.
Em 28 de fevereiro, será inaugurado no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos (SP), o Laboratório de Identificação, Navegação, Controle e Simulação, construído com recursos da FINEP para apoiar atividades de desenvolvimento de sistemas de navegação e controle de satélites e veículos lançadores.
Na última sexta-feira (25), uma reportagem ("Laboratório reduz gargalo espacial") de Virgínia Silveira com informações detalhadas sobre as finalidades do laboratório e projetos do Brasil no campo de sistemas de controle aeroespacial foi publicada no jornal "Valor Econômico".
Sistemas inerciais e de controle, aliás, sempre foram o "calcanhar de Aquiles" de muitos projetos espaciais, particularmente em veículos lançadores. Por ser um item de uso dual (tanto para lançadores espaciais como mísseis balísticos), sua comercialização é muito controlada. Em julho de 2008, publicamos um pequeno artigo no blog sobre a história do desenvolvimento local e posterior compra de sistemas inerciais russos para o VLS (veja em "Sistemas Inerciais: o calcanhar-de-aquiles do VLS").
Além de sistemas de controle, existem vários itens sensíveis para o desenvolvimento autônomo de tecnologia espacial. Um exemplo crítico são os detectores CCD (Charge-Coupled device / dispositivo de carga acoplada) para câmeras óticas espaciais, que não são fabricados localmente e precisam ser importados. Para câmeras de resolução mais apurada (a partir de 5 metros), a aquisição no exterior é ainda mais difícil. Os EUA, por exemplo, costumam restringir a venda em razão de sua legislação interna (ITAR).
Alguns movimentos de consolidação entre as empresas fornecedoras de CCDs têm tornado mais difícil a compra desses componentes. A companhia inglesa E2V adquiriu várias fabricantes na Europa, como a unidade da Atmel em Grenoble, na França, em 2006, fornecedora, aliás, dos CCDs das câmeras MUX e WFI dos CBERS 3 e 4. Mais recentemente, em janeiro deste ano, o grupo britânico BAE Systems adquiriu o controle da Fairchild Imaging, fabricante norte-americana de CCDs e de outros componentes óticos.
Há algumas alternativas para as dificuldades em compra de itens críticos. Uma delas é o chamado "up-screening" que, grosso modo, consiste em utilizar técnicas de seleção de componentes eletrônicos para aproveitar componentes de uma categoria inferior, disponíveis comercialmente, por exemplo, em uma aplicação que demandaria outras de categoria superior.
Os exemplos dos sistemas inerciais e dos CCDs mostram que, se o objetivo é buscar independência e autonomia (caso do Programa Espacial Brasileiro), não basta apenas pensar nas plataformas (lançadores e satélites), mas também nos subsistemas e componentes críticos.
.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Mileski
1)A China ou a Rússia fabricam os CCD's ? Qual a possibilidade de um intercambio tecnologico ?
2)Agora que nossa economia está em ascensão, o Brasil tem que empreender um esforço tecnológico sem tréguas e deixarmos para trás a condição de anão tecnologico.
Iuri, desculpe a demora em respondê-lo. Sim, a Rússia fabrica CCDs espaciais, mas o que me disseram é que não são muito confiáveis. Sobre a China, acredito que eles estejam fabricando, mas já ouvi de mais de uma pessoa que a China compra CCDs ocidentais por meio de contrabando. Vai saber...
Postar um comentário