quarta-feira, 19 de agosto de 2009

CBERS 3: teste vácuo-térmico

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Satélite CBERS realiza teste vácuo-térmico na nova câmara de simulação espacial do INPE

19/08/2009

O satélite CBERS-3 será testado na mais avançada câmara de simulação do ambiente espacial do Hemisfério Sul, instalada no Laboratório de Integração e Testes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (LIT/INPE), em São José dos Campos (SP). O modelo térmico do satélite está sendo preparado na câmara, que deve ser fechada para o início do teste na segunda-feira (24/8). Trata-se do primeiro realizado nesta nova câmara.

O teste vácuo-térmico simula as temperaturas extremas que o satélite enfrenta no espaço para averiguar o funcionamento de seus vários subsistemas e uma possível degradação dos materiais.

“Já dentro da câmara primeiro é feita uma limpeza do satélite, quando elevamos sua temperatura até 55ºC por 24 horas, um processo que chamamos de ‘bake-out’. Em seguida iniciamos propriamente o teste de balanço térmico, que se estende por 14 dias seguidos, com temperaturas extremas e alternância de frio e calor”, explica a engenheira Rosângela Leite, da Coordenação de Engenharia e Tecnologia Espacial (ETE) do INPE.

A impossibilidade de conserto em órbita torna imprescindível a simulação em Terra de todas as condições que o satélite irá enfrentar desde o seu lançamento até o fim de sua vida útil no espaço. Se durante os testes é verificado algum problema, é possível resolver antes do lançamento.

“Todos os equipamentos e sistemas de um satélite são testados exaustivamente. Projetos espaciais são caros e um pequeno erro pode comprometer não só o investimento financeiro mas também anos de trabalho”, diz José Sérgio de Almeida, engenheiro do LIT/INPE. “São poucas as câmaras de simulação espacial deste porte no mundo. Quando uma delas fica pronta, reúne todos os últimos avanços tecnológicos e se torna um instrumento estratégico de qualificação espacial”.

Nova câmara

Com cerca de 150 toneladas, a nova câmara tem dimensões externas de 8 metros de largura, 10m de comprimento e 9,5m de altura. Internamente, mede 6m de largura, 7.5m de altura e 8m de profundidade com volume total de 485 m3. Como principais características, permite simular a pressão no nível de 1x10-7 mbar e o controle de temperatura varia entre -196 ºC a 150 ºC. Seu sistema de informação possui 1.500 canais para a gravação e análise dos dados experimentais. Também conta com equipamento para análise completa de contaminação.

Própria para testar satélites de grande porte, como o CBERS, que possui massa maior que 1.500kg, com esta câmara o Brasil está apto a realizar a chamada matriz completa de testes, composta também de ensaios de vibração e choque, medidas de propriedades de massa, testes elétricos, acústicos e de compatibilidade eletromagnética. Para estes, o INPE já tinha instalados equipamentos de grande porte.

“Nossos testes vácuo-térmicos eram realizados nos equipamentos e sistemas separadamente porque nossa câmara não comportava o satélite todo montado. Agora podemos atender não só ao programa espacial brasileiro como oferecer a matriz completa de testes a outros países”, diz José Sérgio.

A nova câmara do LIT/INPE custou US$ 9 milhões, investimento feito através do Programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres).

Satélite CBERS

Resultado da parceria com a China, os satélites do programa CBERS servem ao Brasil para monitorar desmatamentos, a expansão urbana e da agropecuária, entre outras aplicações. Já foram lançados três satélites: CBERS 1, 2 e 2B, este atualmente em operação. Os CBERS 3 e 4 devem ser colocados em órbita em 2011 e 2014.

Com o CBERS, o Brasil passou a dominar a tecnologia para o fornecimento de dados de sensoriamento remoto. Até então, o país dependia exclusivamente de imagens fornecidas por equipamentos estrangeiros. Desde a assinatura do acordo de cooperação, em 1988, Brasil e China já investiram cerca de US$ 350 milhões e atualmente o Brasil é um dos maiores distribuidores de imagens orbitais do mundo.

Iniciativa pioneira no mundo, a política de acesso livre aos dados adotada pelo INPE permitiu que fossem distribuídas pela internet mais de meio milhão de imagens para aproximadamente 20 mil usuários, em cerca de duas mil instituições públicas e privadas. Em média, têm sido registrados diariamente 750 downloads no Catálogo CBERS.

Além do fornecimento gratuito de imagens de satélite, que contribuiu para a popularização do sensoriamento remoto e para o crescimento do mercado de geoinformação brasileiro, o Programa CBERS promove a inovação na indústria espacial nacional, gerando empregos em um setor de alta tecnologia fundamental para o crescimento do País.

Mais informações no site www.cbers.inpe.br

Fonte: INPE
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2 comentários:

Goianiense disse...

Tenho uma dúvida, acho que alguém pode me ajudar:

O CBERS I e II seriam 70% chineses e 30% brasileiros

e o CBERS III e IV seriam 50% a 50% para cada país

a informação está certa?

Obrigado

Andre Mileski disse...

Goianiense, sim, "grosso modo é isso mesmo. Os CBERS da primeira geração (1, 2 e 2B) contam com 30% de participação nacional, que será ampliada no 3 e 4. André.