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Programa Nacional de Atividades Espaciais passará por sua quarta revisão
28/10/2009
Desde 8 de dezembro de 1994, o Brasil tem uma Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (PNDAE). A política estabelece objetivos e diretrizes a serem materializados nos programas e projetos nacionais relativos à área espacial por meio do Programa Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (Pnae). O objetivo desse programa é capacitar o país para desenvolver e utilizar as tecnologias espaciais na solução de problemas nacionais e em benefício da sociedade brasileira, de modo a propiciar um aumento tangível na qualidade de vida da população.
A próxima revisão do Programa será dividida em duas fases. A primeira fase faz uma retrospectiva e avalia os principais resultados e deficiências do Programa Espacial Brasileiro. Em seguida, haverá a formulação de uma visão de longo prazo e uma política, que buscarão inserir o Programa, de maneira concreta, na estratégia de desenvolvimento social, econômico, geopolítico e tecnológico do país. Para isso, serão envolvidos setores como a sociedade, indústria, academia e quaisquer segmentos interessados no assunto.
“Queremos partir para uma discussão muito maior que identifique as demandas nacionais, em termos de informações e serviços a serem fornecidos por sistemas espaciais e, sobretudo, o papel do Programa e da Agência Espacial Brasileira (AEB) frente aos desafios a serem enfrentados, como por exemplo, as mudanças climáticas e o fortalecimento da soberania do país no cenário geopolítico atual”, ressalta o diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos, Himilcon de Castro Carvalho.
PROJETOS - A partir dessa análise, que abrange um horizonte de 20 anos, a carteira de projetos do Pnae será revisada, de modo que os satélites, foguetes e infraestrutura de centros de lançamento e laboratórios sejam alinhados com a nova visão estratégica. ”Podemos ter boas surpresas com propostas de novos projetos, de substituição ou adaptação de alguns projetos para que cumpram melhor sua função ou, mesmo, reestruturações organizacionais, que permitam melhor gestão das atividades espaciais e maior inclusão do setor privado e da sociedade”, completa.
Participarão, de maneira muito intensa, da organização da revisão do Programa os dois organismos executores do Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (Sindae), coordenado pela AEB: o Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), subordinado ao Comando da Aeronáutica, do Ministério de Defesa e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Ministério da Ciência e Tecnologia.
O resultado dessa revisão será submetido, em 2010, ao Conselho Superior da AEB, instância deliberativa da Política Espacial Brasileira, composto por representantes de vários ministérios, indústria e academia, que orientará e acompanhará todos os trabalhos.
Fonte: AEB
Comentários: a AEB contratou o trabalho de ao menos duas consultoras para auxiliar na revisão da PNAE. Aparentemente, a quarta revisão (as anteriores foram em 1996 - PNAE 1996-2005; 1997 - PNAE 1997-2007; e 2005 - PNAE 2005-2014) do Programa Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais promete ser a mais ampla de todas. Esta parece ser uma das prioridades de Carlos Ganem, presidente da AEB. Embora ainda não tenha alcançado uma grande marca em sua gestão, o blog constatou que Ganem tem recebido elogios reservados de críticos contumazes do Programa Espacial.
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5 comentários:
Tomara mesmo que essa nova versão do PNAE venha com muitas novidades mesmo. Mas principalmente, que seja algo que possa ser cumprido e não apenas um papel com uma lista de sonhos e ambições.
Mais do que isso, que ele seja efeitvamente cumprido, pois até agora o que se viu foi uma absoluta falta de prioridade e total falta de conexão entre os projetos (lançadores x satelites, por exemplo). INPE e IAE precisam falar a mesma língua.
Temos o problema da não reposição de especialistas, que estão se aproximando de suas aposentadorias. Ninguém até agora apresentou nenhuma solução para o que pra mim é uma bolha que ainda vai estourar.
abraços
Olá Raul!
O histórico desse documento demonstra o contrário, ou seja, que o mesmo não será cumprido e em 2020 estaremos na oitava versão do PNAE discutindo a nona. Na realidade, o PNAE em vigor atende perfeitamente as necessidades do PEB, basta que seja levado a sério e seguido a risca. Esse que é o problema do atual PNAE e foi o problema dos PNAEs anteriores, e tudo leva crer que será o problema desse novo e desnecessário documento. Falta foco, falta seriedade, falta competência administrativa, falta recursos, falta apoio político onde deve haver e sobra politicagem, ingerência política e outras “cositas a mas”. Aproveitando eu gostaria de entrar em contato com o leitor “Pedro” que colocou para o Miraglia a informação sobre o motor L75. Por favor, Pedro entre em contato comigo.
