quinta-feira, 2 de junho de 2011

Entrevista com Brig. Pantoja, do IAE - Parte II

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Ontem (01), publicamos a primeira parte da entrevista com o brigadeiro Francisco Carlos Melo Pantoja, diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA), sobre as atividades do Instituto no campo espacial. Hoje (02), publicamos a segunda e última parte, com destaque para as informações sobre as perspectivas de um projeto de lançador de pequeno porte.

Lançador de pequeno porte

Tema que frequentemente gera indagações dos interessados no programa de lançadores é o futuro do VLS. O blog Panorama Espacial já abordou este assunto em algumas ocasiões, tendo apresentado algumas das possibilidades analisadas pelo IAE e Agência Espacial Brasileira (AEB), como parcerias com a Rússia, França, Ucrânia ou Alemanha (veja a reportagem "Lançadores espaciais: Os planos do IAE/CTA", de agosto de 2009).

A parceria que mais parece agradar ao IAE é com a Alemanha, país com o qual, aliás, o Brasil já coopera no campo espacial há quase quarenta anos. O objetivo é desenvolver um veículo lançador de microssatélites (VLM), iniciativa que teria forte vocação para o mercado comercial e que seria concebida em conjunto com a indústria. A ideia, a propósito, surgiu com o programa SHEFEX (SHarp Edge Flight EXperiment), tendo em vista a necessidade dos alemães em dispor de um foguete mais capaz para uma missão ainda suborbital, mas muito próximo da capacidade de entrada em órbita.

“Com a Alemanha, percebe-se a tão buscada transferência de tecnologia, e é bilateral”, diz.

Como idealizado, o VLM “alemão” teria três estágios de propulsão sólida, sendo os dois primeiros estágios dotados com propulsores S-50, a ser desenvolvido, e o terceiro com um propulsor S-44, que já equipa o quarto estágio do VLS-1. O projeto, caso siga adiante, faria proveito do know-how adquirido com o programa do VSB-30, tanto em termos de gestão como qualificação.

Fato é que qualquer decisão sobre o caminho a ser seguido em relação ao futuro do programa VLS dependerá da revisão do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), em curso, que, logicamente, terá reflexos no Programa Cruzeiro do Sul, trazendo-o para um cenário mais realista.

“O VLM é algo mais ou menos certo para gente, mas vai depender de recursos, não apenas financeiros, mas também de pessoal”, disse o diretor do IAE.

[Nota do blog: em abril de 2010, já havíamos postado informações sobre essa possibilidade de desenvolvimento conjunto com a Alemanha (veja "O VLS "alemão""), associada ao programa SHEFEX, da DLR. Um ponto que deve ser observado é que a primeira viagem ao exterior do presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Raupp, em março deste ano, foi justamente para a Alemanha, em comitiva que também contou com vários oficiais do Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial (DCTA)]

SARA

O projeto do Satélite de Reentrada Atmosférica (SARA) continua avançando. Um voo suborbital é planejado para 2012, a bordo de um foguete de sondagem VS-40. Vários subsistemas estão sendo desenvolvidos e ensaiados, com a participação da indústria nacional, como a estrutura, dispositivos de recuperação e rede elétrica.

Recursos Humanos

Seguindo a tendência que assola outras instituições envolvidas com o Programa Espacial, o IAE também tem enfrentado o crônico problema de falta de recursos humanos, à medida que servidores vão se aposentando e não há reposição com a abertura de novas vagas. De acordo com o diretor, existem várias gestões junto aos órgãos competentes, como os Ministérios da Defesa e Ciência e Tecnologia, visando à abertura de concursos públicos para a reposição das vagas.

Atualmente, o IAE conta com cerca de 1.160 servidores, sendo que destes, aproximadamente 800 são civis.
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