domingo, 31 de janeiro de 2010

"Fique por dentro": Política Espacial Brasileira

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Reproduzimos abaixo mensagem recebida do Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica, da Câmara dos Deputados, sobre o lançamento de área na internet com informações e dados sobre o Programa Espacial Brasileiro. Estes dados estão sendo usados para a elaboração de estudo sobre o programa nacional:

"A Câmara dos Deputados convida você para conhecer um pouco mais sobre a Política Espacial Brasileira.

Ao acessar o Fique por Dentro, na página da Câmara, você encontrará vasto material, como, legislação, textos eletrônicos e referências bibliográficas, reunidos em um só espaço, que possibilitará você entender um pouco mais a dinâmica e as prioridades de tema que instiga e fascina todos.

Acesse: http://www2.camara.gov.br/internet/fiquePorDentro/Temasatuais/politica-espacial-brasileira

Informamos ainda que, em meados de 2010, o Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica lançará publicação com propostas legislativas para o fortalecimento do setor. O relator do estudo no Conselho é o Deputado Rodrigo Rollemberg. Contribuições ao debate podem ser feitas por meio do Portal E-Democracia, na página da Câmara dos Deputados."

Para mais informações sobre os estudos sobre o Programa Espacial Brasileiro na Câmara dos Deputados, acessem a postagem "Discussões sobre Política Espacial no CAEAT".
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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Amazônia-1: RALCam 3 em risco

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Há algumas semanas, circula nos bastidores "espaciais" a informação de que a câmera inglesa RALCam 3, a ser fornecida pelo Rutherford Appleton Laboratory - Science & Technology Facilities Council (RAL-STFC) para o satélite de observação terrestre Amazônia-1, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), poderia não voar mais com o satélite brasileiro. A razão seria a necessidade de alteração na órbita do Amazônia-1, em cerca de 80 km, para a operação do imageador europeu, de alta resolução.

Em princípio, o satélite do INPE, que deve subir ao espaço a partir de 2012, deveria contar com dois sensores óticos: a RALCam 3, e a AWFI, carga útil principal atualmente em desenvolvimento pela indústria Opto Eletrônica, de São Carlos (SP).

O blog entrou em contato com o diretor do INPE, Gilberto Câmara, a fim de esclarecer oficialmente o assunto. Câmara respondeu: "Quanto ao Amazônia-1, temos dificuldades para incluir a RALCAM, devido aos custos adicionais necessários para compor a carga útil. Estamos em negociação com o governo do Reino Unido para compartilhar os custos adicionais."

Em breve, voltaremos a abordar este tema, dando mais informações.
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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

CDR dos CBERS 3/4

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Chineses e brasileiros revisam projeto do satélite CBERS

27/01/2010

Equipe da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST, na sigla em inglês) está no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), para a chamada Revisão Crítica do Projeto (CDR) dos satélites CBERS-3 e 4. As atividades serão realizadas nos dias 2 e 3 de fevereiro em conjunto pelos especialistas brasileiros e chineses.

O INPE é o responsável no Brasil pelo Programa CBERS (sigla para China-Brazil Earth Resources Satellite; em português, Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), parceria iniciada com a China em 1988 e que garantiu a ambos os países o domínio da tecnologia do sensoriamento remoto para observação da Terra. Segunda geração de satélites desenvolvidos pela parceria sino-brasileira, os CBERS-3 e 4 representam uma evolução dos satélites CBERS-1, 2 e 2B, este último lançado em setembro de 2007.

O Programa CBERS possui quatro principais segmentos, denominados Segmento Espacial – Satélite, Segmento de Controle, Segmento de Aplicações e Segmento do Veículo Lançador. A CDR tratará do primeiro, que consiste no satélite propriamente dito e suas interfaces com os outros Segmentos.

O objetivo da CDR é verificar se o projeto cumpre com os requisitos estabelecidos para o satélite e seus subsistemas, com as devidas margens de projeto, para atestar que a alternativa escolhida pelos engenheiros é correta. É também objetivo da CDR verificar as interfaces do satélite com os demais segmentos.

