvolvimento do OBC, a AEL Sistemas fez um investimento interno considerável, tendo expectativa de no futuro ter um modelo qualificado para aplicações em plataformas orbitais.

Os modelos entregues devem ser submetidos a vários testes nos laboratórios do INPE e receberão os algoritmos de controle de atitude órbita desenvolvidos pelo grupo do projeto SIA. A expectativa é que no próximo ano ocorra a contratação de modelos de qualificação e de voo.

Outras iniciativas em espaço

O trabalho da AEL Sistemas no campo espacial não se resume ao OBC. A empresa participa de projetos de satélites brasileiros, fornecendo os subsistemas de suprimento de energia (11 diferentes dispositivos), sendo o maior fornecedor em número de equipamentos.

No ano passado, a AEL trabalhou ativamente junto com outros parceiros do Rio Grande do Sul na elaboração de uma proposta de desenvolvimento de um microssatélite multimissão para aplicações militares (MMM), no âmbito do Inova Aerodefesa.

Segundo Arend, a empresa mantém o interesse em pequenas plataformas para aplicações espaciais, considerando as várias iniciativas e projetos que estão surgindo no Brasil, inclusive no Rio Grande do Sul. Vale citar o caso do NanosatC-Br-1, primeiro cubesat nacional, que conta com envolvimento significativo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Nota do blog: para mais informações sobre o OBC, veja a reportagem "Desenvolvimento do primeiro computador de bordo brasileiro para satélites é concluído", da Agência O Globo.
.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

"FINEP - Apoiando a inovação em setores estratégicos"

.
FINEP - Apoiando a inovação em setores estratégicos

André M. Mileski

Não é incomum encontrar em projetos nacionais de tecnologia militar o nome FINEP, ou então seu logotipo em protótipos ou cartazes de apresentação. De fato, esta sigla, de alguma forma, direta ou indiretamente, está presente em praticamente todos os setores considerados estratégicos pelo Brasil, como a agricultura, petróleo e gás, energia, telecomunicações, biotecnologia e, é claro, defesa e aeroespacial. Mas, afinal, o que vem a ser a FINEP, e qual é o seu papel?

Criada em 24 de julho de 1967, a FINEP - Agência Brasileira da Inovação é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com a missão de”promover o desenvolvimento econômico e social do Brasil por meio do fomento público à Ciência, Tecnologia e Inovação em empresas, universidades, institutos tecnológicos e outras instituições públicas ou privadas.”

A partir de 1969, com a instituição pelo Governo Federal do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), criado com o propósito de financiar a expansão do sistema de Ciência &Tecnologia, o papel da FINEP como indutora de atividades inovadoras ganhou enorme impulso. Tal função, associada ainda ao seu caráter de financiadora do desenvolvimento científico e tecnológico, ficou ainda mais evidenciada com a edição da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia & Inovação (ENCTI), análoga da Estratégia Nacional de Defesa em relação à Ciência & Tecnologia que, aliás, elenca dentre as áreas prioritárias o Complexo Industrial da Defesa, o Aeroespacial e o Nuclear.

Atualmente, a FINEP apoia todas as etapas e dimensões do ciclo que se estende da pesquisa básica à aplicada, além da melhoria e desenvolvimento de processos, produtos e serviços associados à inovação. Na esfera privada, sua atuação se dá por meio de programas de liberação de recurso reembolsáveis, na forma de empréstimos, não reembolsáveis (subvenções), e também investimentos indiretos, por meio de fundos de investimento, em empresas classificadas como inovadoras.

Junto ao apoio direto a essas iniciativas pela iniciativa privada, a FINEP ainda atua na destinação de recursos não reembolsáveis, oriundos de fundos setoriais, para o apoio a projetos de C,T&I apresentados por instituições científicas e tecnológicas (ICTs) nacionais. É nesse âmbito que a empresa administra o PROINFRA, para apoio a projetos de manutenção, atualização e modernização da infraestrutura de pesquisa de ICTs. Dezenas de universidades e centros de pesquisa brasileiros recebem recursos para a criação, ampliação e/ou modernização de laboratórios e infraestrutura para Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (P,D&I).

As linhas de financiamento da FINEP são abastecidas com recursos orçamentários, do MCTI, e também pelos Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia, criados a partir de 1999. Hoje, existem 17 desses fundos, sendo 14 para setores específicos, dentre eles o aeronáutico e o espacial. Os fundos setoriais são capitalizados por variadas fontes, como contribuições incidentes sobre o resultado da exploração de recursos naturais pertencentes à União, e parcelas de tributos incidentes em setores e atividades específicas.

Aeroespacial e de defesa

Com base em indicadores de intensidade de P,D&I, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, sigla em francês) classifica os setores produtivos em quatro grupos principais de intensidade tecnológica, sendo que o aeroespacial, ao lado dos farmacêutico, informática, eletrônica e comunicações figuram no topo dessa classificação, considerados de alta intensidade tecnológica.

Não é sem motivo, portanto, que a FINEP tem apoiado ao longo de sua história iniciativas nas áreas aeroespacial, de defesa e segurança, tanto por meio de apoio direto à iniciativa privada, com financiamentos e subvenções econômicas, como investimentos e aportes de recursos em programas de centros de pesquisa e tecnologia das três Forças Armadas, universidades e entidades ligadas ao Programa Espacial Brasileiro.

Em matéria aeronáutica, por exemplo, um dos projetos mais bem sucedidos e que contou com o apoio da agência foi a aeronave de treinamento EMB-312 Tucano, da Embraer, que obteve grande sucesso em exportações e também contribuiu de forma significativa para determinadas capacitações pela Embraer, hoje terceira maior fabricante de aeronaves no mundo.

No campo espacial, é também largamente reconhecida a atuação, tanto na cadeia industrial ou diretamente no projeto propriamente dito, da FINEP no programa do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), iniciado no final da década de 1980 e com cinco satélites de observação já contratados. Com a retomada nos últimos anos da indústria brasileira de defesa, o papel da FINEP como indutora do desenvolvimento de novas tecnologias foi fortalecido. No período de 2004 ao início de 2011, a agência destinou mais de R$1 bilhão apenas para a área de defesa, montante significativamente ampliado nos últimos anos.

Uma das empresas mais beneficiadas com o apoio da FINEP é a Mectron, de São José dos Campos (SP), hoje parte da Odebrecht Defesa e Tecnologia. Ao longo de sua história, recebeu contratos com a agência que, somados, superam mais de R$382 milhões, principalmente para projetos de mísseis. Apenas o míssil ar-ar de quinta geração A-Darter, uma parceria binacional do Brasil e da África do Sul, registrou aportes de linhas do MCTI próximos de R$250 milhões.

No campo naval, projetos tecnológicos não tão conhecidos, mas significativos, também foram beneficiados pela FINEP. É o caso do Sistema de Detecção, Acompanhamento e Classificação de Contatos (SDAC), desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM) em conjunto com a Atech, cujo objetivo futuro é obter um sistema sonar passivo nacional; do Sistema de Aquisição de Dados Acústicos, Magnéticos, Pressão e Campo Elétrico (SAAMPE), para emprego em guerra de minas navais; e do Sistema Integrado de Navegação Inercial para Veículos Submarinos Autônomos (SINVSA).

Em segurança pública, nos últimos anos, a FINEP investiu mais de R$80 milhões em financiamentos, muito em vista da realização dos grandes eventos esportivos no Brasil, como a Copa do Mundo da FIFA, em 2014, e os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016. Foram beneficiadas iniciativas como o sistema de comunicações do “Disque-Denúncia” no Rio de Janeiro (RJ), e pequenos robôs para a neutralização de explosivos. O robô, chamado DIANE, da Ares Aeroespacial, recebeu R$2,6 milhões. Outro campo apoiado foi o das análises forenses que, a cada dia, se tornam mais importantes para a rápida resolução de crimes. A FINEP financiou o Programa de Ciência e Tecnologia Aplicado à Segurança Pública, do Instituto Nacional de Criminalística (INC), de Brasília (DF), para apoio e fomento a projetos de P&D de novas tecnologias, inovação e capacitação em análises químicas, mineralogia, genética, geofísica, geoprocessamento e análise papiloscópica.

