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Reproduzimos abaixo uma reportagem publicada em dezembro de 2010 sobre o grupo francês Thales, atuante nos segmentos aeroespacial e de defesa, dentre outros. O texto traz algumas informações interessantes sobre o envolvimento do grupo em atividades espaciais no Brasil:
O bom momento da Thales
André M. Mileski
No início de novembro, Laurent Mourre, diretor-geral da Thales no Brasil gentilmente recebeu a reportagem de Tecnologia & Defesa para um bate-papo sobre as atividades e perspectivas do grupo francês no País.
Um dos maiores conglomerados mundiais nos setores de defesa, segurança e espaço, encontra-se numa fase de investimento e fortalecimento de sua presença local e tem se beneficiado da parceria estratégica firmada entre os governos do Brasil e da França no final de 2008. Sua participação foi essencial para a conquista pela DCNS, da qual é sócio, dos contratos para construção e transferência de tecnologia dos submarinos para a Marinha do Brasil.
Segundo Mourre, em 2005, ao adquirir o controle da Omnisys, de São Bernardo do Campo (SP), a Thales se antecipou à Estratégia Nacional de Defesa (END). Hoje, a Omnisys tem mais de 300 funcionários, atividades de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) e também uma importante capacidade industrial. A empresa atua em três setores principais: radares, guerra eletrônica e espaço.
Recentemente, a Omnisys, em parceria com a Thales, conquistou um contrato da Délégation Générale pour l’Armement (DGA), do Ministério da Defesa francês, para a modernização de radares de trajetografia localizados na França. Conforme disse Laurent, a experiência da empresa brasileira ao modernizar os radares de trajetografia dos Centros de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, e da Barreira do Inferno (CLBI), no Rio Grande do Norte, foram muito importantes para a conquista do negócio na Europa.
Ainda no campo de radares, o objetivo do controlador é tornar a Omnisys um dos centros de especialização de radares do grupo, inclusive como plataforma de exportação de produtos e serviços. E não apenas radares de controle de tráfego aéreo, mercado em que a Thales tem destacada atuação no Brasil e América do Sul, mas também em sistemas de vigilância. O objetivo é transferir à Omnisys a tecnologia do radar de vigilância aérea Ground Master 400 (ver T&D nº 120). Existe uma expectativa do mercado, aliás, de que o Comando da Aeronáutica lance em breve, provavelmente em 2011, uma concorrência para a aquisição de radares de vigilância da mesma categoria do Ground Master 400.
Em guerra eletrônica, a Omnisys é tradicional parceira do Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM), no desenvolvimento e fabricação de equipamentos de contramedidas eletrônicas (CME) e de medidas de apoio à guerra eletrônica (MAGE), para equipar os navios de guerra da Marinha do Brasil (MB). A empresa foi também contratada pela MB para desenvolver o buscador (seeker, em inglês), do MANSUP, versão nacional do míssil antinavio MM-40 Exocet, da MBDA.
No segmento espacial, a empresa paulista desenvolve e fabrica equipamentos eletrônicos embarcados, utilizados em módulos de serviço e carga útil de satélites como os da série CBERS, feitos pelo Brasil em parceria com a China. A empresa, em parceria com outra indústria espacial brasileira, a Neuron, foi contratada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), para o desenvolvimento, fabricação e testes dos equipamentos que compõem o Subsistema de Coleta de Dados (DCS, sigla em inglês) dos satélites CBERS 3 & 4.
A Thales tem também buscado crescer em outras frentes de negócios, como sistemas de monitoramento e vigilância, e transportes. “As perspectivas em segurança são fantásticas”, diz Laurent, especialmente nas áreas de infraestrutura e petróleo e gás. A divisão de segurança do grupo, aliás, tem promovido suas soluções em C4I [Command, Control, Communications, Computers & Intelligence] para diversas finalidades no País, como segurança pública e defesa.
O setor espacial também atrai atenções, particularmente a área de satélites. “Amanhã, vejo o Brasil como um mercado gigantesco na área espacial”, afirma. Questionado sobre quando seria este “amanhã”, o executivo francês responde: “nos próximos anos”.
A conversa com Laurent Mourre foi encerrada com seu destaque para o bom momento por que passa a Thales no mercado brasileiro, e também para a crescente importância do País para o grupo. “É um dos dois ou três mercados de maior potencial para o grupo nos próximos anos”, destacou.
Créditos: publicado na edição nº 123 de Tecnologia & Defesa, dezembro de 2010.
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