Modelos

Para chegar a esta etapa do projeto foram projetados, construídos e testados quatro modelos de satélites: Modelo Radioelétrico (RM); Modelo Estrutural (SM), Modelo Térmico (TM) e Modelo Elétrico (EM).

RM - o modelo radioelétrico do satélite possui as características radioelétricas (antenas, formas, superfícies). É construído e testado em campo de antenas para verificar diagramas de radiação e interferências.

SM – o modelo estrutural possui as características mecânicas do satélite, e tem como objetivo verificar se o satélite vai resistir aos esforços mecânicos impostos ao longo de sua vida útil, principalmente os esforços do lançamento. Esse modelo é submetido a testes estáticos e dinâmicos (vibração e acústico).

TM - é construído com as características térmicas do modelo de vôo e é submetido a teste de balanço térmico (TBT) em câmara termo-vácuo. O objetivo deste teste é verificar se todos os equipamentos e subsistemas suportarão as diferenças de temperatura durante a operação em órbita.

EM – o modelo elétrico é construído com equipamentos reais que são montados em uma estrutura representativa do satélite (modelos de engenharia) e tem como objetivo realizar a verificação dos requisitos funcionais de desempenho e a compatibilidade eletromagnética do satélite como um todo.

Os trabalhos dos modelos RM, SM e TM foram realizados no INPE e o do EM na CAST, na China.

Mais informações sobre o Programa CBERS no site www.cbers.inpe.br

Fonte: INPE
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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Jobim em Israel

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Encerra-se amanhã, 28 de janeiro, a viagem oficial do ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao Estado de Israel. Na sua pauta, constaram audiências com o presidente e primeiro-ministro israelenses, Shimon Peres e Benjamin Netanyahu, respectivamente, além de várias visitas e compromissos relacionados às áreas aeroespacial e de defesa. De acordo com a agenda oficial divulgada pelo Ministério da Defesa, na última segunda-feira (25), Jobim teria visitado a Israel Aerospace Industries (IAI), indústria aeroespacial estatal israelense, e hoje (27), as indústrias Rafael Advanced Defense Systems e Elbit Systems.

Segundo notícias vindas da imprensa local israelense, projetos de mísseis, veículos aéreos não-tripulados (VANTs) e satélites teriam sido apresentados ao ministro brasileiro, que nos últimos tempos passou a ser bastante assediado por fabricantes de todo o mundo, em razão de uma maior atenção do governo aos temas militares.

Companhias israelenses já fornecem sistemas aeroespaciais e de defesa para o Brasil há muitos anos. A Elbit Systems, por meio de sua subsidiária local, a Aeroeletrônica, fornece aviônicos para aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), além de estar envolvida em alguns projetos de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), como o CBERS. Em 2009, a IAI firmou parceria com o grupo brasileiro Synergy para a exploração de oportunidades no Brasil e em outros países da América do Sul, iniciativa esta que já teria rendido significativo contrato para o fornecimento de VANTs à Polícia Federal. A Rafael, por sua vez, além de já fornecer mísseis para a FAB, estaria considerando a aquisição de indústria brasileira para uma maior penetração no mercado nacional.

Não é de hoje o interesse israelense em fechar negócios espaciais com o Brasil, em especial da IAI, que tem em sua ampla gama de produtos satélites, cargas úteis e lançadores. Há anos, a IAI promove no País sua família de satélites de observação, e certamente, após a publicidade do interesse do Ministério da Defesa em dispor de seu próprio satélite (Projeto Sentinela), medidas mais concretas foram tomadas. Em maio de 2009, por exemplo, representantes da agência espacial e de indústrias israelenses estiveram na Câmara dos Deputados com o objetivo de discutir uma cooperação na área.
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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Nova edição de "Espaço Brasileiro" no ar

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A Agência Espacial Brasileira (AEB) disponibilizou em seu web-site a sétima edição da revista institucional "Espaço Brasileiro", referente ao trimestre de outubro a dezembro de 2009. Este número traz entrevista com o fundador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Brig. Aldo Weber Vieira da Rosa, além de reportagens sobre variados temas, como a Torre Móvel de Integração (TMI), do VLS-1, o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI). A matéria de capa, intitulada "Carreira no exterior", aborda o crescente interesse de agências espaciais estrangeiras por profissionais graduados no Brasil.

