quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

CBERS-2 encerra vida útil

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O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) anunciou hoje (28), que em 15 de janeiro o satélite CBERS-2 deixou de operar, encerrando a sua vida útil. O CBERS-2 foi lançado a partir do Centro de Taiyuan, na China, em 21 de outubro de 2003, e tinha vida útil inicial estimada em dois anos. "Nestes mais de cinco anos, superou todas as expectativas ao produzir mais de 175 mil imagens que serviram para monitorar o meio ambiente, avaliar desmatamentos, áreas agrícolas e o desenvolvimento urbano", divulgou em nota o INPE.

Desde setembro de 2007, quando o CBERS-2B foi lançado, o Brasil contava com dois satélites próprios para a observação de seu território. Outros dois CBERS, 3 e 4, de nova geração estão atualmente em desenvolvimento e devem ser colocados em órbita em 2011 e 2014, respectivamente. Já se discute inclusive a continuidade do programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite) para o desenvolvimento e construção dos CBERS 5 e 6.

Para mais informações sobre o encerramento da operação do CBERS 2, leiam o press-release "CBERS-2 encerra vida útil", disponível no web-site do INPE.
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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Avanços no Projeto dos CBERS 3 e 4

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Modelo elétrico dos satélites CBERS-3 e 4 é testado na China

26/01/2009

Até abril, na China, está sendo testado um modelo (protótipo) dos CBERS-3 e 4, satélites com lançamentos previstos para 2010 e 2013, respectivamente. Os equipamentos foram transportados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em novembro de 2008 para a montagem do modelo elétrico do satélite, que atualmente passa por uma bateria de testes.

Segunda geração de satélites desenvolvidos em parceria pelo Brasil e China, o CBERS-3 e 4 representam uma evolução dos satélites CBERS-1, 2 e 2B, este último lançado em setembro de 2007.

As atividades iniciaram em dezembro, após inspeção para certificar que não houve nenhum dano na viagem de transporte, com testes elétricos e verificação de todos os equipamentos, em suas embalagens e nos registradores de choque e umidade. Apenas depois desta inspeção geral os equipamentos foram montados na estrutura do satélite para a realização dos testes elétricos.

“Dada à complexidade do satélite, seus testes elétricos são realizados por ‘Estados’, chamados de A, B, C e D. O satélite é progressivamente integrado para ser configurado em cada um de seus Estados. Por exemplo, no Estado A o satélite está com o Módulo de Carga útil (PM) separado do Módulo de Serviço (SM) e não tem alimentação por baterias”, explica José Iram Barbosa, chefe do Serviço de Garantia do Produto do INPE.

Os testes A1, na primeira quinzena de dezembro, verificaram a interface de potência entre todos os equipamentos. Os resultados destes testes indicaram que o satélite poderia seguir para os testes A2, que tiveram início no começo de janeiro e deverão ser concluídos ainda este mês. De março a abril serão realizados os testes dos Estados B, C e D.

No Brasil, foram concluídos em dezembro os testes vibratórios e acústicos do modelo mecânico, que agora está sendo preparado para o início dos ensaios térmicos. O INPE é responsável no Brasil pelo Programa CBERS (sigla para China-Brazil Earth Resources Satellite; em português, Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), parceria iniciada com a China há 20 anos e que garantiu a ambos os países o domínio da tecnologia do sensoriamento remoto.

O desenvolvimento do satélite

De forma mais ampla, o desenvolvimento do CBERS é dividido em fases. A primeira (fase A) contempla a concepção geral do satélite, um estudo de viabilidade técnica e a definição de uma estratégia de desenvolvimento, incluindo cronograma e estimativa de custos.

A fase B é a fase de projeto preliminar na qual se definem as concepções dos subsistemas do satélite e as especificações em nível de sistema (satélite) e subsistema. Esta fase é concluída com a PDR (Revisão de Projeto Preliminar) do sistema.

Em seguida, inicia-se a fase C, fase de projeto detalhado. Nesta fase, é feito o projeto detalhado de todos os subsistemas, levando-se em conta, além dos requisitos funcionais e de desempenho, todos os requisitos específicos do ambiente espacial. Na fase C, são construídos os modelos de engenharia (ME) dos subsistemas e equipamentos. Estes são equipamentos construídos utilizando-se componentes eletrônicos funcionalmente equivalentes aos que serão utilizados nos modelos de qualificação e de vôo, mas sem qualificação espacial.

O objetivo dos MEs dos subsistemas é realizar a verificação funcional, de desempenho e de compatibilidade eletromagnética. Após a verificação em nível de subsistemas, são feitos a integração e os testes do modelo elétrico do satélite, que têm por objetivo verificar os requisitos funcionais, o desempenho e a compatibilidade eletromagnética do satélite como um todo.

Em paralelo à construção e testes do modelo elétrico, outros modelos de desenvolvimento do satélite são construídos, para verificar outros tipos de requisitos.

Um modelo estrutural com todas as características mecânicas do satélite e dos subsistemas é construído e testado. O objetivo desse modelo é verificar se o satélite vai resistir aos esforços mecânicos impostos ao longo de sua vida, principalmente os esforços do lançamento. Esse modelo é submetido a testes estáticos e dinâmicos (vibração e acústico).

Um modelo térmico é construído com as características térmicas do modelo de vôo e é submetido a teste de balanço térmico (TBT) em câmara termo-vácuo. O objetivo deste teste é verificar se todos os equipamentos e subsistemas suportarão as diferenças de temperatura durante a operação em órbita.

