No final da década de noventa, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) desenvolveu o projeto SACI, acrônimo de Satélite de Aplicações Científicas, que previa o lançamento de dois microssatélites para estudos sobre anomalias atmosféricas. O primeiro artefato da série, chamado SACI-1, foi levado ao espaço por um lançador Longa Marcha 4B em 14 de outubro de 1999, em conjunto com o primeiro satélite do programa do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS).
A previsão era de que oito horas após a sua injeção em órbita, que se deu 25 segundos após a liberação do CBERS-1, a 761 km de altitude, o SACI-1 fizesse contato com a estação do INPE localizada em Natal, no Rio Grande do Norte, por meio de seu transmissor de bordo, ativado pelo computador de bordo em seguida à separação do último estágio.
Ao passar sobre a região de visibilidade da estação de Natal, a antena do INPE foi apontada em direção ao satélite, não recebendo, porém, qualquer sinal. Outras tentativas de contato, tanto pela estação de Natal como pelas estações de Cuiabá (MT) e Alcântara (MA), as duas últimas do Centro de Rastreio e Controle (CRC/INPE) foram realizadas, sem sucesso.
A impossibilidade de contato com o SACI-1 fez com que o governo brasileiro solicitasse ao governo norte-americano ajuda no rastreio do satélite, com o objetivo de se apurar se o artefato havia sido colocado corretamente em órbita, e se os seus quatro painéis solares teriam sido ativados. Os radares do NORAD (North American Aerospace Defense Command), comando das forças armadas norte-americanas e canadenses responsável pelo rastreio de artefatos no espaço, rastrearam o satélite, confirmando a inserção em órbita bastante próxima à nominal.
Na época, vários veículos de imprensa brasileiros chegaram a noticiar que o NORAD disponibilizaria ao INPE imagens para a identificação da posição e estado do SACI-1, fato que, no entanto, jamais ocorreu. “Esta história [imagens do NORAD] é lenda”, disse ao blog um integrante do INPE que acompanhou o caso.
Após três meses de tentativas mal-sucedidas, o SACI-1 foi considerado oficialmente perdido.
Duas causas para a perda foram consideradas como as mais prováveis: a não-ativação do transmissor de bordo logo após a colocação em órbita, ou a ocorrência de algum problema com a chave de energização do transmissor.
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Eventualmente, publicaremos no blog pequenos artigos com histórias sobre programas espaciais na América Latina. Deste gênero, vejam a história "Brasilsat A2 e a titinha do Senhor do Bonfim", postada em dezembro de 2008.
3 comentários:
Como contribuinte brasileiro gostaria de saber quanto custou esse SACI
Conterrâneo campinense, custou 4,6 milhões
Conterrâneo campinense, custou 4,6 milhões
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