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Rafael pode comprar empresa brasileira
Qui, 12 de Novembro de 2009 19:15
O jornal israelense Haaretz publicou matéria em sua edição de ontem (11) informando que a companhia Rafael Advanced Defense Systems, especializada em mísseis, está negociando a compra de empresa brasileira, sem citar nomes. A operação estaria estimada em US$ 50 milhões e seria a primeira aquisição da Rafael na América Latina.
As negociações, que estariam em estágio bem avançado, estão sendo conduzidas por uma delegação sênior de representantes israelenses que, inclusive, estiveram na comitiva do presidente Shimon Peres, em visita ao Brasil esta semana. O jornal ainda cita que o ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, apoiaria a operação desde que a empresa israelense estabelecesse linhas de produção de seus produtos no País.
Outra companhia israelense, a Elbit Systems, da área de eletrônica e aviônicos, já detém posição industrial no País. No início da década, a Elbit adquiriu a Aeroeletrônica, de Porto Alegre (RS), como contrapartida a sua contratação pela Força Aérea Brasileira (FAB) para a modernização dos caças F-5.
Fonte: Revista Tecnologia & Defesa
Comentários: seria o "alvo" da Rafael alguma empresa com negócios também no setor espacial? É provável que sim. O blog tem conhecimento de ao menos cinco empresas brasileiras com negócios nos setores Aeroespacial e de Defesa que estão em busca de novos sócios. Destas, ao menos três tem algum envolvimento no campo espacial. Dado o teor da notícia, o perfil da empresa interessada na compra, e os movimentos dos últimos dias, o blog mentalmente chegou a um "shortlist" de duas empresas. A se confirmar. E uma vez confirmado, será interessante analisar as consequências para outra operação desenhada noutro continente (divagações...).
Curiosamente, segunda passada (09), no seminário sobre Política Espacial Brasileira promovida na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF) (mais, aqui), um oficial do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) presente na plateia endereçou questão aos presentes da mesa sobre suas opiniões acerca de compra de indústrias nacionais por parte de players estrangeiros.
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10 comentários:
Olá Mileski!
O oficial que você citou em seu comentário foi o Coronel-Engenheiro Francisco Carlos Melo Pantoja, diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), que muito sabiamente levantou essa questão durante (já no finalzinho) a realização do seminário para um dos integrantes da mesa que não me recordo quem foi, acho que alguém ligado as industrias aeroespaciais. Em minha opinião ele está certíssimo em fazer esse questionamento que eu considero de segurança nacional. É verdade que ninguém tem o direito de impedir que você venda o que lhe pertence, desde que não seja uma empresa que foi construída com base tecnológica proveniente de recursos públicos. Essa tecnologia não lhe pertence e sim ao governo, ou melhor, ao povo brasileiro. Veja os americanos como exemplo, isso jamais aconteceria lá, onde as empresas tem de obter autorização do governo e do congresso americano para vender qualquer equipamento. Repasse de tecnologia? Isso eles nem sabe o que significa, pois não fazem de forma nenhuma. Portanto essa questão levantada pelo Coronel Pantoja é extremamente relevante e muito preocupante.
Abs
Duda Falcão
Duda, sim, foi o Cel. Pantoja, mas acabei preferindo não citar o seu nome. Sobre essa preocupação sobre a venda de empresas nacionais para estrangeiras, tenho opinião diferente da sua. Existem meios de se mitigar alguns dos riscos apontados (segurança nacional, etc.). Além do mais, não sei o quão familiarizado você está com as histórias das compras de empresas nacionais do setor aeroespacial por estrangeiras, mas posso lhe garantir que são fosse a entrada do capital estrangeiro, estas empresas não existiriam mais. Enfim, a história é mais bem profunda do que pode parecer. Muitas empresas gostam de dizer por aí que dominam determinada tecnologia, que as desenvolveram localmente, mas a realidade é bem diferente.
Olá Mileski!
Desculpe-me amigo, imaginei que você tivesse esquecido, por isso divulguei. Bom, com relação ao que você disse não quero que fique com a impressão que sou contrário ao capital estrangeiro, muito longe disso, mas tem de se estabelecer critérios para que isso ocorra quando existe investimento público no desenvolvimento de algum produto ou equipamento que foi passado ou desenvolvido em parceria com a empresa que está sendo vendida ou abrindo seu capital. Que existem meios para se evitar isso eu sei que existem, mas infelizmente nossos governantes muitas vezes não estão interessados em fazer a coisa direito ou são envolvidos por outros interesses. Certamente foi por causa disso que o Coronel Pantoja demonstrou sua preocupação. Vou usar um exemplo que está atualmente em curso que pode estar preocupando o Coronel Pantoja que é o motor a propulsão líquida L15 que foi desenvolvido pelo IAE e agora esta sendo aprimorado em conjunto com a empresa brasileira Orbital Engenharia. Se a Orbital vendesse o controle da empresa, como ficam os recursos públicos e os anos de pesquisas investidos pelo IAE? Isso é uma questão muito séria Mileski e como tal deve ser tratada. Volto a insistir, isso jamais ocorreria nos EUA, a abertura de capital sim, mas jamais a perda do controle do mesmo, como (se não estiver enganado) ocorreu com uma certa empresa gaúcha anos atrás.