Abs
Duda Falcão
Eu penso diferente Brazilian.
O programa espacial tem recebido apoio até razoável por parte do governo. Vide o exemplo dos satélites (CBERS, PMM, Amazônia-1, etc) que têm avançado e recebido verbas de forma razoável. Isso porque há foco e projetos com resultados claros e objetivos. Os satélites são responsabilidade do INPE.
Ao contrário, os foguetes lançadores, responsabilidade do IAE, não há foco algum. O comando da aeronáutica, IAE e AEB divergem sobre a continuidade ou não do programa VLS-1, batem cabeça, não se concordam. E o resultado é que não há definição para nada e o mínimo que fazem, já que não há planos, é seguir o plano atual, ou seja, lançar o VLS-1, o que será feito, já que tem recebido recursos satisfatórios e é a unica coisa que a FAB sabe fazer atualmente na área de foguetes lançadores.
O PNAE orientou muito bem o INPE em seus programas de satélites nos últimos anos.
O que se espera para este atual (na área de foguetes) é que chegue a um ponto de concordância, para que a FAB deixe de bater cabeça e siga uma linha até o fim. DEPOIS disso é que vem a parte de verbas, que deverão vir, quando o governo sentir que pode investir em um programa consistente.
abraços]
E todos gostaríamos de saber qual será a solução para o problema das aposentadorias e vagas de especialistas. Visto que , por exemplo, no INPE há apenas 65% de funcionários, comparado com 1989.
Abraços
Olá Raul!
Desculpe-me amigo mais não é bem assim, mesmo na questão dos satélites. O programa de satélites CBERS que governo usa com escudo de propaganda, na realidade foi concebido nos anos oitenta quando ainda existia a MECB (Missão Espacial Completa Brasileira), essa sim de certa forma exitosa. Missão inclusive que veio a produzir os satélites SCD-1, SCD-2, SCD-2A e iniciar o desenvolvimento do Saci-1 e Saci-2. Desde 1996 quando foi implantando o primeiro Plano Nacional de Atividades Espaciais (período de 1996-2005) definido como um plano decenal, jamais o mesmo foi seguido à risca. Completando o descaso já em 1997 se lançaria outro plano para o período de 1997-2007 e antes mesmo do período desse documento ser finalizado (sem resultado algum) em 2005, se lançou outro documento para o período de 2005 -2014, que é o que estar em vigor. Não bastando à falta de comprometimento com um documento realizado com o intuito de planejar o PEB num período de 10 anos, o senhor Carlos Ganem vem agora com a brilhante idéia de se fazer um quarto documento sem a AEB ter realizado até o momento nada de relevante desde que esses documentos foram criados, ou seja, 1995 a 2009 (14 anos). Só lembrando que o espaço de tempo que separa o último satélite genuinamente brasileiro (Saci-2) (com exceção do SATEC-1 e do UNOSAT que não precisaria de um PNAE para serem realizados) do chamado Amazônia-1, citado por você, e que ainda não se sabe se será lançado em 2010 ou 2011, são exatamente até o momento de 10 anos, ou seja, como você pode notar o histórico desses documentos não é do melhores. Sinceramente Raul, como lhe disse na postagem anterior, espero que em 2020 não estejamos com a oitava versão desse documento político discutindo a nona versão e comemorando a capacidade de nossa indústria de satélites de produzir um satélite a cada 10 anos. O que o Programa Espacial Brasileiro precisa Raul é de gente séria, de foco, de gente comprometida com o programa e objetivos já pré-estabelecidos pelo PNAE em vigor, de recursos, de apoio político onde for necessário, e principalmente de bons gestores. O PEB Raul precisa de “Gente que Faz”, pessoas que normalmente são contratadas a peso de ouro por empresas reconhecidas pelo seu sucesso. Pessoas que jamais cometeria o erro de ficar trocando o plano de ação da empresa a toda hora, pois sabem que um plano como esse deve ser feito a médio e longo prazo e que esse é o melhor caminho para o sucesso e que a opção contraria destabilizaria qualquer planejamento. Seria pedir muito que a AEB busque o caminho do sucesso?
Abs
Duda Falcão
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