Para acessar a revista, disponível em arquivo PDF (22 megabytes), clique aqui.
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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Restrições do ITAR ao Programa Espacial Brasileiro

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O blog tem abordado com frequência as consequências da legislação ITAR (International Traffic in Arms Regulations), dos EUA, ao Programa Espacial Brasileiro. O assunto, aliás, é costumeiramente objeto de conversas em encontros do blog com autoridades do Programa brasileiro e indústrias nacionais e estrangeiras.

Desde o início do ano, o blog conversou com duas indústrias sobre as restrições impostas pelo ITAR, e alguns pontos mencionados merecem comentários. A regulação norte-americana não tem afetado apenas o programa CBERS, desenvolvido em parceria com a China, mas também outros projetos brasileiros de satélites, como o de observação terrestre Amazônia-1. Essa constatação, prática, diga-se de passagem, é no mínimo curiosa, já que as restrições dos EUA ao Brasil em matéria de satélites sempre foram muito direcionadas ao projeto com a China, por causa de problemas passados (vejam a postagem "A face comercial da ITAR", de março de 2009), e não aos projetos nacionais. O mesmo não ocorre, como já foi tratado aqui, com o programa de lançadores e foguetes brasileiros (vejam "Embargos dos EUA ao Programa Espacial Brasileiro"), em que restrições e vetos são de praxe.

O efeito prático do ITAR, contrariando a sua razão de existir, é que, além de prejudicar a indústria americana (a própria participação da Boeing na concorrência F-X2, da Força Aérea Brasileira, prejudicada pelas alegações do governo de que Washington não transfere tecnologia é exemplo), indústrias estrangeiras, em particular a europeia, se beneficiem (muitas vezes, com preços bem superiores) com novos clientes. Há exemplos também, inclusive no Brasil, de empresas que tiveram veto na compra de componentes dos EUA, e que por esta razão desenvolveram soluções locais.

Numa das conversas com o blog, um caso interessante, não associado ao ITAR, mas sim à paranoia americana foi relatado. Trata-se de empresa brasileira que tem seu IP bloqueado no acesso virtual ao web-site da biblioteca da National Aeronautics and Space Administration (NASA). Evidentemente, o bloqueio de nada adiantou, pois a empresa encontrou outro meio para acessar o banco de dados da agência espacial americana.
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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Balanço da EADS Astrium em 2009

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2009, um ano memorável para a Astrium


O CEO da Astrium, François Auque, apresentou nesta terça-feira (19), em Paris, os resultados do exercício de 2009 e as perspectivas da companhia para 2010, durante a entrevista coletiva anual à imprensa. A Astrium, subsidiária da EADS – European Aeronautic Defence and Space Company, em 2009 firmou contrato de mais de 4 bilhões de euros referentes a 35 lançadores Ariane 5. Foram colocados em órbita 14 satélites, graças a sete Ariane 5 fornecidos. Um destaque em 2009 foi o maior telescópio espacial lançado até hoje, o Herschel, além dos satélites de telecomunicações Hot Bird 10 e o Amazonas 2.

No setor de defesa, a Astrium concretizou com sucesso os testes do míssel balístico M51 e pôs em órbita para a França o demonstrador Spirale e o satélite de inteligência Hélios 2B, e para a Alemanha o satélite Comsat Bw 1. O ano foi marcado por um número impressionante de entregas satisfatórias em órbita: 6 satélites.

