sábado, 28 de novembro de 2009

CBERS, China e EUA

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O governo norte-americano continua a apontar o Programa Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS) como um projeto com aplicações militares. Já há alguns anos, este entendimento tem sido explicitado em relatórios do Pentágono, Forças Armadas e "think tanks" ligados ao governo. O relatório anual ao Congresso de 2009 sobre a força militar da República Popular da China ("Annual Report to Congress - Military Power of the People's Republic of China - 2009"), preparado pelo Departamento de Defesa, menciona explicitamente (página 26) o CBERS como satélite com aplicações militares:

"Reconhecimento: a China está operando sistemas avançados de imageamento, reconhecimento e recursos terrestres com aplicações militares. Examplos incluem os satélites Yagogan-1, -2, -3, -4, e -5, o Haiyang-1B, o CBERS-2 e -2B, e a constelação de satélites de monitoramento ambiental e de desastres Huanjing." ("Reconnaissance: China is deploying advanced imagery, reconnaissance, and Earth resource systems with military applications. Examples include the Yaogan-1, -2, -3, -4, and -5, the Haiyang-1B, the CBERS-2 and -2B satellites, and the Huanjing disaster/environmental monitoring satellite constellation.")

Um dos argumentos que sustentam a legislação ITAR (International Traffic in Arms Regulations), dos EUA, e suas restrições à compra de componentes espaciais e duais por institutos e indústrias brasileiras envolvidas no CBERS é justamente essa suposta aplicação militar pelo lado chinês. É interessante observar que o ITAR passou a ser bem mais rígido em razão de episódio em meados da década de noventa que envolveu a China: transferência de conhecimento técnico por indústrias espaciais norte-americanas sobre tecnologia de guiagem de foguetes por ocasião de sucessivas falhas nos lançamentos de foguetes chineses da família Longa Marcha.

Apesar do posicionamento americano sobre o viés militar de vários projetos espaciais chineses, há algumas semanas, durante visita de Barack Obama ao país asiático, foi divulgado comunicado conjunto sobre a intenção dos dois países em expandir a cooperação em matéria de ciência espacial, além de dar início a um "diálogo" sobre missões espaciais tripuladas. Alguns dias após a divulgação do comunicado, tornou-se público um relatório do Pentágono apontando uma escalada da China em casos de espionagem contra os EUA, com uso de métodos cada vez mais sofisticados, como guerra cibernética e técnicas mais elaboradas de recrutamento de espiões.
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Um comentário:

phobus disse...

As más leis são a pior espécie de tirania."
(Edmund Burke)
"A única coisa necessária para o triunfo do mal é que os homens bons não façam nada. "
(Edmund Burke)

O nosso Brasil ,mantido como um gigante em berço esplendido, por incompetencia dos administradores, para não dizer traido, nos torna sujeitos aos interesses das nações nucleareas, quando já poderiamos estar dentre as quatro nações soberanas nucleares do mundo. Não seria supresa que os E.U. faça algum acordo com os Chineses e excluam o Brasil na area espacial de satelites(cbers).