Um modelo radioelétrico do satélite com as características radioelétricas (antenas, formas, superfícies) é construído e testado em campo de antenas para verificar diagramas de radiação e interferências em RF.

Na fase C também são construídos modelos de qualificação dos subsistemas, cujos projetos são novos. Esses modelos de qualificação são fabricados com o mesmo nível de qualidade dos modelos de vôo, utilizam componentes eletrônicos qualificados para uso no espaço e são submetidos a ensaios ambientais de qualificação, em níveis de vibração e faixas de temperatura superiores aos previstos para o modelo de vôo.

No final da fase C é realizada a CDR (Revisão Crítica do Projeto), onde se verifica se o projeto dos subsistemas e do satélite está finalizado e atendendo às especificações, e se os preparativos para a fabricação dos modelos de vôo estão concluídos e sua fabricação pode ser iniciada.

Na fase D são construídos os modelos de vôo dos subsistemas, depois realizadas a integração e os testes do satélite e, finalmente o lançamento em órbita.

O desenvolvimento dos satélites CBERS-3 e 4 encontra-se atualmente na fase C.


Teste de interface de potência nos equipamentos do PM

Vista dos dois módulos PM e SM integrados para a realização dos testes de interface elétrica

Vista do Módulo de Carga Útil com destaque para a câmara brasileira MUX
Fonte: INPE
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domingo, 25 de janeiro de 2009

Brasil terá estação de recepção de dados do Envisat

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Em breve, o Brasil contará com uma estação de recepção de dados gerados pelos sensores ASAR (Advanced Synthetic Aperture Radar) e MERIS (Medium Resolution Imaging Spectrometer) do satélite Envisat, da Agência Espacial Europeia (ESA). A antena será instalada na unidade do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) localizada na cidade de Cachoeira Paulista, interior de São Paulo.

Esta será a primeira estação do INPE para recepção de imagens geradas por um sensor radar (ASAR), hoje uma das maiores carências do País em termos de sensoriamento remoto, particularmente nos programas DETER e PRODES de monitoramento de desmatamento na Amazônia.

No momento, estão sendo instalados os processadores da estação de recepção, e a previsão é que ainda no primeiro semestre a mesma já esteja operacional. A instalação da antena foi viabilizada por meio de convênio firmado entre o INPE, a Petrobras e a Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Já há alguns anos, imagens geradas pelo ASAR têm sido utilizadas no monitoramento ambiental da Bacia de Campos, na costa do Rio de Janeiro, para a identificação de derrames de óleo no mar, daí o interesse e a razão da Petrobras ter financiado a aquisição da antena. A foto que ilustra essa nota foi gerada pelo sensor ASAR e revela a dimensão do derramamento de petróleo ocorrida em 2002 na costa da Espanha.

De acordo com informações do INPE, as imagens geradas pelo Envisat possivelmente serão utilizadas para outras aplicações além do monitoramento ambiental da Bacia de Campos, embora ainda não tenha sido definida uma política de distribuição desses dados.

Envisat

Colocado em órbita por um lançador Ariane 5 em 2002, o satélite Envisat foi construído por um consórcio de empresas lideradas pela EADS Astrium, e é equipado com dez sensores (ASAR, MERIS, AATSR, RA-2, MWR, DORIS, LRR, MIPAS, GOMOS, SCIAMACHY). Sua concepção levou em consideração quatro grandes áreas para estudos em meio-ambiente: mudanças climáticas, monitoramento de desastres naturais, aquecimento global e estudos de poluição do planeta.
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quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

PPP do SGB

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Planejamento viabiliza PPP para satélite nacional

22/01/2009 13:23:10

Os Ministérios do Planejamento e da Ciência e Tecnologia assinaram termo de cooperação para contratar os estudos de modelagem do satélite geoestacionário brasileiro, sob a forma de parceria público-privada.

No Planejamento os trabalhos ficarão a cargo da Assessoria Econômica, órgão do Ministério responsável pelo desenvolvimento de PPPs no governo federal. No Ministério da Ciência e Tecnologia, o projeto será desenvolvido pela Agência Espacial Brasileira.

O objetivo do satélite é o fornecimento de serviços de telecomunicações de governo, comunicações militares seguras e de informações sobre meteorologia e controle de tráfego aéreo. De acordo com o projeto o satélite deverá ser desenvolvido com alto índice de participação da indústria nacional.

Os estudos para o desenvolvimento do projeto de parceria envolvem, além de uma análise do marco regulatório do setor, a apresentação de soluções para eventuais ajustes que necessitem ser feitos no Brasil.

Outro item importante nos estudos de modelagem da PPP consiste nas alternativas de financiamento que garantam a atratividade e a viabilidade do projeto num horizonte de quinze anos.

De acordo com a Assessoria Econômica do Ministério do Planejamento, os estudos serão viabilizados com recursos do Fundo Multilateral de Investimentos (Fumin), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), fruto de uma parceria com o Ministério do Planejamento onde cada um entra com 50% dos recursos necessários.

A modelagem de um projeto envolve a parte técnica (estudos de demanda, engenharia, ambientais, etc.), a parte econômico-financeira (a financiabilidade do projeto, considerando os seus custos, juros, prazo, tarifas a serem cobradas, impostos, modelo de negócio, etc) e a parte jurídica (edital e contratos).