"2009 foi um ano recorde no que diz respeito aos satélites de telecomunicações, com sete novos pedidos representando um quarto do mercado mundial, graças particularmente ao contrato para quatro satélites no valor de mais de 500 milhões de euros assinado com a SES Astra no final de novembro. Também devemos ressaltar que os órgãos internacionais têm reconhecido a qualidade das nossas atividades de serviços, já que firmamos vários contratos nos Estados Unidos com a National Geospatial-Intelligence Agency (NGA) e, na Europa, com a Agência Europeia de Defesa (AED)”, afirmou Auque durante a coletiva.

Em 2010, a Astrium manterá seus esforços para efetuar as entregas dentro dos prazos dos seis lançadores Ariane 5, e já está trabalhando no Ariane 5 Midlife Evolution, resultado da assinatura de um contrato de dois anos de 150 milhões de euros com a Agência Espacial Europeia (ESA). "O Ariane 5 ME contará com uma maior capacidade de carga, e com o futuro Ariane 6 estaremos prontos para tornar realidade qualquer decisão europeia neste setor”, declarou François Auque.

2010 também deverá ser movimentado com a exportação de satélites de observação, com entregas previstas para a Argélia, Chile e Coréia do Sul. Neste último, o satélite COMS será o primeiro equipamento de última geração do país. As atividades ligadas aos satélites de telecomunicações também deverão ser intensas, com a continuidade dos trabalhos no Astra 3B, COMSAT Bw-2, Arabsat 5A & 5B, HYLAS e KA-SAT, o primeiro satélite europeu multibeam operando em banda Ka e voltado especialmente ao fornecimento de internet banda larga.

Astrium inova para o planeta Terra

A Astrium vem desenvolvendo com financiamento próprio tecnologias capazes de transferir energia solar para a Terra. Suas equipes altamente especializadas podem hoje fabricar grandes satélites com capacidade para coletar energia solar e redirecioná-la ao solo usando raios laser e espelhos especiais. Com os governos se movimentando para desenvolver energias limpas e inesgotáveis, a indústria europeia já oferece respostas concretas.

"Os satélites nos permitem diagnosticar em escala mundial a saúde do nosso planeta. Esse ano cinco satélites fabricados pela Astrium e destinados ao estudo do meio ambiente foram lançados em órbita. A tecnologia que estamos desenvolvendo representa avanços reais e com isso podemos oferecer aos governos soluções concretas como, por exemplo, na luta contra o desmatamento ou a agricultura de precisão”, explicou Auque.

Através de sua subsidiária Spot Infoterra, a Astrium está apta a medir com precisão a dinâmica do desmatamento e a degradação das matas, além das consequentes emissões de carbono, nas principais regiões florestais. Em uma parceria com a ONG brasileira NGO IMAZON, a Astrium já analisou a parte do estado do Mato Grosso na Floresta Amazônica e desenvolveu uma ferramenta que foi testada e aprovada na Conferência do Clima de Copenhague. Ela agora já está sendo usada nos projetos REDD (Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation). O objetivo é desenvolver o mercado de carbono de modo que os países com áreas florestais possam tomar consciência do valor que as florestas têm e deste modo protegê-las melhor.

Um contrato também foi assinado em Copenhague em dezembro do ano passado com a Agência de Desenvolvimento da França (AFD), que dará suporte a essas tecnologias para o monitoramento de florestas no Congo.

Sobre a Astrium

A Astrium é uma subsidiária da EADS dedicada a prover serviços e sistemas espaciais, civis e de defesa. Em 2008, a Astrium faturou cerca de 4,3 bilhões de euros e empregou mais de 15 mil pessoas na França, Alemanha, Reino Unido, Espanha e Holanda. Suas três áreas principais de atividade são: Astrium Space Transportation para lançadores e infraestrutura orbital, a Astrium Satellites para satélites e segmento terreno e a Astrium Services para o desenvolvimento e fornecimento de serviços por satélite. Mais informações: www.astrium.eads.net

