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As últimas semanas têm sido movimentadas em matéria de lançadores espaciais. No início de junho, o foguete americano Falcon 9, desenvolvido pela empresa privada SpaceX, foi lançado com sucesso, abrindo um novo capítulo na história da empresa, notícia esta, aliás, que já foi abordada aqui no blog (vejam a postagem "Falcon 9: dia "histórico"", de 4 de junho), e sobre a qual escrevemos mais adiante.
Em 10 de junho, a agência espacial da Coréia do Sul tentou realizar, mais uma vez sem sucesso, o voo de seu pequeno lançador espacial, Naro (também chamado KSLV-1), que explodiu 137 segundos após o lançamento. Prestes a completar oito anos, o projeto do foguete sul-coreano, que conta com forte suporte da companhia russa Khrunichev, já realizou duas tentativas (a primeira foi em agosto de 2009, com falha no segundo estágio), comprovando o caminho sempre difícil para o desenvolvimento e disponibilização em situação operacional de foguetes espaciais.
Ontem (22), foi a vez de Israel anunciar o sucesso do lançamento de um novo satélite "espião" (Ofeq-9, dotado de um sensor ótico de alta-resolução), de pequeno porte, operação realizada por uma versão aprimorada do foguete Shavit, de porte similar ao VLS-1 brasileiro (vejam o vídeo aqui). Tanto o foguete como o satélite são exemplos do bem-sucedido programa espacial israelense, majoritariamente dirigido por necessidades militares.
O sucesso do Falcon 9 parece ter sido suficiente para reduzir algumas das desconfianças sobre o projeto da SpaceX, o que teria levado ao anúncio, alguns dias depois, de contrato bastante significativo com a Iridium, para colocação em órbita de 72 satélites de nova geração, no valor de US$ 492 milhões. "Nós estamos anunciando hoje o maior contrato comercial de lançamento da história, no melhor do meu conhecimento", afirmou Elon Musk, fundador e presidente da SpaceX. Outros contratos estariam em discussão e devem ser anunciados em breve.
À medida que os dias vão passando, o projeto da SpaceX, de acesso ao espaço com baixos custos, parece se comprovar ou ao menos se tornar mais sólido, embora existam entre os analistas especializados no setor, desconfianças sobre a capacidade financeira da SpaceX em cumprir com todas as suas promessas. O manifesto de missões da companhia já conta com dezenas de lançamentos para os próximos anos para os seus dois veículos (Falcon 1 e Falcon 9), vários deles comerciais. De acordo com a mídia especializada estrangeira, os fretes da SpaceX poderiam ser até mesmo inferiores do que os praticados pelos lançadores indianos e chineses, tradicionalmente mais baratos que os foguetes americanos (Atlas V, Delta IV), europeus (Ariane 5) e mesmo russos ou ucranianos (Proton, Zenit 3SL).
O fato é que, definitivamente, o sucesso do modelo da SpaceX deve revolucionar o mercado de lançamentos espaciais, não apenas governamental, mas também o privado. Mesmo a Europa, radicional líder no segmento privado com a Arianespace, parece reconhecer essa possível revolução. No dia 8 de junho, na ILA em Berlim, Jean-Jacques Dordain, diretor-geral da Agência Espacial Europeia, disse que a Europa precisa aprender a partir do que a SpaceX está fazendo. E, logicamente, essa possível revolução (ou mais diretamente, concorrência) terá reflexos para os esforços da binacional ucraniano-brasileira Alcântara Cyclone Space em se tornar player no mercado.
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