Fonte: AEB

Comentários: publicamos no início deste mês uma nota com algumas possibilidades para a PPP do SGB. Vejam em "Parcerias Público-Privadas para o Setor Espacial". A notícia divulgada pela AEB tem uma informação muito interessante: os estudos de modelagem da PPP serão financiados com recursos do BID. Na América do Sul, o BID concedeu financiamento parcial para a missão do do satélite-radar argentino SAOCOM, em desenvolvimento pela Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CONAE) e INVAP.
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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Componentes do Amazônia-1

INPE adquire componentes para o satélite Amazônia-1

20/01/2009

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) está adquirindo novos componentes para o Amazônia-1. Com lançamento previsto para 2011, este será o primeiro satélite de observação da Terra desenvolvido pelo Brasil e o primeiro a utilizar a Plataforma Multimissão (PMM).

Juntos, os satélites Amazônia-1 e CBERS-3 e 4 permitirão uma cobertura completa da Terra em menos de 5 dias, tornando o Brasil autônomo para obtenção de imagens em média resolução e eliminando o risco de descontinuidade no fornecimento desse tipo de imagem por parte de satélites estrangeiros. Hoje, por exemplo, o satélite americano Landsat-5, que é utilizado na avaliação de desmatamento da Amazônia, está há mais de 22 anos no espaço e apresenta sinais claros de degradação.

O Amazônia-1 é baseado em uma plataforma nacional, denominada PMM, que será também utilizada em outros satélites propostos para o Programa Espacial Brasileiro: o satélite científico Lattes-1, o satélite radar de observação da Terra MAPSAR, e o satélite meteorológico de medidas de precipitação GPM-Br.

Para desenvolver a PMM, o INPE contratou na indústria nacional os subsistemas de telecomunicações, estrutura, propulsão e energia, cujos chamados modelos de vôo deverão ser entregues até meados de 2010, para dar início à etapa de integração e testes do primeiro satélite, o Amazônia-1.

Em paralelo, o INPE está adquirindo os componentes para a carga útil do satélite, que envolvem equipamentos de transmissão e gravação a bordo e uma câmera óptica (denominada AWFI), operando nas faixas do visível e do infravermelho próximo, com largura de faixa imageada de 750 km, com resolução de 40 m.

Além disso, um acordo assinado entre o Brasil, representado pelo INPE, e o Reino Unido, representado pelo Rutherford Appleton Laboratory (RAL), permitirá incluir no Amazônia-1 a câmera inglesa RALCAM-3, com resolução da ordem de 10 m, que complementará as imagens coletadas pela AWFI.

No final do ano de 2008, o INPE firmou contratos para aquisição de mais dois componentes do Amazônia-1: a câmera AWFI, contratada na indústria nacional, e o sistema de controle e computação embarcada, objeto de uma cooperação entre a agência espacial brasileira, AEB, e a agência espacial argentina, CONAE, contratado à empresa argentina INVAP.

Para este ano de 2009, o INPE espera concluir a contratação dos equipamentos restantes para a carga útil do Amazônia-1, resolver as questões de interface com a câmera inglesa RALCAM-3, e preparar os sistemas de suporte e a equipe de integração e testes para o satélite.

Simultaneamente, espera-se iniciar as contratações relativas à segunda PMM, que deverá compor o satélite Lattes-1.

Fonte: INPE

Comentário: as compras de componentes para o satélite Amazônia-1 ainda vão dar muito que falar.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Orçamento aprovado para 2009

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Em 13 de janeiro, postamos uma nota ("Orçamento do PNAE para 2009") sobre o orçamento de 2009 da União para o Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE). Os dados lá relacionados se referiam ao projeto de orçamento, e não aos valores aprovados pelo Congresso Nacional.

O orçamento aprovado pelo Congresso para este ano é de cerca de R$ 282 milhões (R$ 277,5 milhões do Ministério da Ciência e Tecnologia e R$ 4,5 milhões do Ministério da Defesa), uma redução de mais de R$ 66 milhões em relação ao projeto apresentado pelo Executivo. Ainda assim, o orçamento de 2009 representa considerável aumento frente aos valores de 2007 (R$ 224 milhões) e 2008 (R$ 182,6 milhões). Os cortes foram bem concentrados em projetos de satélites. O Amazônia 1, por exemplo, perdeu mais de 50% do total de recursos, passando de R$ 40 milhões para R$ 16,8 milhões.

Seguem abaixo os valores aprovados:

- Participação da União no Capital da Alcântara Cyclone Space (ACS): R$ 50 milhões
- Estudos para a implantação do Centro Espacial de Alcântara (CEA): R$ 40 milhões
- Desenvolvimento do Satélite Lattes: R$ 2,5 milhões
- Desenvolvimento do Satélite do Programa Internacional de Medidas de Precipitação - GPM-Br: R$ 2 milhões
- Desenvolvimento do satélite MAPSAR: R$ 7 milhões
- Desenvolvimento do satélite Amazônia 1: R$ 16,8 milhões
- Desenvolvimento do satélite CBERS 3: R$ 53,4 milhões
- Desenvolvimento do satélite CBERS 4: R$ 7 milhões
- Desenvolvimento de satélites de comunicação e meteorologia: R$ 200 mil
- Desenvolvimento e lançamento de satélites tecnológicos de pequeno porte: R$ 1,760 milhão
- Controle de satélites, recepção, geração, armazenamento e distribuição de dados: R$ 7,035 milhões
- Funcionamento e atualização do Laboratório de Integração e Testes (LIT/INPE): R$ 2,5 milhões
- Funcionamento do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI): R$ 1,520 milhão
- Funcionamento do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA): R$ 3 milhões
- Apoio a projetos de pesquisa e desenvolvimento no setor espacial: R$ 2,350 milhões
- Desenvolvimento de produtos e processos inovadores para o setor espacial: R$ 4,188 milhões
- Desenvolvimento de Veículos Lançadores de Satélites (VLS): R$ 31,7 milhões
- Desenvolvimento e lançamento de foguetes de sondagem: R$ 3,4 milhões
- Pesquisa e desenvolvimento em tecnologias associadas a veículos espaciais: R$ 11,572 milhões
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quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Apoio russo ao VLS