Sobre a EADS

O Grupo EADS é líder mundial nos segmentos aeroespacial, de defesa e serviços relacionados. Em 2008, faturou 43,3 bilhões de Euros e empregou cerca de 118 mil pessoas. Além da Astrium, o Grupo inclui a Eurocopter, a Airbus, a Airbus Military e a divisão Defesa & Segurança. No Brasil, a EADS está presente através da Helibras, EADS Brasil, EADS Secure Networks Brasil e de escritórios de representação da Airbus Military e da Spot Image. Também é acionista da Equatorial Sistemas. Mais informações: www.eads.com.br

Fonte: EADS

Comentário: para saber mais sobre a EADS Astrium no Brasil, acessem a postagem "VP da EADS Astrium para o Brasil", ou busquem pelo argumento EADS na ferramenta de pesquisa do blog, no canto superior direito.
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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

"Um satélite meteorológico para o Brasil"

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Carlos Ganem

A capacidade autônoma de prever o tempo e o clima é essencial para um país como o Brasil. Seja pela sua extensão territorial, de 8,5 milhões de quilômetros quadrados; pela atividade econômica largamente baseada na agricultura, na pecuária e na pesca; como também para garantir a segurança alimentar e a capacidade de exportar.

Além disso, não podemos esquecer de que as previsões meteorológicas nos ajudam a prever e a evitar os efeitos das catástrofes naturais que causam perdas de vidas humanas, de valor incalculável, de patrimônio e de infraestrutura avaliados em bilhões de reais. Os cenários de mudanças climáticas nos levam a crer, ainda, que fenômenos como enchentes, tempestades e ciclones, por exemplo, serão cada vez mais frequentes e severos no Brasil e no mundo.

Neste mesmo contexto, o recente episódio da substituição do satélite meteorológico americano Goes-10 (cedido ao Brasil pelos Estados Unidos) pelo Goes-12, que servirá aos dois países, levantou uma série de questões que têm sido debatidas nos meios governamentais, científicos e pela imprensa.

O primeiro ponto a considerar é que o novo satélite deverá partilhar o tempo de imageamento entre os Estados Unidos e o Brasil e, em caso de eventos extremos ou catástrofes por lá, as imagens nos serão fornecidas a cada três horas. Tempo considerado demasiadamente longo pelos nossos meteorologistas. Outra questão é a da posição orbital onde se encontra o Goes-12, que, pelo mesmo motivo do compartilhamento, não é a mais indicada para cobrir o território nacional.

Daí a necessidade de, além de assegurar o fornecimento imediato de imagens meteorológicas - o que já foi feito por meio do acordo Brasil-Estados Unidos para uso do Goes-12 -, providenciar meios autônomos de imageamento.

Nesse sentido, a Agência Espacial Brasileira (AEB), autarquia vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), iniciou em 2008 diversas ações. Entre elas se destacam acordos com a França e os Estados Unidos para a participação brasileira no programa Global Precipitation Measurement (GPM) de estudos sobre as precipitações (chuvas) em nível global. Do mesmo modo, o estudo de viabilidade para a construção de um satélite geoestacionário para comunicações estratégicas e meteorologia, que poderá ser desenvolvido por meio de parceria público-privada.

Esse satélite deverá ser projetado e desenvolvido no Brasil. Com efeito, o Programa Nacional de Atividades Espaciais (Pnae), sob coordenação da AEB, tem entre seus objetivos o fortalecimento e a capacitação de nossa indústria espacial, o domínio das tecnologias espaciais e sua utilização em benefício da sociedade brasileira.

O projeto de um satélite meteorológico geoestacionário nacional atende plenamente às metas do nosso programa espacial. Trata-se de prioridade nacional e de conquista de autonomia e de soberania para o País.

Ademais, o desafio tecnológico de projetar e construir tal satélite geoestacionário envolve a mobilização da indústria e dos institutos de pesquisa da área espacial, sem descartar a possibilidade de parceria e cooperação internacionais.

