quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Atualizações sobre o Programa Espacial Brasileiro

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Reproduzimos abaixo algumas informações colhidas no 9º Congresso Latino-Americano de Satélites, realizado no Rio de Janeiro na semana passada, sobre projetos do Programa Espacial Brasileiro. As informações foram colhidas na apresentação do Diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos, Himilcon Carvalho, e do Diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento, Thyrso Villela, ambos da Agência Espacial Brasileira (AEB), e também em conversas com outras pessoas presentes envolvidas com o programa governamental.

LIT/INPE: a infraestrutura atual do Laboratório de Integração e Testes (LIT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), é, em geral, com exceção de algumas poucas áreas, capaz de atender satélites com massa na faixa de 2 a 3 toneladas. Um tipo de teste cuja estrutura deve ser ampliada em futuro próximo é o de vibração, executado por meio dos chamados "shakers". O "shaker" atual do LIT é de 160 kN, e o ideal seria ter um da ordem de 300 kN.

Participação do LIT/INPE na missão SAC-D: o satélite argentino SAC-D, da Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE), deve chegar ao LIT/INPE em março de 2010, onde será submetido a alguns testes. Em julho do mesmo ano, será enviado para os EUA, para lançamento a partir do final de setembro. Em apresentação feita por representante da INVAP, foi reconhecida a importância do LIT para o Programa Espacial Argentino. Existem também conversas entre o LIT/INPE e a Argentina para a realização de testes e/ou integração dos satélites geoestacionários da família ARSAT nas instalações do LIT.

MAPSAR: o projeto de construção de satélite com sensor-radar (Synthetic Aperture Radar - SAR) em conjunto com a Alemanha está na fase B (projeto detalhado da missão). A agência espacial alemã deve dar uma posição sobre a continuidade ou não da missão até dezembro deste ano. Já existem alguns países e empresas se posicionando para o caso da Alemanha não prosseguir com o projeto.

GPM: o GPM (Global Precipitation Measurement) será uma missão de meteorologia baseada na Plataforma Multimissão (PMM). O pequeno satélite deverá ter a bordo sensores para medição de precipitação. A missão está em fase de concepção, com término previsto para janeiro de 2010. A ideia é fazê-la em parceria com a França, que também alocaria recursos para o projeto.

Amazônia-1: o satélite de sensoriamento remoto baseado na PMM está em construção. A AEB espera que o seu lançamento ocorra em 2011. Ainda não existe qualquer definição sobre qual será o lançador utilizado (o Cyclone 4, embora muito mais capaz, é uma possibilidade).

SABIA-MAR: embora parceiros na área espacial há vários anos, o Brasil e a Argentina não chegaram a desenvolver um satélite conjunto. O projeto SABIA-MAR, para observação marítima, existe desde 1998, mas apenas recentemente passou a ser considerado com mais atenção. Em parte, o seu “atraso” também se deve a possibilidade, hoje descartada, da participação espanhola na missão, o que chegou a ser considerado há muitos anos. Inicialmente, desde que as discussões entre o INPE e a CONAE foram retomadas, o Brasil seria responsável pelo fornecimento da plataforma (possivelmente a PMM), enquanto que a responsabilidade pelas cargas-úteis seria argentina. Aparentemente, houve uma inversão, devendo o Brasil agora se responsabilizar pelas cargas-úteis. De todo modo, isto ainda está sujeito a mudanças, tendo em vista que o projeto ainda está em fase preliminar. A expectativa é que haja novidades no primeiro trimestre de 2010.

VLS-1: na apresentação feita pelo Diretor da AEB, um quarto voo do VLS-1 (VO4) está previsto para 2014. A plataforma do lançador brasileiro, chamada Torre Móvel de Integração (TMI) deve estar concluída já no ano que vem. “É um projeto antigo..., mas é imprescindível que o Brasil tenha uma capacidade autônoma de lançamento”, disse Carvalho.

Glonass: possibilidade de produção no Brasil de receptores do sistema russo de posicionamento por satélites Glonass. Discute-se também com a contraparte russa a instalação de uma estação de referência do sistema no País.

Cooperação internacional: num dos últimos slides da apresentação de Carvalho, foram destacados num mapa os países com os quais a AEB discute acordos de cooperação. São eles: EUA, Canadá, Uruguai, África do Sul, Espanha, Suécia, Itália, Egito, Israel e Índia. O escopo dos projetos conjuntos é bastante amplo e varia conforme o país. Destaque para aplicações relacionadas aos satélites CBERS e de outros satélites de observação terrestre. A Itália, por exemplo, se interessa em fazer uma missão SAR com o Brasil.
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2 comentários:

Raul_m disse...

Opa, vôo do VLS-1 V04 com 8 anos de atraso (era para ter voado já no fim de 2006!).

Ou seja, um acidente que conseguiu atrasar nosso programa espacial em 11 anos. Nunca se evoluiu tão pouco no nosso programa espacial quanto nestes últimos anos que, por incrivel que pareça, tem recebido maior constância e volume de verbas.

Eu posso estar enganado, mas pelo que eu sei, em 11 anos dava para abandonar o VLS-1 e invetar algo totalmente diferente e muito melhor, testar e certificar.


abraços]

Unidade de Carbono no Palido ponto Azul disse...

2014 ? É para fazer show na Copa do Mundo ? Será que vão adiar para 2016 para o Show ser a nível mundial na Olimpiada do Rio ? Brincadeira.