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O apoio russo ao programa VLS tem rendido alguns negócios à empresas daquele país. No início de dezembro de 2008, postamos uma nota ("IAE/CTA celebra contratos") sobre a contratação da companhia russa "Konstruktorskoe Buro Khimavtomatiky" - OSC KBKha, para a elaboração de concepção de complexo de testes e banco de testes para motores-foguete a propelente líquido.

Hoje (15), saiu no Diário Oficial da União um extrato de inexigibilidade de licitação para a contratação do "Centro Estatal de Foguetes Acadêmico V. P. Makeyev" pelo Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA). A empresa da Rússia prestará serviços destinados à pesquisa para melhoria de segurança e confiabilidade do VLS-1, contrato de pouco mais que 1,3 milhão de euros.
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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Opto leva a AWFI

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Colocamos no passado duas notas ("A vez da AWFI" e "Novidades sobre a AWFI") sobre a concorrência lançada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em outubro do ano passado para o fornecimento da câmera Advanced Wide Field Imaging (AWFI) que equipará o satélite Amazônia 1. A Opto Eletrônica levou o negócio, tendo oferecido proposta pouco inferior a R$ 38 milhões.

Na edição de 26 de dezembro de 2008 do Diário Oficial da União, foi publicado o extrato do contrato. Vejam abaixo:

"EXTRATO DE CONTRATO Nº 1150/2008
Nº Processo: 01340000621200861. Contratante: MINISTERIO DA CIENCIA E TECNOLOGIACNPJ Contratado: 54253661000158. Contratado : OPTO ELETRONICA S/A -Objeto: Prestação de Serviços de desenvolvimento, projeto, fabricação e testes do Subistema Advanced Wide Field Imaging Camera - AWFI, parte integrante da carga útil da Plataforma Multi-Missão Brasileira - PMM a ser utilizado no satélite Amazônia 1, conforme especificações técnicas constantes no Projeto Básico, Anexo I do Edital. (R.D. 01.06.115.0/2008) Fundamento Legal: Lei nº 8.666/93. Vigência: 24/12/2008 a 23/12/2011. Valor Total: R$37.950.307,36. Fonte: 100000000 - 2008NE903502 Fonte: 100000000 - 2008NE903503 Fonte: 100000000 - 2008NE903504. Data de Assinatura: 24/12/2008."

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terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Orçamento do PNAE para 2009

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O orçamento público da União para 2009 destina pouco mais de R$ 348,6 milhões para o Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE). Abaixo, relacionamos os principais projetos do PNAE e suas respectivas previsões orçamentárias:

- Participação da União no Capital da Alcântara Cyclone Space (ACS): R$ 50 milhões
- Estudos para a implantação do Centro Espacial de Alcântara (CEA): R$ 40 milhões
- Desenvolvimento do Satélite Lattes: R$ 3 milhões
- Desenvolvimento do Satélite do Programa Internacional de Medidas de Precipitação - GPM-Br: R$ 3 milhões
- Desenvolvimento do satélite MAPSAR: R$ 15 milhões
- Desenvolvimento do satélite Amazônia 1: R$ 40 milhões
- Desenvolvimento do satélite CBERS 3: R$ 68,4 milhões
- Desenvolvimento do satélite CBERS 4: R$ 7 milhões
- Desenvolvimento de satélites de comunicação e meteorologia: R$ 200 mil
- Desenvolvimento e lançamento de satélites tecnológicos de pequeno porte: R$ 1,760 milhão
- Controle de satélites, recepção, geração, armazenamento e distribuição de dados: R$ 7,7 milhões
- Funcionamento e atualização do Laboratório de Integração e Testes (LIT/INPE): R$ 3 milhões
- Funcionamento do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI): R$ 1,520 milhão
- Funcionamento do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA): R$ 3 milhões
- Apoio a projetos de pesquisa e desenvolvimento no setor espacial: R$ 2,350 milhões
- Desenvolvimento de produtos e processos inovadores para o setor espacial: R$ 4,570 milhões
- Desenvolvimento de Veículos Lançadores de Satélites (VLS): R$ 35,2 milhões
- Desenvolvimento e lançamento de foguetes de sondagem: R$ 3,5 milhões
- Pesquisa e desenvolvimento em tecnologias associadas a veículos espaciais: R$ 13 milhões

Vale lembrar que estes valores estão sempre sujeitos a cortes.
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domingo, 11 de janeiro de 2009

ACS no Jornal do Brasil

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A edição de domingo (11) do Jornal do Brasil traz uma reportagem sobre o tratado entre o Brasil e a Ucrânia para o lançamento de foguetes Cyclone 4 a partir de Alcântara, no Maranhão. Os focos principais, como de praxe, são os problemas com os quilombolas e entraves ambientais para a construção do sítio de lançamento pela empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS).