Inova Aerodefesa

Em maio de 2013, o Governo Federal, com efetiva participação da FINEP, deu um importante passo para estimular as atividades de P,D&I por meio do lançamento do edital de seleção pública do plano Inova Aerodefesa, que destinará R$ 2,9 bilhões para a inovação tecnológica nos setores aeroespacial, de aeronáutica, de defesa e de segurança pública. O plano é voltado para as indústrias e centros de pesquisas, e visa fortalecer setores estratégicos por meio de ações para estimular a parceria entre iniciativa privada e instituições, com descentralização de crédito e subvenção econômica para o investimento em programas de inovação tecnológica. Dos valores disponíveis, R$2,4 bilhões são de linhas da FINEP e, outros R$500 milhões, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O edital faz parte do Plano Inova Empresa, lançado em março último, e que prevê a articulação de diferentes ministérios e apoio por meio de crédito e financiamento, num total de R$ 32,9 bilhões a aplicar até 2014, destinados a empresas brasileiras de todos os portes que tenham projetos inovadores. O objetivo são os setores considerados prioritários como saúde, aeroespacial e defesa, energia, petróleo e gás, sustentabilidade socioambiental e tecnologia da informação.

O primeiro edital do Inova Aerodefesa elencou quatro linhas temáticas: (i) Aeroespacial – propulsão espacial (motores e veículos); a plataformas e satélites (de pequeno porte) e à indústria aeronáutica visando aeronaves mais eficientes; (ii) Defesa – sensores e/ou sensoriamento remoto (equipamentos e/ou componentes),sistemas e subsistemas de comando e controle; (iii) Segurança Pública – sistemas de identificação biométrica e a sistemas de informações (tais como o SIG-Sistemas de Informações Geográficas), e ainda diversos tipos de armas não letais; e (iv) Materiais Especiais – para aplicações diversas e na indústria de defesa (fibras e carbono e compósitos) incluindo ligas metálicas à base de aços.

Em julho, a FINEP divulgou o resultado preliminar das selecionadas para o programa, tendo sido habilitadas 69 empresas líderes, que incluem gigantes como a Embraer, General Electric, Helibras, e grandes construtoras como a Odebrecht e Andrade Gutierrez, e outras, de médio e pequeno portes. Somados todos os projetos apresentados, a demanda qualificada de recursos é de R$ 12,6 bilhões, valor bem acima dos R$2,9 bilhões disponibilizados. No final de agosto, foi realizado um workshop em São Paulo (SP) para reunir as empresas qualificadas, assim como parceiros e ICTs. Como é natural nessas iniciativas, nem todos os projetos pré-selecionados serão beneficiados neste primeiro edital, mas, a partir da criação do Inova Aerodefesa, espera-se o lançamento frequente de novos processos de seleção no futuro.

No início de setembro, outro meio de financiamento, conceitualmente mais capitalista, foi lançado pela FINEP, juntamente com o BNDES, a Agência de Fomento do Estado de São Paulo S/A, e a Embraer, por meio da aprovação de uma chamada pública para a seleção de uma gestora de um fundo de investimento em participações focado nos setores aeronáutico, aeroespacial, de defesa e de segurança. O fundo, que ainda será constituído, terá um capital comprometido inicial de R$130 milhões, sendo que a FINEP investirá R$40 milhões. Fará investimentos em empresas desses setores, na expectativa de que os investimentos se valorizem e sejam realizados por meio da venda das participações ou aberturas de capital, dentre outras formas de saída.

Com o Inova Aerodefesa e o fundo de investimento, o desenvolvimento tecnológico e a inovação de setores estratégicos como o aeroespacial e defesa, altamente demandantes de recursos, passarão a contar com mais opções de financiamento.

Alguns projetos apoiados pela FINEP

- Projeto VANT: desenvolvido pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Centro Tecnológico do Exército (CTEx), Instituto de Pesquisas da Marinha (IpqM) e Avibras Aeroespacial.

- Projeto Guarani: mais de R$10 milhões para o desenvolvimento da Viatura Blindada de Transporte Pessoal Média de Rotas (VBTP-MR) Guarani, do Exército Brasileiro.

- Radares da família SABER: aporte de mais de R$40 milhões, oriundos de fundos setoriais, para o desenvolvimento dos radares de vigilância SABER M60 e M200, projeto do CTEx e da empresa Orbisat [Nota do blog: agora chamada Bradar], hoje parte do grupo Embraer Defesa e Segurança.

- Míssil A-Darter: recursos para o projeto do míssil ar-ar de quinta geração A-Darter, iniciativa conjunta entre os governos do Brasil e África do Sul, que conta com a participação das empresas nacionais Mectron (Odebrecht), Avibrás Aeroespacial e Opto Eletrônica.

- Sistemas Inerciais: mais de R$ 40 milhões para o projeto Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial (SIA), iniciativa conjunta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), do DCTA e de várias indústrias da região do Vale do Paraíba (SP) visando o domínio nacional em sistemas inerciais de navegação para foguetes e satélites. No âmbito do SIA, foi também construído o LABSIA - Laboratório de Sistemas Inerciais, no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), inaugurado em julho deste ano. Ainda em matéria de sistemas inerciais, a empresa vinculada ao MCTI destinou cerca de R$3,3 milhões para o desenvolvimento e fabricação no País de uma mesa inercial, um equipamento composto por múltiplos eixos, utilizado para a realização de testes e calibração. O projeto está a cargo da Infax Tecnologia e Sistemas, pequena empresa com sede no Rio de Janeiro (RJ).

- Treinador T-Xc: subvenção econômica de aproximadamente R$10 milhões para o desenvolvimento do treinador primário T-Xc, da Novaer Craft, que pode vir a substituir os T-25 Universal operados pela Academia da Força Aérea em Pirassununga (SP).

- Ampliação do LIT/INPE: destinação de R$45 milhões para a ampliação da capacidade do Laboratório de Integração e Testes (LIT), do INPE, em São José dos Campos (SP), para integração, testes e ensaios de satélites de até 6 toneladas.

- PROANTAR: investimento não reembolsável de R$69 milhões para a aquisição do navio polar de pesquisa oceanográfica Almirante Maximiano, operado pela Marinha do Brasil.

- Supercomputador do CPTEC/INPE: o supercomputador Cray, batizado de Tupã, instalado no Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE), em Cachoeira Paulista (SP), em operação desde o final de 2010, recebeu R$35 milhões em recursos da FINEP. Nos últimos 20 anos, a FINEP destinou cerca de R$ 100 milhões em infraestrutura e projetos na área de meteorologia, especialmente nos dois centros de meteorologia e pesquisas climáticas do País, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e o CPTEC/INPE.

Fonte: revista Tecnologia & Defesa n.º 134, outubro de 2013.
.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Cooperação INPE - Instituto Mauá de Tecnologia

.
INPE firma parceria com Instituto Mauá de Tecnologia

Quinta-feira, 15 de Agosto de 2013

Um equipamento para sistemas de controle de atitude e órbita de satélites será o primeiro projeto desenvolvido em parceria pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), que celebraram um protocolo de intenções nesta quarta-feira (14/8).

"Pretendemos ter em dois anos um modelo de engenharia desse atuador", informou José Carlos de Souza Junior, reitor do Centro Universitário do IMT, sobre o desenvolvimento da tecnologia usada em sistemas que determinam a trajetória e direção em que o satélite deve permanecer apontado no espaço. "Nossa especialidade é a engenharia aplicada e estamos satisfeitos em contar com a experiência do INPE", completou o reitor.

