domingo, 28 de junho de 2009

Santos Dumont 2: o foguete da UnB

.
Foguete brasileiro

Aparelho feito por universitários da UNB deve colaborar com a agência espacial do país

Rodolfo Borges

Brasília - Está em fase final de testes um foguete produzido por estudantes da Universidade de Brasília (UnB) que deve ajudar a Agência Espacial Brasileira (AEB) a treinar pessoal e fazer exercícios de logística nos centros de lançamento do país. Fruto da parceria entre a AEB e o Departamento de Engenharia Mecânica da universidade, o foguete Santos Dumont 2 (SD-2) é impulsionado por um motor híbrido (com combustível sólido e líquido), tecnologia pioneira no Brasil e que aumenta a segurança do aparelho. Tudo por apenas R$ 3 mil, um preço irrisório comparado aos milhões de reais necessários para produzir e testar um veículo lançador de satélites no Brasil.

"Não teríamos tempo para desenvolver essa tecnologia", diz José Bezerra Pessoa Filho, chefe da Divisão de Propulsão Espacial do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), que veio de São José dos Campos (SP) a Brasília para acompanhar os testes finais do foguete. Ocupados com projetos do Programa Espacial Brasileiro, os engenheiros da AEB delegaram aos universitários a descoberta de novas tecnologias, através do Programa Uniespaço. "Vamos levantar o programa espacial brasileiro e teremos novidades nos próximos anos", diz o estudante Danilo Sakay, 25, envolvido no projeto desde 2006.

Em teste realizado no mês passado, os alunos da UnB avaliaram pela primeira vez o desempenho do foguete em posição de lançamento. Por volta de 18h do último dia 20, um raio de 20m ao redor do aparelho (preso a uma torre de metal para não decolar) foi esvaziado, para evitar acidentes. Atrás do muro que sustentava a torre, os alunos ligaram o motor, que funcionou por apenas 3s, porque a tampa do reservatório do oxidante (que reage com o combustível) não suportou a pressão e se rompeu.

O professor Carlos Alberto Gurgel Vieira, responsável pelo projeto, explica: "A tampa de vedação explodiu por causa da variação entre a temperatura da parte inferior do foguete (2.500 °C) e do óxido nitroso (-80°C), composto de nitrogênio e oxigênio.Imaginamos que o alumínio ia aguentar, mas teremos que revesti-lo com camada de polímero (material mais resistente a alterações de temperatura) e soldar a tampa. Mas é assim, o ensaio serve para identificar os pepinos. Faz parte do processo", consolava, depois do ensaio, o engenheiro e observador José Bezerra, que disse enxergar muito potencial nos alunos da UnB. Outro contratempo já tinha adiado o teste no dia anterior. Um problema na ignição do aparelho impediu que o motor ligasse.

Projeto - O foguete SD-2 é desenvolvido desde 2005 na UnB. A terceira geração do projeto, chamada "Desenvolvimento de um motor híbrido, com empuxo variável para foguetes de sondagem", recebeu patrocínio de R$ 150 mil da AEB. "A medida em que o projeto for mostrando resultado, eles podem reivindicar mais dinheiro", diz Bezerra.

Caso a eficiência do SD-2 seja comprovada, o foguete será lançado nos próximos meses no Centro de Lançamento Barreira do Inferno, em Parnamirim (RN). "Se o foguete alcançar os planejados 6km de altura na base de Parnamirim, podemos pensar em fazer modelos maiores", planeja Bezerra. Segundo ele, a tecnologia do SD-2 pode ser aproveitada, inclusive, para desenvolver um motor de indução de reentrada, necessário para trazer satélites em órbita de volta ao solo. Depois de finalizado esse modelo do motor híbrido, o projeto continua. A expectativa do professor Gurgel é de que o aparelho alcance 100km de altura em quatro anos.

Fonte: Diário de Pernambuco

Comentário: foguetes do tipo SBAT, fabricados pela Avibrás, são utilizados para qualificação, treinamento de equipes, calibração e testes de equipamentos nos Centros de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), e de Alcântara (CLA). Pelo teor da reportagem, o SD-2 pode acabar sendo usado para as mesmas funções que o SBAT.
.

5 comentários:

Brazilian Space disse...

Olá Mileski!

Você que é jornalista, me responda uma coisa: Porque o Diário de Pernambuco e o Diário de Natal (até onde eu sei só foram esses dois) repetiram o teor dessa matéria sobre o SD-2 publicada no Correio Brasiliense do dia 05/03/2009 sem qualquer alteração? Porque não fazer uma matéria específica e atualizada sobre o assunto?

Forte abraço amigo

Duda Falcão

Andre Mileski disse...

Não sei, Duda. Mas ao ler seu comentário, lembrei-me do que um amigo meu disse uma vez: "notícia científica nunca fica velha". Provavelmente os dois jornais precisavam preencher algum espaço e lançaram mão dessa matéria do Correio Brasiliense. Abraço. André

Brazilian Space disse...

Valeu Mileski!

Minha vozinha costumava dizer:

"Nunca é tarde para se aprender"

Portanto, obrigado amigo pela aula.

Forte abraço

Duda Falcão

Andre Mileski disse...

Que isso, não tem aula alguma! Abraço. André

Brazilian Space disse...

De qualquer maneira Mileski, obrigado amigo pela disposição e atenção em responder a minha pergunta.

Tenha uma boa semana e um forte abraço

Duda Falcão