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Na última semana, aconteceu em Paris a tradicional "World Satellite Business Week", um dos mais importantes eventos da indústria de satélites, organizada pela Euroconsult. A seguir, apresentamos algumas notas sobre seus principais acontecimentos.
Arianespace: 60% do mercado
Um dos grandes destaques foram os anúncios de novos contratos de lançamento da Arianespace, todos envolvendo o seu carro-chefe, o lançador Ariane 5. No acumulado de 2014, já são treze novos acordos assinados, o que lhe garante um domínio de mais de 60% do mercado comercial de lançamentos.
No dia 8, a companhia europeia tornou públicos quatro deles, todos para satélites de menor porte para padrões geoestacionários (entre 3.300 e 3.500 kg), segmento em que compete diretamente com a americana SpaceX, que opera o foguete Falcon 9. No dia seguinte, outros dois negócios: o do Al Yah 3, da operadora Yahsat, dos Emirados Árabes Unidos, que terá capacidade destinada ao Brasil (ver nota abaixo), e do indonésio Telkom-3S, em construção pela Thales Alenia Space, ambos com lançamentos previstos para o quarto trimestre de 2016.
Aliás, quinta-feira (11), o Ariane 5 executou sua 61ª missão bem-sucedida consecutiva, inserindo em órbita o MEASAT e Optus, construídos pela Airbus Defence and Space e Space Systems/Loral (SSL), respectivamente. O próximo voo está programado para outubro, tendo como "passageiros" um artefato da DIRECTV e Intelsat, e o ARSAT-1, primeiro satélite geoestacionário construído na Argentina.
Al Yah 3: ligando a África e o Brasil
A Yahsat, do grupo financeiro Mubadala, finalmente divulgou o fabricante de seu novo satélite, o Al Yah 3, sob a responsabilidade da americana Orbital Sciences Corporation. Em junho, já havíamos abordado o interesse do grupo árabe pelo mercado brasileiro (ver a postagem "Comunicações: árabes de olho no Brasil").
Com previsão de entrada em operação no final de 2016, o Al Yah 3 contará apenas com transpônderes em banda Ka, proporcionando banda larga para cerca de 600 milhões de usuários nos continentes africano e sul-americano. Sua posição orbital permitirá a cobertura de mais de 95% da população brasileira e de 69% da africana.
"Surpresa" japonesa
Outra novidade foi a encomenda da Es’hailSat, operadora do Qatar, de um satélite junto à japonesa Mitsubisi Electric (Melco), que causou certa surpresa no mercado. De acordo com declarações da empresa árabe, a oferta japonesa teve valor de 10% a 15% inferior à proposta conjunta da SSL e da Thales Alenia Space (este, um movimento incomum reunindo dois rivais).
A Melco é considerada uma entrante no mercado comercial, tendo fechado até o momento poucos contratos para missões completas, como o TURKSAT 4A e 4B, da Turquia. A empresa participou da concorrência brasileira para o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), tendo inclusive sido selecionada para a fase final, juntamente com a SSL e a Thales Alenia Space.
Telesat: crítica às missões latino-americanas
Segundo a Satellite Today, num dos painéis do evento, Dan Goldberg, presidente da Telesat, quarta maior operadora de satélites do mundo, criticou os programas de alguns países latino-americanos que buscam ter seus próprios satélites de comunicações, caso da Argentina, Venezuela e Bolívia.
"Eu não acho que o lançamento de seus próprios satélites é uma boa coisa para a indústria", afirmou. "A História tem demonstrado que o setor comercial envolve um apoio fantástico para empregos na indústria de satélites. Eu gostaria que governos progressivos do mundo dessem uma passo para trás e analisassem se tais interferências são necessárias".
Thales Alenia Space o Spacebus NEO
Aproveitando o período do summit, e dentro de sua estratégia de reforçar a atuação no segmento comercial espacial, a franco-italiana Thales Alenia Space anunciou o lançamento da família de plataformas Spacebus NEO, uma atualização dos tradicionais modelos Spacebus, com mais de 80 unidades já contratadas e 500 anos de serviço acumulado em órbita. Segundo divulgado, "as novas plataformas oferecem tecnologias de última geração e estarão disponíveis em várias versões de propulsão, incluindo uma totalmente elétrica." O Spacebus NEO terá versões capazes de atender missões de comunicações de pequeno a grande porte.
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