Leitura recomendada para quem se interessa e acompanha o assunto, pois tem algumas novidades, como as possibilidades de novos atrasos no cronograma das obras e de recurso ao Judiciário pela ACS contra o IBAMA para acelerar o licenciamento ambiental, e o andamento normal da montagem do Cyclone 4 na Ucrânia. Para ler a matéria, clique sobre o título "Programa espacial fora de órbita".
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Atualização em 12/01, às 14h50: a edição do jornal Valor Econômico desta segunda-feira também tem uma ampla reportagem sobre os problemas com os quilombolas e de natureza ambiental em Alcântara. De acordo com a reportagem, o lado ucraniano estaria inseguro. Para lê-la, clique sobre o seu título: "Disputas atrasam lançamento de foguete".
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sábado, 10 de janeiro de 2009

Embargos dos EUA ao Programa Espacial Brasileiro

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Há quase um mês, em 17 de dezembro de 2008, foi realizado em São José dos Campos (SP) o 62° Fórum de Debates Projeto Brasil sobre Tecnologia Militar, organizado pela Agência Dinheiro Vivo, do jornalista Luis Nassif. Um dos palestrantes foi o Brig. Eng. Venâncio Alvarenga Gomes, Subdiretor de Empreendimentos do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), que apresentou palestra intitulada "CTA: Ciência e Tecnologia para a Defesa Nacional" (clique sobre o nome da palestra para acessá-la).

A apresentação tem alguns slides interessantes sobre embargos dos EUA a projetos nacionais nos setores Aeroespacial e de Defesa. Quanto aos embargos sobre o Programa Espacial, recomendamos a leitura dos slides 10 a 14. Descrevem com alguns detalhes alguns embargos que projetos do CTA sofreram, e também as dificuldades para se conseguir licenças para exportação, exigidas por causa de uma legislação interna norte-americana, a International Traffic in Arms Regulation (ITAR).

Reproduzimos abaixo alguns dos casos de embargos ou dificuldades impostas pelo ITAR:

- Foguetes de sondagem: trecho de carta do Departamento de Estado dos EUA: "Current U.S. Nonproliferation Policy prohibits support to the Brazilian Sounding Rocket Programs". Tradução livre para o português: "a atual Política de Não-Proliferação dos EUA proíbe apoio aos Programas Brasileiros de Foguetes de Sondagens".

- Tratamento térmico dos motores do VLS-1: em 1982, foi dado início nos EUA ao tratamento térmico dos tubo-motores do VLS (aço 300M). Em 1990, o Departamento de Estado dos EUA embargou definitivamente a atividade. A siderúrgica Vilares passou a fazer o tratamento em 1995, mas em 2006 desistiu da atividade, tendo desmontado as instalações de tratamento térmico do aço 300M e devolvido o forno ao CTA.

- Sistemas Inerciais para Aplicações Espaciais: não foi possível adquirir nos EUA (i) sistema de navegação inercial para lançadores de satélites; e (ii) bloco girométrico para controle de atitude para satélites em órbita.

- Compra de circuitos integrados: após a realização do lançamento de um foguete de sondagem VSB-30 em julho de 2007 (Operação Cumã-II), não se conseguiu mais adquirir o referido circuito nos EUA.

- Metalização do VLS-1: metalizar um veículo é tornar sua estrutura eletricamente condutora (deslocamento ou descargas atmosféricas induzem eletricidade estática). Em 14 de novembro de 2008, a empresa americana Lightning Technologies, que detém a tecnologia de metalização que estava em fase final de contratação cancelou o contrato. A razão: ”I discussed the program with out [sic] ITAR consultant and she says we need to apply for a license before we can continue with any work. Unfortunately, the costs in services and labor for the license application means there is not sufficient funding on the contract to support your project. Therefore, we must regrettably decline the work at this time. Please proceed with cancelling our contract." Isto é, depois de uma conversa com a consultora de ITAR da empresa, chegou-se a conclusão de que seria necessário obter uma licença para a prestação de serviços. Os custos em termos de serviços e trabalho para obter a licença seriam muito altos, pedindo então que se cancelasse o contrato.
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sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Sinais cósmicos

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Experimento detecta sinal cósmico misterioso em frequências de rádio

08/01/2009

Um experimento a bordo de balão estratosférico da NASA, num estudo que contou com a participação de pesquisadores do INPE, detectou um sinal cósmico misterioso em frequências de rádio. A descoberta foi anunciada nesta quarta-feira (7/1) durante a 213ª Reunião da Sociedade Astronômica Americana, em Long Beach, Califórnia (EUA), por Alan Kogut e Michael Seiffert, pesquisadores da NASA que participam do experimento ARCADE (Absolute Radiometer for Cosmology, Astrophysics, and Diffuse Emission, ou Radiômetro Absoluto para Cosmologia, Astrofísica e Emissão Difusa).

A equipe do ARCADE detectou o sinal quando realizava medidas do céu em micro-ondas à procura da energia emitida pelas primeiras estrelas que se formaram no Universo. “O Universo nos pregou uma peça”, disse Al Kogut, do GSFC/NASA, responsável pelo experimento. “Ao invés do sinal fraco que esperávamos medir, detectamos um ruído seis vezes mais intenso do que o que havia sido previsto”.

Dois pesquisadores brasileiros participaram do projeto: Thyrso Villela, diretor de Satélites e Aplicações e Desenvolvimento da Agência Espacial Brasileira (AEB), e Alexandre Wuensche, do grupo de Cosmologia Observacional da Divisão de Astrofísica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Eles contribuíram para o desenvolvimento de componentes de micro-ondas utilizados pelo ARCADE, que é capaz de operar nas frequências de 3, 5, 8, 10, 30 e 90 GHz.

