sábado, 20 de agosto de 2011

Qualidade da tecnologia espacial russa em xeque

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Na última quinta-feira (18), o programa espacial russo encarou um novo fracasso, acontecimento que terá reflexos também no âmbito comercial. Por causas ainda desconhecidas, o lançador Proton M (foto acima) falhou ao colocar o satélite de comunicações Express-AM4 na órbita correta, supostamente por uma falha de seu estágio superior, o Breeze M.

Em dezembro de 2010, um Proton com um estágio superior Block DM carregando três satélites de posicionamento da família Glonass não alcançou seu objetivo. As investigações revelaram que a razão foi o excesso de combustível no estágio superior, ocasionado por falha humana, o que resultou na demissão de alguns dirigentes da agência espacial russa (Roscosmos). Em fevereiro deste ano, ocorreu um novo problema envolvendo o Breeze M, desta vez num lançador de menor porte, o Rockot (derivação do míssil intercontinental SS-18 Stiletto, designação OTAN), também colocando um satélite governamental russa numa órbita mais baixa do que a planejada.

Falhas em missões de lançamento não são raras e fazem parte de qualquer programa espacial, mas a Rússia parece enfrentar sérios problemas relacionados a confiabilidade e qualidade de sua tecnologia espacial, inclusive no campo de lançadores, área em que historicamente tem um domínio bastante acentuado.

Reflexos comerciais

No campo comercial, o Proton/Breeze M é comercializado e operado pela International Launch Services (ILS), que tem algumas missões previstas em seu manifesto para 2011, sendo duas no próximo mês de setembro: os satélites de comunicações QuetzSat-1, da SES de Luxemburgo, e ViaSat-1, da norte-americana ViaSat. Ambas as missões já estavam com cronogramas atrasados, prejudicando as previsões de receita das operadoras, e devem ficar suspensas até a apuração da nova falha. No caso do ViaSat-1, fabricado pela Space Systems/Loral, foram dois os motivos de atraso: o derramamento acidental de fluido hidráulico sobre o satélite (!), e a falha na abertura de um dos painéis solares do Estrela do Sul 2, o que provocou a suspensão do voo de todos os modelos da família da Loral até a identificação da causa do defeito.

Como de costume no mercado, as falhas em satélites e lançadores também resultam em acréscimos nos valores dos prêmios cobrados nos seguros, e ameaçam a posição da ILS na competição pelo mercado de lançamentos geoestacionários frente a outros concorrentes, como a europeia Arianespace.
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