Para Leonel Perondi, diretor do INPE, a parceria com o IMT pode se estender a outras áreas, como sensoriamento remoto, por meio de produtos baseados em imagens de satélites e monitoramento ambiental.

Outra possibilidade é o uso da infraestrutura de testes de alta confiabilidade disponível no INPE, especialmente em projetos conduzidos pelo IMT para a indústria automobilística.

"Esta parceria tem caráter de desenvolvimento de produtos", declarou o diretor do INPE.

Cooperação

O IMT presta serviços tecnológicos e realiza pesquisas em sistemas eletrônicos embarcados, entre outras áreas, além de oferecer cursos de graduação e pós-graduação.

A parceria entre INPE e IMT pretende ainda facilitar o desenvolvimento de atividades acadêmicas, científicas e técnicas, com ações de intercâmbio de docentes, técnicos e estudantes que contribuam para o avanço científico e para o fortalecimento de seus recursos humanos especializados.

Informações sobre o Instituto Mauá de Tecnologia no site www.maua.br

Fonte: INPE
.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

LABSIA: Laboratório de Sistemas Inerciais

.
INPE e IAE inauguram laboratório para sistemas de navegação inercial usados em satélites e veículos espaciais 

Quinta-feira, 25 de Julho de 2013

O desenvolvimento de sistemas de controle de atitude e órbita, fundamental para autonomia tecnológica brasileira, ganha impulso com a instalação do LABSIA - Laboratório de Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial, em São José dos Campos (SP).

Resultado da parceria entre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), o LABSIA será inaugurado nesta sexta-feira (26/7), às 9 horas, pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp.

Logo após breve cerimônia no INPE, autoridades, pesquisadores e convidados se dirigirão para o IAE, no campus do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), onde está instalado o LABSIA.

O LABSIA possui dois pavimentos. “O térreo será utilizado para integração de giroscópios de fibra ótica, usados em veículos espaciais e satélites, tecnologia bastante avançada desenvolvida pela indústria brasileira com a supervisão do INPE e DCTA. No outro andar temos sensores e equipamentos integrados a um sistema computacional. Essa estrutura serve para simular o sistema de controle e atitude e verificar como o satélite se comportará no espaço”, informa Valdemir Carrara, da Divisão de Mecânica Espacial e Controle do INPE.

A infraestrutura permitirá realizar testes de qualificação de sistemas de controle de atitude para satélites estabilizados em três eixos, com desempenho compatível com aqueles exigidos por satélites de observação da Terra de alta resolução espacial.

O laboratório reúne computadores para simulação, placas de aquisição e geração de sinais, interfaces de comunicação padronizadas e compatíveis para satélites, sistemas para operação em tempo real, computador de emulação do computador de bordo, além de toda a infraestrutura necessária para configurar e operar o sistema.

“Uma plataforma suspensa em colchão de ar entrará em operação no LABSIA, pois este conta com um teto retrátil construído especialmente para permitir a incorporação do sensor de estrelas na malha de simulação física com estímulo real nos testes a serem realizados em período noturno. Assim, o LABSIA proverá o Brasil com a infraestrutura e os meios necessários para o desenvolvimento e testes de sistemas de controle de atitude e órbita”, conclui o engenheiro do INPE.

O novo laboratório foi construído no âmbito do projeto SIA (Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial), desenvolvido pelo INPE com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Sistemas inerciais, considerados tecnologia crítica em qualquer programa espacial, são utilizados na estabilização de satélites em órbita e na orientação da trajetória de um foguete no espaço.

Fonte: INPE

Comentário do blog: conforme mencionado na nota divulgada pelo INPE, sistemas inerciais são considerados tecnologia crítica em qualquer programa espacial. Inclusive, sua comercialização é bastante controlada. Os sistemas inerciais utilizados nas três missões do VLS são de origem russa (cinco unidades adquiridas em meados da década de noventa) - vejam a postagem "Sistemas inerciais: o clacanhar-de-aquiles do VLS", de julho de 2008. Um sistema nacional, desenvolvido no âmbito do projeto SIA, voará no próximo teste do VLS-1, programado para 2014.
.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Inovação: mesa de testes para sistemas inerciais


Foi publicada no início deste mês a 15ª edição da revista "Inovação em Pauta", editada pela área de comunicação da FINEP, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Uma das reportagens desta edição trata de sistemas inerciais e do desenvolvimento e fabricação no País de uma mesa inercial, um equipamento composto por múltiplos eixos, utilizado para a realização de testes e calibração. O projeto está a cargo da Infax Tecnologia e Sistemas, pequena empresa com sede no Rio de Janeiro (RJ), e conta com subvenção econômica da FINEP, em valor pouco superior a 3,3 milhões de reais.

Os sistemas inerciais, considerados uma tecnologia crítica, são equipamentos fundamentais para guiagem e controle de lançadores, foguetes, mísseis e aeronaves, dentre outros.

Para acessar a reportagem (páginas 26 a 28), clique aqui.
.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

"Acesso autônomo ao espaço - onde o Brasil quer chegar"



Acesso autônomo ao espaço - Onde o Brasil quer chegar

André M. Mileski

Das chamadas potências emergentes, conhecidas pela sigla BRIC, criada em 2003 pelo economista Jim O’Neill, do banco de investimentos norte-americano Goldman Sachs, o Brasil é, atualmente, o único país a não contar com acesso autônomo ao espaço. A Rússia, pioneira, então União Soviética, alcançou este feito em 1957. A China, em 1970, e a Índia, em 1980. Hoje, estes países não só atendem suas demandas internas, como comercializam serviços de lançamento no mercado internacional e mesmo detêm capacidade madura ou em processo de desenvolvimento para missões espaciais tripuladas.

Muito embora o Brasil ainda não possa fazer isso, o interesse em contar com acesso autônomo, no entanto, não é uma novidade. Desde 1979, com a criação da Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), com iniciativas nas áreas de satélites, infraestrutura terrestre e lançadores, o País vem buscando este acesso, por meio do programa do Veículo Lançador de Satélites, o VLS-1. A partir de 1994, com a criação da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), atualizado de tempos em tempos, o segmento de lançadores sempre constou dos planos espaciais nacionais.

Em 2005, o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), vinculado ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), do Comando da Aeronáutica, lançou o Programa Cruzeiro do Sul que, num horizonte de 17 anos, visava desenvolver uma família de lançadores de satélites apta a atender as necessidades do seu programa espacial e algumas missões internacionais. Assim, previa-se o desenvolvimento de cinco lançadores de classes distintas (ver box).

Dentro do programa espacial, o Cruzeiro do Sul é visto como conceitual e serve como diretrizes para iniciativas em desenvolvimento ou discussão. Propostas para o desenvolvimento dos VLS-Alfa e Beta, possivelmente em regime de cooperação internacional, foram apresentadas à AEB e estão em análise, estando os conceitos do VLS-Gama, VLS-Delta e VLS-Epsilon em rediscussão, uma vez que apresentam baixa demanda (caso do Gama e Epsilon) ou concorrem com outras iniciativas nacionais (Delta).