“Em 2005, os componentes feitos em São José dos Campos (SP) foram incorporados ao experimento ARCADE”, conta o astrofísico Thyrso Villela, que também faz parte da Divisão de Astrofísica do INPE. “O rigoroso controle dos erros instrumentais e a excelente sensibilidade do instrumento permitiram essa detecção”.

“Foi um desafio interessante contribuir para esse experimento”, relata o pesquisador Carlos Alexandre Wuensche. “Não esperávamos nos deparar com algo tão misterioso quanto esse sinal detectado pelo ARCADE. Foi uma surpresa”, completaram os dois pesquisadores do INPE.

Quatro artigos descrevendo o experimento e os resultados já foram submetidos para publicação no periódico The Astrophysical Journal.

Primeiros ruídos no Espaço

Muitos objetos no Universo emitem ondas de rádio. Em 1931, o físico Karl Jansky detectou, pela primeira vez, um ruído estático em rádio vindo da Via Láctea, a galáxia à qual o nosso Sistema Solar pertence.

O Universo é permeado por um sinal residual do Big Bang, observado em frequências de rádio e micro-ondas, descoberto em 1965 pelos astrofísicos Arno Penzias e Robert Wilson, que ganharam o Prêmio Nobel de Física de 1978 pela descoberta.

Esse sinal é conhecido como Radiação Cósmica de Fundo em Micro-ondas (RCFM). Porém, o sinal detectado pelo ARCADE não pode ser atribuído a nenhum desses sinais conhecidos.

Um sinal misterioso e intenso

A imensa maioria dos objetos cósmicos emite ondas de rádio. Entretanto, não existe um número suficiente de galáxias no Universo que possa explicar a intensidade do sinal detectado.

Segundo Dale Fixsen, um dos pesquisadores do projeto, “as galáxias teriam que estar praticamente coladas umas às outras, não havendo nenhum espaço entre elas”, para que o sinal dessas fontes pudesse ser medido com essa intensidade.

Em conseqüência, o sinal emitido pelas primeiras estrelas encontra-se submerso nesse novo ruído de fundo cósmico, e sua detecção agora passa a ser uma tarefa ainda mais complicada.

A identificação e o estudo do sinal das primeiras estrelas podem trazer pistas importantes sobre o processo de formação das galáxias quando o Universo tinha menos da metade de sua idade e melhorar o nosso entendimento sobre como as fontes de rádio evoluíram no universo primordial.

O experimento ARCADE

O ARCADE é um experimento de astrofísica do Goddard Space Flight Center (GSFC), vinculado à agência espacial americana, do qual participam o Jet Propulsion Laboratory (JPL), também da NASA, a Universidade de Maryland, a Universidade da Califórnia, dos Estados Unidos, e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), de São José dos Campos (SP).

O experimento foi projetado para estudar possíveis desvios da temperatura de 2,7 K da RCFM, que seriam causados pelo decaimento de partículas primordiais ou pela injeção de energia no Universo produzida pela primeira geração de estrelas formadas.

Entretanto, o que se mediu foi um sinal desconhecido, cerca de seis vezes mais intenso do que havia sido previsto. Já estão descartadas as hipóteses de emissão de estrelas primordiais, de fontes cósmicas de ondas de rádio conhecidas ou do gás contido no halo da nossa própria Galáxia, de modo que a origem do sinal tornou-se um grande mistério.

O ARCADE voou a bordo de um balão estratosférico em julho de 2006, tendo sido lançado de Palestine, Texas (EUA). Ele operou durante algumas horas a cerca de 36 km de altitude, para evitar a influência da atmosfera nas medidas, e foi o primeiro instrumento a estudar o céu na faixa de freqüências de rádio com sensibilidade suficiente para detectar este sinal.

A imersão dos detectores do ARCADE em aproximadamente 2000 litros de Hélio líquido permitiu que a sensibilidade do instrumento fosse bastante alta e que ele pudesse operar a aproximadamente 2,7 K acima do zero absoluto (cerca de 270 graus Celsius negativos).

“Isso é o que faz a ciência ser tão empolgante”, diz Michael Seiffert, do JPL, em Pasadena, Califórnia. “Tenta-se medir algo – nesse caso, a energia emitida pelas primeiras estrelas que se formaram no Universo – mas, ao invés disso, encontra-se outra coisa completamente nova e inexplicável”.

Fonte: INPE
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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

ACDH: INPE muda de idéia, cancela licitação e compra subsistema argentino

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Desde a sua criação, em abril do ano passado, o blog Panorama Espacial tem dado atenção a notícias sobre licitações e aquisições de componentes, subsistemas e outros itens para projetos do Programa Espacial Brasileiro. Tem sido assim com a licitação do subsistema ACDH (sigla em inglês de Controle de Atitude e Supervisão de Bordo) para o satélite de observação terrestre Amazônia 1, projeto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Este é considerado um dos mais importantes contratos no setor espacial no Brasil nos últimos tempos, e por várias razões: (i) é um dos últimos subsistemas necessários para a “conclusão” da Plataforma Multimissão (PMM); (ii) tem valor estimado bastante considerável, algo em torno de 50 a 60 milhões de reais (apenas para comparação, o orçamento total do Programa Espacial para 2009 é de cerca de 350 milhões de reais, isto é, um único contrato equivaleria a cerca de 1/6 de todo o orçamento, o que denota a sua importância); (iii) além destas duas razões, a ACDH atraiu o interesse de várias indústrias nacionais e estrangeiras, especialmente da Europa.