Abs
Duda Falcão
Duda, posso citar para você dezenas de casos em que empresas norte-americanas foram adquiridas por corporações de capital estrangeiro. O grupo italiano Finmeccanica, a EADS europeia, a britânica BAE Systems, entre muitas outras já fizeram dezenas de aquisições nos EUA, com a concordância do governo. Evidentemente, existem mecanismos de controle de conhecimento, tecnologia, entre outros (aliás, muito mais elaborados e sofisticados que os que usamos aqui), mas isso de modo algum prejudicou o pragmatismo capitalista que impera nos EUA.
Olá Mileski!
Veja bem o que você disse: Com a concordância do Governo. Para que essa concordância ocorra e seja permitida a venda ou abertura de capital ou outra coisa qualquer, podem ter ocorrido diversos motivos:
*Não eram empresas verdadeiramente com tecnologia de ponta.
*O conhecimento relevante gerado pela empresa antes da venda mantém-se sobre o controle do governo.
*O controle de capital continua com os americanos.
*Não eram empresas que em algum momento tenham utilizados recursos públicos (coisa muito séria nos EUA) para o desenvolvimento de suas tecnologias.
* E diversos outros motivos e talvez até a junção de alguns desses apresentados por mim.
Mileski, os americanos quando trata de negócios eles sabem muito bem como fazer e quando se perdem um pouco, tem o governo deles que os colocam no caminho de volta não permitindo que os interesses do povo americano sejam prejudicados. Por isso que eles são a maior nação do mundo, não porque tenha um bom governo, isso na existe (só existem em minha opinião três classificações de governo: o péssimo, o ruim e o menos ruim. O deles é o menos ruim ou pelo menos tem sido, já o nosso ...), mas pela maior competência demonstrada por eles durante toda sua história, diferentemente resto do mundo.
Abs
Duda Falcão
Duda, mas o que leva você a crer que as três compras já realizadas por empresas estrangeiras aqui no Brasil não foram realizadas com a concordância do governo? Veja bem, em momento algum eu disse que isso não ocorreria, e nenhum investidor estrangeiro desses setores (cujos principais clientes, ressalte-se, são os próprio governos) faria uma aquisição hostil ao governo local. Isso não teria qualquer lógica. Tanto aqui como nos EUA ou Europa estas operações societárias envolvem necessariamente o governo. O lance é que, no Brasil, infelizmente, impera uma opinião ao meu ver superficial e que carece de maiores considerações quanto aos investimentos estrangeiros. Certamente, uma das maiores chagas do Programa Espacial Brasileiro é justamente esse nacionalismo mal dosado. Abraço. André
Olá Mileski!
Acho amigo que você não entendeu o que eu disse. Veja bem:
O que eu quis dizer foi que a venda das empresas americanas adquiridas (citadas por você) por empresas européias nos EUA foram possíveis devido muito provavelmente por que suas negociações estavam dentro daqueles critérios que eu lhe passei e certamente por diversas outros. Portanto, houve a concordância do governo e foi então possível a negociação. Caso contrário, não tinha negocio certo. O que não é correto e nos Estados Unidos jamais ocorreria seria a venda de uma empresa que cresceu a margem do dinheiro público com a transferência do conhecimento para o comprador. A empresa pode até ser comprada mais o conhecimento (tecnologias) desenvolvidas com os recursos públicos fica retida pelo governo, eles não permitem, dá cadeia, é coisa muito séria por lá. Esse que deve ser o receio do Coronel Pantoja, até por que o controle disso aqui no Brasil não é dos melhores. Não considero isso nacionalismo mal dosado Mileski, considero isso defesa de interesse. Nada contra que empresa brasileiras dessa área busquem recursos, associações ou até abertura de capital com empresas estrangeiras, mas venda do conhecimento tecnológico adquirido com recursos públicos, não deve, não pode e sou totalmente contrário. Ou seja, se queres vender a sua empresa, venda, mas as tecnologias que foram desenvolvidas com recursos públicos ou em parceria com institutos do governo não podem fazer parte do pacote de venda da empresa. É só isso que não concordo e que muito provavelmente esta preocupando o coronel Pantoja.
Abs
Duda Falcão
Olá Mileski!
Mudando um pouco de assunto, eu gostaria de lhe perguntar algo. Existe alguma conversação em andamento no âmbito do MERCOSUL ou a nível continental visando à criação de uma Agência Espacial Latino-Americana?
Abs
Duda Falcão
Olá, Duda. Não existe nada evoluído a esse ponto (uma espécie de ESA na América Latina) e também desconheço qualquer conversa nesse sentido. De todo modo, vale lembrar da existência da CRETEALC (http://www.inpe.br/unidades/cep/atividadescep/crectealc/). Abraço. André
Valeu Mileski uma vez mais amigo pela sua atenção.Interessante essa CRETEALC, não tinha informação sobre a mesma.
Forte abraço
Duda Falcão
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