Programa Cruzeiro do Sul:

- VLS-Alfa, concebido para atender o segmento de cargas úteis na faixa de 200-400 kg destinados a órbitas equatoriais baixas

- VLS-Beta, capaz de atender missões de até 800 kg para órbita equatorial a 800 km de altitude

- VLS-Gama, destinado a missões de cargas úteis de cerca de 1.000 kg em órbitas heliossíncronas e polares

- VLS-Delta, focado em missões geoestacionárias, com capacidade de colocação de cargas de cerca de 2.000 kg em órbitas de transferência geoestacionária; e

- VLS-Epsilon, para cargas úteis geoestacionárias de maior porte, de cerca de 4.000 kg

Novos impulsos

A edição da Estratégia Nacional de Defesa, em dezembro de 2008, apontou o setor espacial, ao lado do nuclear e cibernético, como um dos seus pilares decisivos. O documento, que serve como diretriz para todo o processo de transformação e atualização das Forças Armadas, indica a necessidade “do desenvolvimento de veículos lançadores de satélites e sistemas de solo para garantir acesso ao espaço em órbitas baixa e geoestacionária”, em processo coordenado pela AEB, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Desde então, iniciativas já em andamento, como o programa VLS, a parceria com a Ucrânia na Alcântara Cyclone Space, e outras novas, como o Veículo Lançador de Microssatélites (VLM) e propostas de cooperação em lançadores de maior porte passaram a ter um maior destaque nos planos do governo.

O VLS

Ao longo de mais de 40 anos, em meio a severas restrições orçamentárias e embargos internacionais, foram três tentativas de lançamento do VLS; em 1997, 1999 e 2003, todas mal sucedidas. Com a tragédia de 2003, que vitimou 21 especialistas do IAE, o programa sofreu um duro golpe, resultando em atraso de vários anos. Apesar do golpe, o projeto continuou e passou por uma revisão crítica que contou, inclusive, com a participação de técnicos da Rússia.

Recentemente, com uma retomada mais clara do Programa Espacial Brasileiro, caracterizada principalmente pela destinação de mais recursos orçamentários, passou a haver mais destaque, com cronogramas claros de retomada. Ensaios de diversos subsistemas do lançador, contratados junto à indústria nacional, são frequentemente realizados nas instalações do IAE em São José dos Campos (SP). Hoje, planeja-se a realização de duas missões tecnológicas, denominadas XVT-1 (VSISNAV) e XVT-2, e uma do lançador completo, com todos os seus estágios, a VO4. O primeiro voo, previsto para ocorrer em 2013, seria constituído de um foguete com o primeiro e segundo estágios ativos, ocasião em que também se pretende testar o sistema de navegação SISNAV. Espera-se que um segundo voo, mais completo, ocorra no ano seguinte, o que depende do repasse de recursos financeiros pela AEB, segundo revelou à T&D o brigadeiro Carlos Kasemodel, diretor do IAE, em entrevista concedida no final de julho.

Em junho e julho de 2012, foi realizada no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, a Operação Salina, período de 26 dias em que foram ensaiados e simulados diversos sistemas da Torre Móvel de Integração (TMI), concluída no final de 2011, visando a verificação da integração física, elétrica e lógica do VLS-1 com a nova torre.

Pouco conhecida para o público em geral, a cooperação entre a agência espacial da Alemanha (DLR) e o IAE completou quatro décadas. Marcada por muitos sucessos e missões conjuntas envolvendo foguetes de sondagem, a atuação dos dois países deve alcançar um novo marco com o Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1), que entrou em fase de projeto em 2012, após um período de estudos de concepção.

Apesar de ser um veículo orbital, a primeira missão prevista para o VLM-1 não será de satelitização, mas sim a realização do experimento SHEFEX 3 (Sharp Edge Flight Experiment), que objetiva testar o comportamento de novos materiais e proteção térmica necessários para se dominar a tecnologia de voos hipersônicos e de veículos lançadores reutilizáveis, previsto para 2015 ou 2016. Além da participação de 25% nos custos de desenvolvimento, estimados em R$100 milhões, os alemães estão envolvidos em áreas como engenharia de sistemas, sistemas de controle e atuadores.

Em sua configuração inicial, o VLM-1 será um foguete de três estágios de propelentes sólidos, sendo os dois primeiros com o motor S50, o maior já desenvolvido e a ser construído no Brasil até hoje; e, o último, o propulsor S44, já qualificado em voo pelo foguete de sondagem VS-40. O S50, que tem 1,45 metro de diâmetro, 5 metros de comprimento e cerca de 12 toneladas de propelente, está sendo desenvolvido pelo IAE, em parceria com os alemães.

O VLM-1 terá capacidade de lançar cargas úteis de até 200 kg em órbita equatorial a 300 km de altitude, ou 180 kg para órbitas inclinadas, em missões científica, tecnológicas ou de observação terrestre. Em sua concepção, baseada no equilíbrio entre confiabilidade e custo, trabalha-se com o objetivo de se criar diferentes versões, mantendo-se os dois primeiros estágios e modificando o terceiro. Dessa forma, com um motor mais potente no terceiro estágio, sua performance poderia ser aprimorada, tornando-o apto a lançar satélites de até 350 kg a 300 km de altitude, em órbita equatorial, ou 150 kg com inclinação de 98 graus a uma altitude de 600 km. Nos planos do IAE, também é considerada a criação de uma versão com um último estágio de propulsão líquida, o que possibilitaria uma maior precisão para a inserção de satélites em órbita, em razão da possibilidade de reignições durante o voo. Esta versão, aliás, é vista como crucial para atender um dos objetivos do projeto, que seria o de atender a um nicho pouco explorado no mercado de lançamentos.

Outro aspecto que deve ser atendido é o de política industrial. Nos últimos anos, o IAE tem dedicado especial atenção à transferência de projetos para o setor industrial espacial, e com o VLM-1 não deve ser diferente. A participação ocorre desde a concepção, passando pelo desenvolvimento e culminando na produção. De fato, a CENIC, de São José dos Campos, já atua no projeto do envelope-motor S50, feito em fibra de carbono, e há expectativa de que o Instituto contrate no futuro outras empresas para atuar no carregamento de propelente e redes elétricas, dentre outros subsistemas.

Propulsão líquida

Paralelamente ao VLS e VLM-1, o IAE também promove iniciativas num domínio considerado essencial para a autonomia brasileira em veículos lançadores: propulsão líquida, bastante apreciada por possibilitar colocações mais precisas de cargas úteis em órbita. Alguns projetos de motores-foguetes líquidos estão em desenvolvimento pelo IAE, como o L5, L15 e L75, de diferentes portes.

O L75, o maior deles, busca o modelo de engenharia de um motor foguete a propelente líquido, usando o par propelente oxigênio líquido e querosene, pressurizados por turbo bomba, capaz de gerar 75 KN de empuxo no vácuo. É destinado a veículos lançadores de satélites, uma vez que seu controle do empuxo e do tempo de queima possibilita a colocação em órbita de satélites com precisão. Ao longo de 2012, vários projetos relacionados ao L75 avançaram, como o seu plano mecânico detalhado, fabricação, plano mecânico dos modelos de engenharia e elaboração dos procedimentos de montagem, inspeção e teste. Para os próximos anos, as etapas serão o desenvolvimento da câmara de combustão, do turbo bomba e das válvulas reguladoras, e a construção de novo banco de testes para ensaios das bombas.

Além dos motores propriamente ditos, o IAE também desenvolve, em conjunto com a Orbital Engenharia, o Sistema de Alimentação Motor-Foguete (SAMF), que teve alguns protótipos construídos e encontram-se em ensaios de qualificação nas instalações do IAE. A finalização do SAMF é tida como essencial para a realização de testes em voo de propulsores líquidos, pois controla a alimentação do motor foguete a propelente líquido, alimentando-o com propelente nas pressões e vazões necessárias para o seu correto funcionamento.

ACS

As iniciativas brasileiras em matéria de acesso ao espaço não se restringem apenas a projetos de desenvolvimento tecnológico. A Alcântara Cyclone Space (ACS), uma binacional constituída pelos governos do Brasil e da Ucrânia, tem planos de operar o lançador ucraniano Cyclone 4 a partir do CLA, com objetivos inicialmente comerciais, mas que hoje também apontam para um caráter mais estratégico, buscando atender algumas necessidades do Programa Espacial Brasileiro.