Ao longo deste tempo, quem acompanhou o blog com freqüência pôde ler várias notícias sobre esta licitação. A concorrência teve seu edital publicado em agosto, republicado em seguida para algumas correções, suspenso pela Justiça no final de outubro, e relançado em 17 de dezembro. Foram ao todo seis ou sete postagens.

Para a surpresa do blog (de fato, não só dele, mas de várias outras pessoas, segundo foi possível apurar), em 29 de dezembro de 2008 foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) um aviso de seis linhas revogando a licitação reaberta no meio daquele mês. O texto do aviso de revogação: “fica revogada a licitação supracitada, referente ao processo N 01340000381200802. Objeto: Contração da empresa ou consórcio de empresas que apresentar a proposta mais vantajosa para a contratação de serviços de desenvolvimento, projeto, fabricação, testes e validação do Subsistema de ACDH (Controle de Atitude e Supervisão de Bordo) a ser utilizado no satélite Amazônia 1.”

Isto, porém, não é tudo. Na edição do DOU do dia seguinte, 31 de dezembro, constou um extrato de dispensa de licitação para a contratação de “assistência técnica, transferência de tecnologia de projeto, fabricação e validação, e fornecimento de hardware e software de um sistema de navegação, controle e supervisão de bordo para a Plataforma Multimissão (PMM)”. Segundo o extrato, o valor do contrato, conferido à empresa argentina INVAP é de 47,520 milhões de reais. A dispensa de sua licitação foi embasada no artigo 24, inciso XIV da Lei n. 8666/93, que faculta a realização de processo licitatório "para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público".

Num espaço de duas semanas, um novo edital para a aquisição do ACDH foi relançado, revogado e uma alternativa contratada por meio de dispensa de licitação. Curiosamente, não se sabe se por alguma razão, o extrato de dispensa de licitação para a compra do projeto de ACDH argentino não menciona a sigla ACDH. O que levou o INPE a num curto espaço de tempo, e no apagar das luzes de 2008, mudar a sua estratégia para a obtenção do ACDH, numa atitude, aliás, no mínimo deselegante aos participantes do processo?

Dado o inesperado movimento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, muitas outras questões virão à tona. Abaixo, relacionamos algumas perguntas, várias delas implicitamente revelando a preocupação do blog (e supõe-se, não só dele) com as conseqüências desta decisão, para as quais buscaremos respostas:

- Por que o INPE optou pelo ACDH argentino? A Argentina detém maduro conhecimento nesta tecnologia? Satélites equipados com o ACDH de origem argentina já foram lançados e estão operacionais?

- A PMM será a plataforma de praticamente todos os satélites do Plano Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), com exceção dos da série CBERS e universitários. A tecnologia de ACDH da INVAP será usada em todas as PMMs?

- 47 milhões de reais são suficientes para o desenvolvimento e produção do primeiro subsistema para o satélite Amazônia 1? O projeto do Amazônia 1 corre o risco de novos atrasos?

- Além da tecnologia de ACDH argentina, a tecnologia de outros países também foi avaliada?

- De acordo com a legislação brasileira que trata de licitações, a dispensa de concorrência para a contratação da INVAP teria que ser baseada num acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional. Que acordo seria este?

- No início de outubro de 2008, foi postada uma nota no blog ("Atualizações sobre a licitação do ACDH") dando conta de que uma indústria de um país vizinho ao Brasil participaria da concorrência, consorciada com um ou mais indústrias nacionais. Sem revelar o nome o blog se referia à INVAP. Assim, por que a INVAP não se consorciou com indústrias nacionais para participar da licitação, uma vez que todo o processo só traria resultados em benefício do INPE, da indústria nacional e ao erário público?

- E quanto à "estratégia" para a absorção de tecnologia de controle de atitude e supervisão de bordo revelada ao blog pelo atual Coordenador de Engenharia de Satélites do INPE em junho de 2008 (ver a nota "PMM: mais informações sobre o ACDH")?

Pela manhã de hoje (7), antes de tomar conhecimento da contratação da INVAP com dispensa de licitação, o blog já havia enviado um e-mail ao INPE solicitando informações sobre a revogação da concorrência do ACDH. Até o momento desta postagem, não havia obtido resposta.
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Parcerias Público-Privadas para o Setor Espacial

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Na véspera do Natal, postamos aqui no blog uma notícia sobre um estudo dos Ministérios do Planejamento e da Ciência e Tecnologia para a modelagem do projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) sob a forma de Parceria Público-Privada (PPP). Agora, apresentamos algumas características das PPPs, criadas pela Lei Complementar n° 11.079, de 30 de dezembro de 2004.

Por meio das Parcerias Público-Privadas, cujas regras variam de país para país, o ente público (governo) busca suprir a falta de disponibilidade de recursos financeiros, além de se aproveitar da eficiência do setor privado para obter investimentos em áreas essenciais, especialmente em infraestrutura.

No Brasil, a PPP nada mais é do que um contrato administrativo de concessão, nas modalidades patrocinada ou administrativa. Na parceria patrocinada, a concessão de serviços públicos envolve, além da tarifa cobrada dos usuários, uma contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado, isto é, transferência de recursos diretamente pelo governo para o ente privado. Seria o caso, por exemplo, se a PPP do SGB fosse estruturada de tal modo a prestar não apenas serviços de comunicações governamentais e controle de tráfego aéreo para o governo, mas também serviços para usuários privados ou governos estrangeiros, como o aluguel de capacidade de transpônderes de comunicações. Assim, o titular da PPP teria duas fontes de receitas: o governo e os outros usuários.

