sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Avanços no Programa GPM

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Governo federal dá aval para construção de satélite de monitoramento das chuvas

10/02/2011

Roberto Maltchik


BRASÍLIA - A tragédia na Região Serrana levou o Ministério da Ciência e Tecnologia a dar carta branca ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para investir na construção de um satélite de monitoramento de precipitações. O GPM (sigla, em inglês, para Medida de Precipitação Global) será construído em parceria com os Estados Unidos e vai custar aos cofres públicos o equivalente a US$ 70 milhões, ao longo dos próximos quatro anos. A ideia da Nasa é fazer o lançamento do GPM em 2015.

— Já há uma decisão no âmbito do ministério e da Agência Espacial Brasileira. O (Aloizio) Mercadante já foi consultado e está de acordo. Estamos bastante tranquilos em relação ao apoio do governo brasileiro — afirmou o diretor do Inpe, Gilberto Câmara.

No projeto, os EUA entram com os sensores e o Brasil com o suporte energético e de telecomunicações para o satélite. O principal obstáculo, neste momento, é a licitação para a escolha do foguete lançador. O diretor do Inpe descarta o uso dos ucranianos Cyclone 4, a partir da base de Alcântara (MA). Segundo ele, não há garantia de que o projeto, tocado pela binacional Alcântara Cyclone Space, esteja operacional em tempo hábil.

O secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento, Carlos Nobre, explica que o GPM coroa o sistema de prevenção com o mecanismo mais preciso que existe para monitorar a característica de uma chuva, especialmente a temperatura e a densidade do interior das nuvens.

O sistema que hoje fornece informações ao Brasil — cujo domínio não é brasileiro — não dispõe dos sensores do GPM para inferir a dimensão de uma tempestade. O Brasil também não tem garantias de que receberá informações em tempo adequado. Essa velocidade faz a diferença para emitir um alerta preciso.

— Ele olha processos físicos que o sistema atual é incapaz de observar. Informações como se há gelo ou água líquida no interior das nuvens. O GPM será muito bem-vindo — afirma Nobre.

O chamado GPM Brasil integra uma família de satélites de chamada órbita baixa que devem monitorar as precipitações em todo o planeta. Os Estados Unidos e o Japão estão construindo a "nave mãe", equipamento de tecnologia altamente avançada, capaz emitir microondas e captar as informações da atmosfera. No dia 26 de abril, os patrocinadores do projeto se reúnem em Fortaleza para analisar o cronograma. No encontro, de acordo com o pesquisador do Centro de Previsão do Tempo do Inpe, Luiz Augusto Machado, também será decidido se os não patrocinadores receberão informações ao mesmo tempo que Brasil, Estados Unidos e Japão.

— No caso do Rio, se o GPM tivesse passado (na órbita equatorial), nós teríamos a possibilidade de saber o que estava acontecendo. Ter parte do projeto é a única garantia de que o Brasil vai receber as informações no tempo adequado — afirma Machado.

Fonte: O Globo, 10/02/2011
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