A cooperação espacial entre o Brasil e a Ucrânia em serviços de lançamento tem origens no final da década de 1990. Mas, apenas em 2003, com a assinatura do Tratado sobre Cooperação de Longo Prazo na Utilização do Veículo de Lançamento Cyclone 4 no CLA, se tornou mais concreta. Três anos depois, foi criada a ACS com a finalidade de viabilizar o projeto, administrar o complexo de lançamento e explorá-lo comercialmente. Desde então, centenas de milhões de reais oriundos dos países sócios foram investidos, com obras de toda a infraestrutura terrestre no CLA, assim como o desenvolvimento do lançador na Ucrânia, em andamento.

Num primeiro momento, o acordo que deu origem à ACS não tem caráter de transferência de tecnologia, mesmo que, ao menos do lado ucraniano, pareça haver disposição para a ampliação do escopo da cooperação para isso. Apesar de não haver envolvimento brasileiro no Cyclone 4, capaz de colocar cargas úteis de até 5.500 kg em órbita baixa a 700 km de altitude e 1.700 kg em órbita de transferência geoestacionária, este engenho teve algum impacto nos planos nacionais de lançadores. Hoje, não se considera o desenvolvimento do VLS-Delta, dentro do programa conceitual Cruzeiro do Sul, por se enquadrar na mesma classe que o foguete ucraniano.

Mais parcerias?

Entendido o caráter estratégico de ter acesso autônomo ao espaço, o governo brasileiro tem analisado com mais atenção iniciativas nesse campo, provavelmente em regime de cooperação internacional, de forma similar ao VLM-1, com a Alemanha, para atender as outras lacunas consideradas dentro do Cruzeiro do Sul, em particular os VLS Alfa e VLS Beta. Várias propostas já chegaram às mesas de muitos gabinetes, de São José dos Campos a Brasília (DF).

Na visita oficial da comitiva brasileira liderada pela presidente Dilma Rousseff à França, em 11 de dezembro de 2012, um dos tópicos em Ciência, Tecnologia e Inovação citados na declaração conjunta com o seu contraparte francês foi a possibilidade de se estender a cooperação espacial entre os dois países para “lançadores de satélites”, tema que deve ser discutido entre a AEB e a Agência Espacial Francesa (CNES), no início de 2013. Nos bastidores, são conhecidos os esforços franceses em ampliar a parceria estratégica no campo de defesa, particularmente em submarinos e helicópteros, com ampla transferência tecnológica, para a área espacial, especialmente satélites de comunicações, sensoriamento remoto e lançadores.

Outro interessado é a Itália, que desde 2011 tem feito propostas por meio da Agência Espacial Italiana (ASI) e da empresa Avio, principal desenvolvedora do Vega, o mais importante passo dado por este país europeu na área de lançadores. Trata-se de um foguete de quatro estágios (os três primeiros de combustível sólido e o último líquido), com capacidade de inserir cargas úteis de até 1.500 kg em órbitas circulares a 700 km de altitude. Seu desenvolvimento tem como prime contractor a ELV (European Launch Vehicle), joint-venture da ASI com a Avio. O primeiro voo foi realizado com sucesso no início de 2012.

Os italianos propuseram um lançador com todos os estágios de combustível sólido, com capacidade de satelitização de 1.500 kg a uma altitude de 1.500 km, baseado na tecnologia do Vega. De acordo com o divulgado, o custo seria inferior a R$1 bilhão, e seria realizado por meio da formação de uma joint-venture com empresas nacionais, num modelo similar ao apresentado pelos franceses.

Há alguns anos, a Rússia era vista como parceira preferencial do Brasil em matéria de lançadores, especialmente por sua disposição em colaborar e fornecer itens críticos, como os sistemas inerciais dos primeiros protótipos do VLS-1. Grande parte do conhecimento adquirido pelo IAE na área de propulsão líquida o foi através de parcerias com institutos e centros de pesquisa russos, que treinaram e capacitaram dezenas de especialistas brasileiros. Em posição hoje mais enfraquecida, em razão da ampliação do leque de possibilidades em cooperação no campo de foguetes e por uma difícil negociação para a transferência tecnologia, a madura indústria espacial russa continua interessada em ampliar os acordos com o Brasil e é vista como opção.

Fonte: revista Tecnologia & Defesa nº 131, dezembro de 2012.
.

domingo, 18 de novembro de 2012

Simpósio sobre Engenharia Inercial


De 27 a 29 de novembro, acontece no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP), o VII Simpósio Brasileiro de Engenharia Inercial (VII SBEIN), encontro bianual organizado pelo ITA e pela Sociedade Brasileira de Engenharia Inercial.

O evento tem apoio de diversos setores do governo, como o Ministério da Defesa, o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e é patrocinado por empresas atuantes em tecnologia inercial, dentre as quais as brasileiras Navcon e Equatorial Sistemas.

As inscrições de participantes podem ser feitas pelo website www.sobein.org.br/sbein2012
.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Entrevista com Brig. Carlos Kasemodel, diretor do IAE


Conforme informado no último domingo (29), como parte da série de entrevistas com os principais dirigentes do Programa Espacial Brasileiro, o blog Panorama Espacial entrevistou o Brig.-Eng. Carlos Antônio de Magalhães Kasemodel, atual diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), subordinado ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), de São José dos Campos (SP). O IAE é responsável pela maioria dos projetos espaciais do Comando da Aeronáutica, em particular na área de lançadores e foguetes de sondagem.

Desde o início de abril como diretor do IAE, o Brig. Kasemodel é engenheiro mecânico-aeronáutico pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), turma de 1980, com mestrado pelo Naval Postgraduate School, EUA, em 1999. Ocupou diversos cargos em sua carreira no Comando da Aeronáutica, inclusive vários no setor espacial, como gerente do Programa VLS e vice-diretor do IAE para a divisão de espaço. O blog agradece a atenção dispensada pela equipe de comunicação do IAE e pelo entrevistado.

Abaixo, reproduzimos a entrevista em sua íntegra, feita por e-mail durante a semana passada, abordando os principais projetos desenvolvidos pelo Instituto, em especial na área de lançadores.

Os planos para voos tecnológicos do VLS-1 continuam válidos? Quando ocorrerá a missão do VLS com a parte baixa, do primeiro e segundo estágios?

Sim, os planos para os voos tecnológicos do VLS-1 continuam válidos. O primeiro lançamento, somente com o primeiro e segundo estágios ativos, está previsto para 2013.  Este protótipo foi inicialmente denominado XVT-01, mas passou a ser denominado VSISNAV porque nesse voo também será testado o sistema de navegação SISNAV.

E o segundo voo, quando deve ocorrer?

O segundo voo deverá ocorrer no ano seguinte, mas sua confirmação depende do repasse de recursos financeiros pela AEB.

O senhor poderia falar um pouco sobre o projeto do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1)? Uma decisão sobre o seu desenvolvimento já foi tomada? Qual será a participação alemã na iniciativa?

O VLM-1 é um lançador de microssatélites que está sendo desenvolvido em parceira com o DLR e com forte envolvimento da indústria nacional desde a sua fase de concepção. Será um veículo de três estágios; na sua versão básica, todos os propulsores utilizam propelente sólido: no primeiro e segundo estágios será empregado o propulsor S50 (em fase de desenvolvimento) e no terceiro estágio, o propulsor S44, ora empregado no quarto estágio do VLS-1 e no segundo estágio do VS-40. Outras versões também estão previstas, com a substituição do propulsor S44 por um propulsor líquido.

No entanto, a primeira missão prevista para o VLM-1 não será de satelitização mas sim de realizar o experimento SHEFEX 3, previsto para 2015. A participação alemã, além da partição dos custos de desenvolvimento, envolve áreas como engenharia de sistemas, sistemas de controle e atuadores.

O senhor poderia falar um pouco mais sobre o envolvimento industrial no projeto do VLM? Quais empresas participarão?

