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A Folha de S. Paulo de hoje (18) traz uma reportagem noticiando que o atual diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Gilberto Câmara, deixará seu cargo no final do ano, em dezembro. A reportagem cita como motivos o descontentamento de Câmara com a parceria com a Ucrânia no projeto da Alcântara Cyclone Space, e frustrações do dirigente com a não renovação do quadro do INPE e os rumos que o Programa Espacial Brasileiro deve tomar com a restruturação ora em discussão. O que se comenta é que haveria outros.
Já há alguns meses, desde ao menos de junho, que se especulava sobre a possível saída de Câmara, por razões variadas, dentre elas a perda de apoio em vários setores relacionados ao Programa Espacial. Mais adiante, à medida que as informações fiquem mais claras, o blog detalhará o acontecimento e as perspectivas para a seleção do novo diretor.
Embora a seleção caiba a um comitê de busca formado por especialistas, inclusive externos, em Ciência & Tecnologia, Aloizio Mercadante e Marco Raupp devem ter um importante papel no processo, com a oportunidade de alinhar as atividades e planejamento estratégico do Instituto com a revisão do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) e com outras iniciativas das quais a atividade espacial é um dos mais importantes componentes.
Sobre sua saída e a matéria da Folha, Câmara, que está na China acompanhando a comitiva do ministro Aloizio Mercadante, divulgou uma nota de esclarecimento, a qual reproduzimos abaixo:
Esclarecimento
Em relação à matéria publicada, hoje, 18 de agosto, na Folha de São Paulo, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara, esclarece:
Estimados Senhores,
Matéria publicada na Folha de 18.8.2011 noticia meu pedido de afastamento da direção do Inpe e atribui minha saída a divergências com o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Dr. Marco Antonio Raupp. Trata-se de uma afirmação que não corresponde aos fatos presentes e passados.
Tenho grande respeito por Marco Raupp, fruto de 25 anos de convivência. Raupp sempre defendeu o desenvolvimento da ciência e tecnologia brasileiras em todos os cargos públicos que ocupou. Quando foi diretor do Inpe, de 1985 a 1988, criou o programa de satélites sino-brasileiros (Cbers) e o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), duas iniciativas de grande benefício para o Brasil e que o Inpe realiza até hoje. Raupp deu grande contribuição como gestor na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no Parque Tecnológico de São José dos Campos, no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e no Instituto Politécnico do Rio de Janeiro.
Tenho plena confiança de que a gestão de Raupp na Agência Espacial Brasileira será marcada por um aumento nos orçamentos e nos recursos humanos do programa espacial, em coerência com seu histórico de serviços ao País. Raupp é um grande cientista brasileiro e merece o respeito da sociedade.
Minha saída do Inpe se deve à exaustão causada pela luta diária com uma legislação e com estruturas institucionais totalmente inadequadas a instituições de C&T. Soma-se a frustração pela falta de renovação dos quadros do Inpe. É muito desgastante saber que o Brasil corre o risco de perder os excelentes serviços que o Inpe presta à sociedade. Nossos melhores especialistas têm mais de 30 anos de casa e podem se aposentar a qualquer momento. Confio na sensibilidade do ministro Aloizio Mercadante e do Dr. Raupp para conseguir soluções adequadas para que o Inpe continue a ser uma instituição de excelência e um orgulho para o Brasil.
Pequim, 18 de agosto de 2011
Gilberto Câmara
Diretor do Inpe
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