Já a PPP administrativa se dá por meio da celebração de um contrato de prestação de serviços de que o governo seja o usuário direto ou indireto, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. Logo, toda a remuneração do ente privado prestador de serviços fica a cargo do governo.

Pela lei, para ser objeto de uma PPP o projeto deve envolver montante superior a vinte milhões de reais, com prazo de duração mínimo de cinco anos, e máximo de trinta e cinco anos. Para a exploração da concessão, deve ser constituída uma sociedade de propósito específico (SPE), controlada pelos parceiros privados, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria.

A idéia de usa PPPs para a viabilização de projetos espaciais no Brasil é inovadora. Porém, já é instrumento comum em algumas regiões, em especial na Europa. Alguns exemplos:

- Constelação Galileo: chegou-se a discutir na Comissão Europeia uma PPP para a viabilização da constelação de satélites de posicionamento global Galileo. Por diversas razões, esta parceria não prosperou.

- Paradigm: o Ministério da Defesa inglês estruturou uma PPP com a Paradigm, empresa do grupo EADS Astrium para a exploração de serviços de telecomunicações militares. A Paradigm hoje também presta serviços para a OTAN, forças armadas de Portugal, Holanda, França, Canadá e Alemanha.

- Anik F2 e Radarsat-2: no Canadá, o satélite de telecomunicações Anik F2 possui transpônderes em modelo de PPP envolvendo empresas de telecomunicações e a Agência Espacial Canadense (CSA). O Radarsat-2, lançado em dezembro de 2007 foi também viabilizado como PPP entre a CSA e a principal indústria espacial do Canadá, a MacDonald, Dettwiler and Associates Ltd. (MDA).

- TerraSAR-X: o satélite de sensoriamento remoto TerraSAR-X, em órbita desde junho de 2007 é uma PPP entre a Agência Espacial da Alemanha (DLR) e a Infoterra, empresa do grupo EADS Astrium.

- RapidEye: a rede de satélites de observação RapidEye é outra PPP que envolve a DLR. Desta parceria participam investidores inclusive do setor financeiro, como o KfW Bankengruppe, Commerzbank, e a EDC (Export Development Canada).
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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Sistema para inspeção de plataformas de lançamento

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A edição nº 419 do Jornal da Unicamp traz uma interessante reportagem sobre uma tese de doutorado em engenharia mecânica relacionado à tecnologia espacial. Trata-se de um sistema de visão artificial para a detecção de mudanças de cenários em plataformas nas quais são montados, testados e lançados foguetes.

"Dentre as várias aplicações possíveis deste sistema, que reúne técnicas de visão computacional associada a automação, uma está relacionada à inspeção de plataformas da Torre Móvel de Integração do Centro de Lançamentos de Alcântara”, disse ao Jornal da Unicamp Silvana Aparecida Barbosa, autora da tese e servidora do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA).

Para ler a reportagem, clique sobre o título: "Sistema detecta mudanças de cenário em plataformas de veículos espaciais".
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sábado, 3 de janeiro de 2009

Revisão do PNAE começa este mês

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Sexta, 2 de janeiro de 2009, 18h14

Programa Nacional de Atividades Espaciais será revisto

A Agência Espacial Brasileira (AEB/MCT) inicia neste mês os trabalhos de revisão do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), documento que norteia as atividades espaciais no País.

"Será feito um amplo estudo sobre as demandas e capacidade técnica do programa espacial que será usado para basear as ações que deverão contemplar o novo PNAE" informou Carlos Ganem, presidente da AEB.

O novo Programa Nacional de Atividades Espaciais deverá ser concluído em aproximadamente um ano e sua elaboração envolverá a participação da sociedade, dos setores acadêmico e industrial além de atores importantes do executivo e legislativo.

Na próxima reunião do Conselho Superior da Agência Espacial Brasileira, marcada para maio, haverá a apresentação do andamento das ações.

Fonte: JB Online
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sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Empresas francesas interessadas no SGB

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Foi disponibilizado no web-site de T&D uma reportagem ("Indústria francesa comemora negócios no Brasil") sobre negócios celebrados no último mês de dezembro entre empresas francesas e o governo brasileiro, particularmente na área de Defesa. Apesar de o tema principal não ser espaço, a reportagem tem três pequenos parágrafos sobre o Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), assunto que oportunamente voltaremos a abordar. Vejam abaixo:

Satélite Geoestacionário

Na parceria estratégica assinada entre o Brasil e a França, um dos itens objeto de cooperação é o projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB), iniciativa que envolve vários ministérios e órgãos governamentais. Basicamente, o SGB visa dotar o País de independência em comunicações governamentais, inclusive militares, sistema de controle de tráfego aéreo e produção de dados meteorológicos.

Segundo o texto do instrumento diplomático, as partes (Brasil e França) decidiram "aprofundar a cooperação em matéria de sistemas satelitais geoestacionários de telecomunicações, de navegação e de meteorologia no quadro do projeto de desenvolvimento do satélite geoestacionário brasileiro". Implicitamente, esta frase revela o interesse dos grupos europeus Thales Alenia Space e EADS Astrium em construir e/ou desenvolver em conjunto com o Brasil o sistema satelital, negócio que, se viabilizado, deve envolver no mínimo US$ 600 milhões.

Dentro do governo brasileiro, já se discute, inclusive, a possibilidade de modelagem do SGB a partir de Parcerias Público Privadas, isto é, prestação de serviços por entes privados por meio de concessão remunerada pelo Estado.”
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