O projeto do envelope-motor do propulsor S50, que será bobinado em fibra de carbono, já está sendo desenvolvido em parceria com a empresa CENIC, a qual também já é a fabricante do propulsor S44 (que será utilizado no terceiro estágio). Outras empresas ainda não estão definidas mas espera-se que o carregamento de propelente e o desenvolvimento das redes elétricas também seja realizado na indústria.

O VLM-1 será um lançador de três estágios, todos de propulsão sólida. Em termos técnicos, há quem afirme que para colocação de satélites em órbita, é mais adequado que o terceiro estágio seja de propulsão líquida, o que permitiria mais precisão nas missões. Qual é a sua opinião sobre esse assunto?

A utilização de propulsão líquida nos últimos estágios possibilita mesmo uma maior precisão para a inserção em órbita, considerando que o propulsor a propelente líquido possibilita re-ignições durante o voo. Conforme comentado anteriormente, já estão sendo previstas versões do VLM-1 com a substituição do propulsor S44 por um propulsor líquido.

Ainda em lançadores, muito se comenta sobre possibilidades de desenvolvimentos futuros, inclusive com participação estrangeira. O senhor poderia nos dizer quais são as perspectivas e demandas hoje consideradas pelo IAE para um novo projeto de lançador? 

Além do VLM-1, as perspectivas atuais são de desenvolvimento do VLS-Alfa e do VLS-Beta, propostas inicialmente apresentadas no Programa Cruzeiro do Sul.

O desenvolvimento dos demais veículos da família Cruzeiro do Sul está sendo rediscutido, considerando que não teria sentido se desenvolver um veículo nacional para competir com o Cyclone IV (VLS-Delta) e a perspectiva de baixa demanda para os veículos VLS-Gama e VLS-Epsilon.

Qual é a expectativa para se ter uma definição sobre qual o caminho que o IAE seguirá [sobre um novo lançador]?

A proposta de se concluir o desenvolvimento do VLS-1 e do VLM-1, bem como o desenvolvimento do VLS-Alfa e Beta já foi encaminhada para a AEB e esperamos que esteja aprovada na revisão do PNAE, ora em andamento.

Em matéria de foguetes de sondagem, existem novos projetos sendo em consideração pelo Instituto?

Com relação aos foguetes de sondagem, o IAE estuda o desenvolvimento de uma versão modernizada do VSB-30 e o desenvolvimento do VS-50, um foguete de sondagem mono-estágio utilizando o propulsor S-50 do VLM-1.

Quais são os itens a serem modernizados do VSB-30?

Deverão ser otimizados alguns processos de fabricação, modificações nas proteções térmicas e também a incorporação de dispositivos de segurança eletro-mecânicos.

Quais são as perspectivas do IAE em termos de cooperação espacial, em particular com a Alemanha e Rússia, países que já cooperam há muitos anos com o Instituto?

Com a Alemanha, atualmente estamos cooperando no desenvolvimento do VLM-1 e na modernização do VSB-30. Com relação à Rássia, existem perspectivas de cooperação no desenvolvimento de propulsor líquido para emprego no VLS-Alfa.

No entanto, importante ressaltar que a cooperação com a Alemanha é a que entendemos ser uma “cooperação” no sentido correto da palavra: ambas as partes investem recursos humanos e financeiros, trocam experiências, na busca de um desenvolvimento tecnológico de interesse para os dois lados. Outras propostas de cooperação são basicamente propostas comerciais: um lado se propõe a vender o que o outro necessita.

Na área de satélites, o IAE desenvolve há quase dez anos o projeto SARA, de reentrada atmosférica. Em que momento o projeto se encontra?

O projeto SARA prevê o desenvolvimento de dois protótipos para testes suborbitais e dois modelos para voos orbitais. Atualmente, estão sendo finalizados os ensaios de qualificação do primeiro protótipo de voo suborbital, cujo lançamento está previsto para 2013 a bordo de um foguete VS-40.

Hoje, qual é a situação do IAE em matéria de recursos humanos?

Há alguns anos, o IAE vem sofrendo com a perda gradativa de recursos humanos em diversas áreas, a maior parte por aposentadoria de servidores experientes.  O DCTA tem realizado diversas gestões junto ao Ministério da Defesa e Ministério do Planejamento e aguardamos a autorização para a realização de concurso público para o recompletamento, pelo menos parcial, do nosso quadro de recursos humanos.

Outro campo que tem recebido atenção no Programa Espacial é a busca do País por autonomia em sistemas inerciais, tanto de satélites para lançadores. O IAE é um ator ativo nesse campo, participando do projeto Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial (SIA). O senhor poderia comentar um pouco sobre o atual estágio do projeto? Há planos para um voo experimental?

O objetivo maior do projeto SIA é consolidar no País a tecnologia de sistemas de navegação inercial.

Diversas etapas já foram vencidas. Em 2011, a implantação da infraestrutura laboratorial no IAE foi concluída com a inauguração do LINCS – Laboratório de Identificação, Navegação, Controle e Simulação. Com relação a sistemas de navegação, um protótipo denominado SISNAV já foi ensaiado, com sucesso, em solo e será testado em voo no próximo lançamento do VLS-1. Importante ressaltar que o SISNAV utiliza girômetros a fibra ótica desenvolvidos e produzidos no País.

Recentemente, o senhor foi indicado para representar o Comando da Aeronáutica no Conselho Superior da Agência Espacial Brasileira (AEB). Qual é a sua visão sobre a restruturação institucional do Programa Espacial Brasileiro, com uma possível fusão entre a AEB e o INPE? Seria possível algum envolvimento do IAE nesse processo?

Todos os atores do SINDAE concordam que uma reestruturação institucional se faz necessária mas existem divergências de qual modelo seria o mais eficaz.

Uma fusão entre a AEB e o INPE certamente fortaleceria a AEB, considerando que atualmente a Agência não dispõe de um corpo técnico. Um envolvimento do IAE nesse processo seria difícil, principalmente por ser uma Organização Militar e vinculada a outro Ministério. Seu envolvimento deve permanecer como órgão setorial do SINDAE [Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais].
.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Perondi no INPE: o discurso de posse


O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) disponibilizou o discurso de Leonel Perondi, novo diretor do Instituto, empossado na última sexta-feira (1º/6). Dentre os grandes desafios a serem enfrentados pelo Instituto, Perondi destacou o aprimoramento e ampliação de programas de pesquisa e desenvolvimento, o cronograma de execução do programa CBERS, política industrial, articulação com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), dentre outros.

Um desafio em especial chama mais a atenção: capacitação do INPE (e do Programa Espacial como um todo) em controle de atitude e órbita de satélites. "Consideramos que  o desenvolvimento de competência nacional em sistemas inerciais constitui-se, presentemente, no maior desafio tecnológico do programa espacial brasileiro", afirmou.

Nesse campo, o principal projeto em desenvolvimento é o Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial (SIA), iniciativa na qual já foram investidos mais de R$40 milhões desde 2006, e da qual participam vários órgãos, como o próprio INPE, Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), Instituto de Estudos Avançados (IEAv), indústrias, dentre outros. No final de 2008, o INPE contratou o desenvolvimento de um sistema de controle de atitude e órbita para o satélite Amazônia-1 junto à empresa argentina INVAP, o que gerou muitas críticas de vários setores no Brasil, em especial da indústria nacional.

Para acessar o discurso na íntegra, de leitura recomendável, clique aqui.
.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

8ª edição da AAB Revista

.
A Associação Aeroespacial Brasileira (AAB), de São José dos Campos (SP), disponibilizou em seu website a 8ª edição da AAB Revista. Este número traz um interessante artigo sobre o projeto SIA - Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial, coordenado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).

