quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Diretor da ACS na Câmara dos Deputados

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Burocracia emperra projeto estratégico, afirma diretor de Alcântara

06/10/2009

O diretor da empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), Roberto Amaral, afirmou nesta terça-feira (6), em audiência da Comissão de Relações Exteriores, que o País não tem projetos estratégicos consequentes fora da área econômica. "Qualquer burocrata de terceiro escalão nos ministérios da Fazenda ou do Planejamento barra os recursos para um projeto nacional estratégico", lamentou Amaral. "O detonador que provocou o acidente (em Alcântara) foi a dieta de recursos", acusou.

A empresa Alcântara Cyclone Space foi criada em 2006 pelo Brasil e a Ucrânia para operar e comercializar serviços de veículos lançadores de satélites a partir de Alcântara, no Maranhão. O mercado mundial de lançamentos de satélites é da casa de 6 bilhões de dólares (cerca de R$ 10,4 bilhões) por ano.

Entraves

O diretor Roberto Amaral mencionou os entraves que têm impedido a concretização do lançamento brasileiro. Problemas de localização, de logística - o governo desistiu da construção do porto previsto -, de formação e manutenção de pessoal, de conflitos com a comunidade local e de licenciamento ambiental vêm atrasando o programa de lançamentos. Também existe a pressão dos países detentores da tecnologia, que chega até à proibição do fornecimento de componentes.

A atuação do Ibama foi fortemente questionada pelo diretor. Os custos para o licenciamento já chegam a R$ 20 milhões, o que não se justificaria em se tratando de um projeto estratégico, de interesse nacional. "É o governo trabalhando contra o governo" resume o deputado Ribamar Alves (PSB-MA), que sugeriu que a Câmara, e especialmente o Partido Verde, auxiliassem na solução desse entrave junto ao Ibama e ao próprio ministro do Meio Ambiente.

Mas, segundo Amaral, de todas as dificuldades, a falta de uma política permanente e de recursos adequados é a principal. "O Brasil foi ultrapassado por Israel, Irã e Coreia do Sul, e agora, ao que tudo indica, também pela Coreia do Norte".

O programa espacial brasileiro foi iniciado em 1961, quando foi criada a Comissão Nacional de Atividades Espaciais. "Estávamos à frente da Índia e da China", informa Amaral. "A China lançou seu primeiro satélite em 1970; hoje lança um voo tripulado, tem 27 mil empregados; e nós não conseguimos cumprir nenhuma das metas estabelecidas em 1961", compara.

Em 1977, o Brasil estava em condições de igualdade em tecnologia de veículos espaciais com a Índia. Hoje, a Índia domina a tecnologia de propulsão líquida criogênica, e junto com a China se destaca pelos seus programas espaciais com lançamentos de veículos e satélites de grande porte e o domínio completo da tecnologia espacial.

Perspectivas comerciais

O Brasil paga, por lançamento, de 25 a 50 milhões de dólares a outros países toda vez que precisa colocar um satélite em órbita. Ao dominar a tecnologia de lançamento, poderá cobrar isso para lançar satélites de terceiros. O custo do lançamento em Alcântara, pela proximidade com o Equador, pode ser 30% mais barato do que nos países lançadores do hemisfério norte.

Segundo Amaral, temos os mercados "cativos" brasileiro e ucraniano; também há perspectivas comerciais no mercado latinoamericano. Argentina, Venezuela e Colômbia têm planos de lançamento, e o próprio mercado americano, apesar das fortes restrições políticas e de segurança, é um cliente potencial.

Quilombolas não são obstáculo, diz diretor

O diretor da empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), Roberto Amaral, afirmou hoje que a demarcação das terras quilombolas, que chegou a ser objeto de uma disputa judicial de seis anos com a empresa, não é mais problema. A Cyclone tem uma área dentro do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), sem nenhum conflito com a comunidade.

Amaral concorda com o deputado Domingos Dutra (PT-MA), ligado a essa comunidade, da qual foi advogado desde 1983, para quem a relação com os quilombolas não é a componente fundamental do atraso no lançamento brasileiro. Para Dutra, uma solução seria titular a área quilombola; posteriormente, caso o Estado venha a precisar dela, poderia negociar com a comunidade, como faz com qualquer proprietário.

Quanto à população urbana das redondezas, também já foram aparadas eventuais arestas, segundo Amaral. "A prefeitura cedeu um prédio, onde a empresa vai instalar um centro de atendimento à comunidade, inclusive com atividades culturais", explicou o diretor.

Fonte: Agência Câmara (Reportagem - Rejane Xavier; Edição - Patricia Roedel)
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Um comentário:

O mar vivo da não existência disse...

Do jeito que vai essa ACS estou torcendo pelo quinto escalão da burocracia!

Abraços,

Sengedradog