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Alguns comentários do blog Panorama Espacial sobre o artigo "Programa Espacial Brasileiro: impasses e alternativas", de Roberto Amaral, diretor-geral da Alcântara Cyclone Space (ACS) e ex-ministro de Ciência e Tecnologia:
Curiosa a posição de Amaral em defender a Ucrânia e o Canadá como os parceiros ideais para o Brasil em matéria espacial. A Ucrânia é defendida, por razões óbvias, afinal, é parceria no projeto da ACS. Surpreendente seria se Amaral defendesse outra alternativa em se tratando de lançadores. Mas, em seu artigo, o dirigente brasileiro ignorou alguns elementos-chave na parceria com a Ucrânia, como o fato do acordo não envolver transferência de tecnologia (ou mesmo desenvolvimento tecnológico local, como acontece com o programa CBERS, projeto que critica), e também a crescente dependência ucraniana da Rússia e mesmo de outros países no campo espacial. Até onde se sabe, o sistema inercial e outros componentes críticos do Cyclone 4 são fabricados na Rússia, o que teria exigido, inclusive, a assinatura de um acordo de proteção tecnológica (algo similar a um acordo de salvaguardar tecnológicas) em junho de 2009 entre Kiev e Moscou (veja aqui).
Sobre a defesa do Canadá como parceiro ideal do Brasil em satélites, o blog especula que existe aí certa influência dos ares ucranianos. Isto por que a Ucrânia possui um acordo com o Canadá para a construção de um satélite de comunicações. Inclusive, tempos atrás circularam rumores de que ucranianos e canadenses, em conjunto, aproveitando-se da relação já estabelecida da Ucrânia com o Brasil, estariam tentando um acordo para a venda de um satélite de comunicações (SGB) para o governo brasileiro. Ainda, Amaral também ignora alguns pontos sobre o programa e a indústria espacial do Canadá. Em 2008, por muito pouco, a MDA, principal indústria espacial canadense, não foi comprada pela norte-americana ATK (veja aqui). A ATK, a propósito, que por mero acaso manteve (ainda mantém?) contatos com os ucranianos para a construção conjunta de um sítio de lançamentos do Cyclone 4 nos EUA (leia mais aqui)
A venda da MDA para os americanos só não avançou em razão de veto do governo canadense. Ainda assim, a empresa tem forte dependência dos EUA, tanto como fornecedor de tecnologia e componentes como por ser um grande cliente.
Para alguns integrantes da comunidade espacial brasileira, algo que chamou positivamente a atenção no artigo foi sua posição sobre o modelo institucional para o Programa Espacial Brasileiro (PEB), que não seria o mais adequado para o seu desenvolvimento. O ex-ministro da Ciência e Tecnologia cita a existência de vários órgãos (AEB, INPE, ACS e IAE/DCTA) e a falta de uma agência central [nota do blog: em teoria, esta tarefa deveria ser exercida pela AEB, mas o arranjo atual não permite isto]. A opinião de Roberto Amaral, aliás, está muito alinhada com a visão para o PEB divulgada pela Associação Aeroespacial Brasileira (AAB), em dezembro de 2010.
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