Para acessar a nova edição (em arquivo PDF), clique aqui.
.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

AEL Sistemas no Projeto SIA

.
Conforme publicado na edição de hoje (23) do Diário Oficial da União, A AEL Sistemas, indústria com atuação nos setores de defesa e espaço com sede em Porto Alegre (RS), foi declarada vencedora de uma concorrência promovida pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP), tendo por objeto a "contratação de serviços técnicos especializados para a elaboração do projeto, fabricação e testes para o hardware do Computador de Bordo (on-board computer, OBC) da Plataforma Orbital do projeto SIA (Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial)", iniciativa que envolve o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA), outros órgãos governamentais e diversas indústrias nacionais.

A FUNDEP, ligada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é gestora do projeto, contando com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), empresa pública ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Além da AEL Sistemas, controlada pelo grupo israelense Elbit Systems e também com uma participação minoritária da Embraer, apresentaram propostas a Equatorial Sistemas e a Omnisys Engenharia (Thales).
.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Entrevista com Brig. Pantoja, do IAE – Parte I

.
Em 26 de maio, o Brigadeiro Engenheiro Francisco Carlos Melo Pantoja, diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), subordinado ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), gentilmente recebeu a reportagem de Tecnologia & Defesa para falar sobre as atividades do Instituto no campo espacial.

A seguir, apresentamos a primeira parte da entrevista, destacando dois programas principais, o Veículo Lançador de Satélites (VLS), e o foguete de sondagem VSB-30. Ainda esta semana, postaremos a segunda parte da conversa, com informações sobre os planos do Instituto para novos lançadores (VLM e parcerias internacionais), e também breves comentários sobre o projeto SARA, de reentrada atmosférica.

VLS e sistemas inerciais

De acordo com o diretor, o estudo de revisão já foi concluído, e vários ensaios em solo estão sendo realizados, seguindo os apontamentos feitos na revisão, que contou com a participação de especialistas da Rússia. O Brig. Pantoja disse que muito se aprendeu com a revisão, que também confirmou muitas coisas que já se faziam no programa.

Destacando uma novidade no programa, o Brigadeiro mencionou a assinatura de um contrato com a indústria Mectron, de São José dos Campos, para a implementação de elementos do VLS, no caso a rede elétrica. O contrato é do valor de R$ 21,490 milhões e foi assinado em 30 de dezembro de 2010, mas publicado no Diário Oficial da União apenas em 10 de maio de 2011. Sua assinatura se deu apenas agora por que foi o momento em que o IAE sentiu que a indústria estava capacitada para assumir maiores responsabilidades em relação ao programa.Tal capacidade foi comprovada em projetos de menor porte, como o da rede elétrica do SARA, também executada pela Mectron.

O diretor ressaltou que com este contrato, especialistas do Instituto poderão focar em outros aspectos técnicos do programa.

A expectativa é que o próximo voo do VLS, denominado XVT01, ocorra no final de 2012. O objetivo, aliás, é que o protótipo do foguete voe com o sistema inercial desenvolvido dentro do projeto SIA [Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial], tocado pelo IAE junto a outros institutos e indústrias nacionais. Recentemente, testes bem sucedidos de um protótipo do sistema inercial, componente crítico em programas aeroespaciais, foram realizados numa montanha russa em Vinhedo (SP), e existe previsão de novos testes dentro dos próximos meses. Paralelamente às atividades do XVT01, o IAE também trabalha no voo seguinte, o XVT02, que poderia ocorrer seis meses após o XVT01, com novos aprimoramentos.

[Nota do blog: sobre sistemas inerciais, recomendamos a leitura da postagem "Sistemas inerciais, o calcanhar-de-aquiles do VLS", de julho de 2008]

“Hoje, podemos dizer que ganhamos autonomia numa tecnologia das mais críticas”, afirmou o diretor, referindo-se ao SIA.

O SIA é ainda um modelo laboratorial, em desenvolvimento, e será necessário transformá-lo num produto para outras finalidades que não apenas a aeroespacial, como defesa, exploração de petróleo e gás, entre outras. O entendimento do diretor é de que o governo deve ter um papel mais efetivo nesse processo, colocando encomendas.

VSB-30

O diretor do IAE fez um paralelo do SIA com a importância de se haver demanda para a sua industrialização, com o foguete de sondagem VSB-30 (foto acima). O foguete teve seu desenvolvimento concluído e tem realizado voos com sucesso no Brasil e exterior, e agora se espera uma encomenda governamental para o uso em missões de microgravidade. Esta encomenda consolidaria o seu desenvolvimento e permitiria a transferência de sua produção para a iniciativa privada.

“Não é o nosso papel”, disse, quando questionado se o IAE exerceria a função de prime-contractor do foguete. O instituto executa esta função por que não existe um contratante principal privado no País, mas a indústria tem demonstrado interesse em assumir esta função, e para tanto deve haver investimento, compra sucessiva de lotes de foguetes para se atender os programas do governo, como as pesquisas em microgravidade.

Segundo o oficial, algumas indústrias que demonstraram interesse foram a Avibras Aeroespacial, a Mectron, o grupo Odebrecht (controlador da Mectron) e também a Embraer, que tem se aproximado do setor espacial, tendo inclusive realizado várias reuniões com equipes do Instituto.

O diretor faz ainda um alerta: “Caso demoremos muito para fazer isso [a industrialização do VSB-30], corre-se o risco de perder a competência adquirida.”
.

terça-feira, 1 de março de 2011

Visita de Mercadante ao DCTA em SJC

.
Ministro Mercadante visita o DCTA e fala sobre o Programa Espacial

01-03-2011

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, visitou na segunda-feira (28) o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos (SP). Ele proferiu a palestra “Ciência, Tecnologia e Inovação: Agenda Estratégica para o País” na aula inaugural do ano letivo do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Também participaram da solenidade o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito; o reitor do ITA Reginaldo dos Santos, o ministro aposentado do Superior Tribunal Militar (STM), tenente-brigadeiro Sérgio Xavier Ferolla; o diretor-geral do DCTA, tenente-brigadeiro-do-Ar Ailton dos Santos Pohlmann; o comandante do Quarto Comando Aéreo Regional Major-Brigadeiro-do- Ar Paulo Roberto Pertusi; o vice-diretor do DCTA Major-Brigadeiro-do-Ar Alvani Adão da Silva; e o prefeito Municipal de São José dos Campos Eduardo Cury.

Após o evento, o ministro visitou o campus do DCTA e esteve num encontro reservado com a direção da instituição. Na pauta, o corte de verba imposto pelo governo federal para todos os ministérios. O contingenciamento de verba do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) é de cerca de R$1,7 bilhão de um orçamento previsto de R$ 7 bilhões.

A preocupação dos militares é com a possibilidade de redução de recursos para o Programa Espacial, especialmente para o projeto do Veículo Lançador de Satélites (VLS-1). A maior parte dos recursos é proveniente da pasta do ministro, por meio da Agência Espacial (AEB).

Segundo o ministro, o corte orçamentário imposto pelo governo federal a todos os ministérios não irá afetar o Programa Espacial Brasileiro. Para ele, a continuidade do projeto do VLS-1, sob a responsabilidade da Aeronáutica, e o desenvolvimento de satélites pelo Inpe são programas prioritários para Brasil. “O desenvolvimento e o lançamento de um satélite meteorológico em parceria com a Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) são prioridades”, afirmou.

Para Mercadante, esse satélite deve ser lançado e irá permitir ao Brasil melhorar as previsões de tempo. “A Nasa também enfrenta corte de recursos, mas a nossa expectativa é que esse programa, que tem também a participação de outros países como Japão e Alemanha, seja executado”, disse.

No fim do dia, o ministro inaugurou o Laboratório de Identificação, Navegação, Controle e Simulação, o primeiro em sua categoria na América do Sul, concebido para suportar as atividades de desenvolvimento de um sistema de navegação utilizado na estabilização de satélites em órbita e na orientação de um foguete no espaço.

