quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

SGB: Entrevista com o general Celso José Tiago, do MinDef

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Reproduzimos abaixo entrevista publicada junto a reportagem sobre o Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) e o Sistema de Comunicações Militares por Satélite, do Ministério da Defesa ("Reportagem sobre o SISCOMIS e o SGB"), da edição n.º 127 da revista Tecnologia & Defesa:

Entrevista com o general-de-divisão Celso José Tiago, responsável pelo programa SGB no Ministério da Defesa

Como o projeto do SGB se insere dentro da Estratégia Nacional de Defesa?

A Estratégia Nacional de Defesa determina que as Forças Armadas realizem o monitoramento das fronteiras terrestres e marítimas o que pressupõe o estabelecimento de diferentes sensores ao longo dessas fronteiras, os quais necessitarão enviar seus produtos para um centro de análise e decisão. Para a remessa desses produtos, serão necessárias vias de comunicações alternativas, onde se insere o satélite geoestacionário de comunicações como uma das mais importantes.

O senhor poderia falar um pouco sobre a importância e a expectativa com a participação de indústrias nacionais no projeto?

O Brasil, ainda segundo o que estabelece a Estratégia Nacional de Defesa, doravante terá que investir mais no setor espacial. Penso que teremos, em médio prazo, dois a três satélites geoestacionários de comunicações estatais, devendo o primeiro ser lançado em 2014 para operar em banda Ka e X. Serão necessários ainda satélites de navegação, de vigilância, meteorológicos, entre outros.

O ideal é que essa demanda venha a ser atendida, de uma maneira crescente, pela indústria nacional. Para o primeiro satélite a ser lançado em 2014, a Telebras se juntou à Embraer Defesa e Segurança e criaram uma nova empresa que fará a aquisição do satélite. Após o lançamento e testes em órbita, o satélite será de propriedade da Telebras, que irá operá-lo, não só no posicionamento orbital, como nas comunicações em banda Ka. A banda X será totalmente operada pelo Ministério da Defesa.

Imagina-se que essa empresa, recentemente criada pela Telebras e Embraer Defesa e Segurança, adquira, paulatinamente, know how no setor espacial e venha, no futuro, a competir nesse mercado, priorizando a indústria nacional.

Nos últimos anos, o governo brasileiro firmou parcerias estratégicas com alguns países, dentre os quais França e Itália, que abrangem cooperação em defesa, inclusive comunicações militares via satélite. Como esses países podem contribuir para o SGB?

Sabe-se que dificilmente um país passa tecnologia estratégica para outro. No entanto, o Brasil já possui uma razoável capacidade tecnológica na área espacial, principalmente no Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) e no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). Esse patamar tecnológico aliado a uma robusta e regular injeção de recursos governamentais na contratação de pessoal mediante concurso, em pesquisas e nas parcerias com países possuidores dessa expertise, não há dúvida, colocará o Brasil no caminho certo para conquistar a tão desejada autonomia tecnológica no setor espacial.

Fonte: revista Tecnologia & Defesa n.º 127.
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