Nossa indústria tem respondido com competência e eficiência às demandas do programa espacial em projetos de vulto, como o do Satélite de Coleta de Dados (SCD), primeiro satélite nacional, ou do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers), desenvolvido em cooperação com a China - ambos sob coordenação técnica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ela se fortalecerá ainda mais com o novo projeto.

O Brasil tem agido responsavelmente ao assegurar o fornecimento de imagens meteorológicas via acordos internacionais e mesmo ao cogitar a compra de um satélite. Essas ações não excluem, entretanto, o desenvolvimento nacional de um satélite meteorológico, que representa, ao mesmo tempo, soberania, autonomia, domínio tecnológico, capacitação industrial e oportunidade de negócios estratégicos.

Finalmente, tal projeto fortalecerá nossa posição de liderança espacial na região sul-americana e representará excelentes oportunidades de negócios no fornecimento de imagens e serviços meteorológicos e mesmo de satélites ou equipamentos espaciais, num mercado internacional que movimenta em torno de US$ 280 bilhões por ano. (Fonte: OCDE, relatório 2008.)

Carlos Ganem é presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB)

Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo, edição de 17/01/2010
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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Ativos ucranianos para o capital da ACS

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De acordo com notícia divulgada pela agência de notícias russa Interfax (leiam aqui), o gabinete de ministros da Ucrânia apoioi a proposta da agência espacial do país (NSAU, sigla em inglês) para a transferência de ativos intangíveis do escritório de projetos Pivdenne para a companhia binacional Alcântara Cyclone Space (ACS). Os ativos, que incluem informações do projeto e desenho do lançador Cyclone 4, estão avaliados em 15,54 milhões de dólares.

O aporte ucraniano na ACS não envolve recursos financeiros, uma vez que a transferência de ativos é uma das formas de se integralizar o capital subscrito numa companhia. Até o momento, não foi possível obter maiores informações sobre a natureza da integralização e também sobre os ativos conferidos ao capital social da ACS, mas um ponto já chama a atenção. A ACS foi criada com o propósito de comercializar e ser operadora do binômio espacial Cyclone 4 / Centro de Lançamento de Alcântara. Em teoria, a empresa binacional não deveria ser proprietária de ativos relacionados ao projeto do lançador, qualidade que caberia ao fabricante e projetista do foguete.

Uma possibilidade é que o lado ucraniano tenha visto na conferência de bens ao capital social da ACS uma forma de atender com as suas obrigações financeiras. As dificuldades de Kiev em obter recursos para aportar na ACS já são publicamente conhecidas há algum tempo, mas ganharam maior destaque na época da visita do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Ucrânia, no início de dezembro de 2009 (leiam "Visita de Lula à Ucrânia: ACS").
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SISCOMIS no Haiti

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Segundo notícias vindas de agências internacionais, a terrível tragédia que atinge o Haiti desde a tarde de terça-feira passada (12) destruiu grande parte do sistema de comunicações do país, um dos mais pobres do mundo. Ontem, circularam informações de que os contatos iniciais do governo do Brasil com a missão de paz brasileira no Haiti, a serviço da Organização das Nações Unidas (ONU), eram feitos por meio de "instrumentos de comunicação militar." Trata-se do Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS), operado pelo Ministério da Defesa e que possibilita transmissão de voz e dados numa área que se estende da Antártida até o Caribe.

Já há algum tempo, um terminal do SISCOMIS é operado do Haiti, permitindo o tráfego de informações entre o comando no país caribenho e o governo brasileiro. É possível que a disponibilidade do sistema do Ministério da Defesa tenha permitido a adoção de medidas rápidas por parte de Brasília (DF).

Apoio internacional

Algumas grandes operadoras de comunicações via satélite e organizações internacionais, como a Télécoms Sans Frontières (TSF) estão dando apoio material e técnico na tragédia. A TSF, por exemplo, enviou equipes com sistemas móveis de comunicações (terminais BGAN, da Inmarsat) e pequenos terminais terrestres para estabelecer redes de contato entre equipes de busca, resgate e apoio coordenadas pela ONU.
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