O novo laboratório custou R$ 15 milhões financiado com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCT) e está vinculado ao projeto Sistemas de Navegação Inercial para Aplicação Aeroespacial (SAI).

Administrado pela Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa e avaliado em R$ 40 milhões, o projeto é responsável pelo desenvolvimento de uma plataforma inercial completa. O primeiro protótipo da plataforma, de acordo com o coordenador do SIA, Waldemar de Castro Leite, já está com 70% do seu desenvolvimento concluído e a previsão é que o sistema seja testado em 2012, no lançamento do foguete brasileiro VLS.

Fonte: MCT
.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Sistemas de controle, CCDs e etc.

.
Em 28 de fevereiro, será inaugurado no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos (SP), o Laboratório de Identificação, Navegação, Controle e Simulação, construído com recursos da FINEP para apoiar atividades de desenvolvimento de sistemas de navegação e controle de satélites e veículos lançadores.

Na última sexta-feira (25), uma reportagem ("Laboratório reduz gargalo espacial") de Virgínia Silveira com informações detalhadas sobre as finalidades do laboratório e projetos do Brasil no campo de sistemas de controle aeroespacial foi publicada no jornal "Valor Econômico".

Sistemas inerciais e de controle, aliás, sempre foram o "calcanhar de Aquiles" de muitos projetos espaciais, particularmente em veículos lançadores. Por ser um item de uso dual (tanto para lançadores espaciais como mísseis balísticos), sua comercialização é muito controlada. Em julho de 2008, publicamos um pequeno artigo no blog sobre a história do desenvolvimento local e posterior compra de sistemas inerciais russos para o VLS (veja em "Sistemas Inerciais: o calcanhar-de-aquiles do VLS").

Além de sistemas de controle, existem vários itens sensíveis para o desenvolvimento autônomo de tecnologia espacial. Um exemplo crítico são os detectores CCD (Charge-Coupled device / dispositivo de carga acoplada) para câmeras óticas espaciais, que não são fabricados localmente e precisam ser importados. Para câmeras de resolução mais apurada (a partir de 5 metros), a aquisição no exterior é ainda mais difícil. Os EUA, por exemplo, costumam restringir a venda em razão de sua legislação interna (ITAR).

Alguns movimentos de consolidação entre as empresas fornecedoras de CCDs têm tornado mais difícil a compra desses componentes. A companhia inglesa E2V adquiriu várias fabricantes na Europa, como a unidade da Atmel em Grenoble, na França, em 2006, fornecedora, aliás, dos CCDs das câmeras MUX e WFI dos CBERS 3 e 4. Mais recentemente, em janeiro deste ano, o grupo britânico BAE Systems adquiriu o controle da Fairchild Imaging, fabricante norte-americana de CCDs e de outros componentes óticos.

Há algumas alternativas para as dificuldades em compra de itens críticos. Uma delas é o chamado "up-screening" que, grosso modo, consiste em utilizar técnicas de seleção de componentes eletrônicos para aproveitar componentes de uma categoria inferior, disponíveis comercialmente, por exemplo, em uma aplicação que demandaria outras de categoria superior.

Os exemplos dos sistemas inerciais e dos CCDs mostram que, se o objetivo é buscar independência e autonomia (caso do Programa Espacial Brasileiro), não basta apenas pensar nas plataformas (lançadores e satélites), mas também nos subsistemas e componentes críticos.
.

sábado, 7 de agosto de 2010

Subvenção da FINEP: edital republicado

.
Na tarde de sexta-feira (06), a FINEP disponibilizou novamente em seu website o edital de subvenção econômica de 2010 para projetos de inovação. Como o blog mencionou nos últimos dias, o edital chegou a ser disponibilizado no último dia 4, mas foi rapidamente retirado do ar para correção de algumas das informações. Os pontos alterados, segundo informações da própria FINEP, foram mais técnicos e procedimentais, não afetando as áreas e valores destinados para os projetos de subvenção.

Assim, na área de Defesa (e indiretamente Espaço), a empresa vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia espera receber propostas de projetos relacionados a "soluções integráveis para vôo autônomo, incluindo decolagem e pouso automático e sistemas óticos e infravermelho para VANT [Veículos Aéreos Não Tripulados]", "sistemas ligados à segurança e controle de navegação; acelerômetros e girômetros para aplicações diversas", e "de materiais para proteção balística individual e de veículos para emprego militar."

O blog acredita que empresas envolvidas com o projeto Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial (SIA), liderado pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e Instituto de Estudos Avançados (IEAv), ambos do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), apresentarão propostas para subvenção.

Para acessar o edital, clique aqui.
.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Subvenção Econômica 2010 da FINEP

.
A Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP, do Ministério da Ciência e Tecnologia, divulgou hoje (04) a chamada para seleção pública de projetos de Subvenção Econômica à Inovação. Ao todo, somando-se todas as áreas temáticas, poderão ser liberados até R$ 500 milhões em recursos não-reembolsáveis para empresas, em projetos de inovação que variam de R$ 500 mil a R$ 10 milhões, não consideradas as contrapartidas. Propostas poderão ser enviadas até 7 de outubro.

Não foram destinados recursos específicos para o setor espacial, mas pode ser possível enquadrar alguns projetos dentro da área temática de Defesa, que poderá ter alocação total de R$ 90 milhões. Nesta área, o documento de seleção pública faz referência a projetos visando o desenvolvimento de "soluções integráveis para vôo autônomo, incluindo decolagem e pouso automático e sistemas óticos e infravermelho para VANT [Veículos Aéreos Não Tripulados]", "sistemas ligados à segurança e controle de navegação; acelerômetros e girômetros para aplicações diversas", e "de materiais para proteção balística individual e de veículos para emprego militar."

Acelerômetros e girômetros são componentes utilizados para controle e guiagem, em sistemas inerciais, e além de aplicações na área de Defesa, são também usados em veículos lançadores e satélites. Já há alguns anos que o governo brasileiro tem buscado estimular iniciativas nesta área no Brasil, especificamente para fins aeroespaciais, tendo em vista que estes componentes, por serem duais, terem mercado altamente regulado.

Para acessar o documento e obter mais informações sobre a subvenção da FINEP, clique aqui.
.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Subvenção econômica da FINEP: lista final

.
A Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), empresa pública ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) divulgou na sexta-feira passada (18) a lista final de projetos aprovados para receber recursos não-reembolsáveis de seu programa de subvenção econômica. Foram 53 projetos aprovados na área de Defesa Nacional e Segurança Pública, que abrange o setor espacial. Não houve muitas novidades em relação à lista preliminar divulgada em julho deste ano (leiam a postagem "Subvenção econômica da FINEP").

Alguns projetos específicos sobre espaço, como uma estação de telemetria-solo para o VLS e sistemas de comunicação via satélites estão na lista de selecionados. Vários outros projetos, na área de sistemas inerciais, por exemplo, acabam tendo aplicação dual e podem beneficiar projetos do Programa Espacial Brasileiro.

Para acessarem a relação completa dos projetos e empresas selecionadas (a partir da página 11), cliquem aqui.
.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Matéria sobre sistemas inerciais no Valor

.
A edição de hoje (14) do jornal Valor Econômico traz uma interessante reportagem ("Brasil desenvolve sistema de navegação de satélites e foguetes"), de autoria de Virgínia Silveira, sobre os esforços brasileiros para o desenvolvimento de tecnologia de sistemas inerciais.

Para programas aeroespaciais e militares que busquem autonomia, o desenvolvimento de tecnologia de sistemas inerciais é mais do que estratégico. De nada adianta, por exemplo, desenvolver localmente um foguete-lançador e comprar no exterior o sistema de guiagem, componente com mercado altamente regulado. Vejam a postagem "Sistemas inerciais: o calcanhar-de-aquiles do VLS", de julho de 2008.
.